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11 de novembro de 2013

“A crise exige que se eliminem as barreiras da injustiça”: Papa Francisco no prefácio ao livro do Cardeal Bertone


O verdadeiro desafio para o futuro da humanidade é a construção de uma paz e um desenvolvimento que não excluam ninguém - assim afirma o Papa Francisco no seu prefácio ao livro do Cardeal Bertone intitulado
"A diplomacia pontifícia num mundo globalizado" (publicado pela Livraria Editora do Vaticano), que será apresentado na terça-feira às 17:00hs , na Nova Sala do Sínodo, no Vaticano.

A crise global que estamos a viver – escreve o Papa Francisco – obriga-nos a "eliminar as muitas barreiras que substituíram as fronteiras: desigualdades, corrida aos armamentos, subdesenvolvimento, violação dos direitos fundamentais, discriminações, impedimentos à vida social, cultural, religiosa". O nosso futuro, de facto, não deverá falar apenas "a linguagem da paz e do desenvolvimento", mas deverá ser capaz de "incluir todos, na prática, evitando que alguém fique na margem".

Neste contexto - diz o Papa - a diplomacia é "um serviço, não uma atividade refém de interesses particulares cuja lógica mas amarga consequência são as guerras, os conflitos internos e as diferentes formas de violência; nem instrumento das exigências de poucos que excluem as maiorias, geram a pobreza e a marginalização, toleram qualquer tipo de corrupção, produzem privilégios e injustiças".

"A profunda crise de convicções, de valores, de ideias – observa ainda o Pontífice – oferece à atividade diplomática uma nova oportunidade, que é ao mesmo tempo um desafio. O desafio de concorrer para realizar entre os diferentes povos novas relações verdadeiramente justas e solidárias em que todas as nações e todas as pessoas são respeitadas na sua identidade e dignidade, e promovidas na sua liberdade".

"Diante desta globalização negativa e paralisante – sublinha o Papa - a diplomacia é chamada a realizar uma tarefa de reconstrução redescobrindo a sua dimensão profética, determinando aquela que podemos chamar a utopia do bem, e reivindicando-a, se necessário". "A verdadeira utopia do bem, que não é uma ideologia nem apenas filantropia, através da acção diplomática pode exprimir e consolidar aquela fraternidade presente nas raízes da família humana, e de lá chamada a crescer e expandir-se para dar os seus frutos".

E’ necessário quebrar "a lógica do individualismo". Neste sentido - continua o Papa - "a perspectiva cristã sabe avaliar aquilo que é autenticamente humano e o que nasce da liberdade da pessoa, da sua abertura ao novo, em última análise, do seu espírito que une a dimensão humana à dimensão transcendente. Esta é uma das contribuições que a diplomacia pontifícia oferece a toda a humanidade, trabalhando para fazer renascer a dimensão moral nas relações internacionais, e que permite à família humana de viver e desenvolver-se em conjunto, sem tornar-se inimigos uns dos outros". "É a rejeição da indiferença ou de uma cooperação internacional fruto do egoísmo utilitário, para fazer pelo contrário alguma coisa para os outros através de órgãos comuns".

Na verdade – escreve o Papa Francisco - "não será fazendo prevalecer a razão de Estado ou o individualismo que vamos eliminar os conflitos ou dar aos direitos da pessoa a justa colocação. O direito mais importante de um povo e de uma pessoa não está no facto de não ser impedido de realizar as suas próprias aspirações, mas de realizá-las efetiva e integralmente. Não basta evitar a injustiça, se não se promove a justiça".
O Papa recorda o serviço do Cardeal Bertone como Secretário de Estado "em apoio generoso e fiel" do pontificado de Bento XVI: "a sua pacata e madura experiência de servidor da Igreja - escreve - também ajudou a mim, chamado para a Sé de Pedro de um país distante, para o lançamento de um conjunto de relações institucionais necessárias para um Pontífice".

E depois conclui: "a história, cuja medida é a verdade da cruz, tornará evidente a intensa ação do Cardeal Bertone, que também demonstrou de ter um carácter piemontês do grande trabalhador que não economiza fadigas na promoção do bem da Igreja, preparado cultural e intelectualmente por uma serena força interior que recorda as palavras do Apóstolo dos gentios : "de nada mais nos gloriaremos a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo,: Ele é a nossa salvação, vida e ressurreição; por meio d’Ele todos fomos salvos e resgatados" (Gálatas 6, 14).

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