.

.

26 de outubro de 2011

Existe poder soberano?

O grande S. Tomás de Aquino, na sua monumental obra “Suma Teológica”, ensina que a criatura humana, dotada de razão, está submetida à Divina Providência. Por isso o decálogo do Criador é intocável, por estar vinculado à lei natural. Nenhum poder humano pode estabelecer leis que entrem em choque com essa lei originária, como por exemplo, permitir apoderar-se de propriedade alheia legítima, autorizar o homicídio, aprovar a infidelidade conjugal. Há leis morais que não dependem do nosso querer. São tão sábias que se tornam imperativo categórico, emparelhando com as leis da física. “A lei do Senhor é perfeita” (Sl 19, 7). Se alguém acha que o poder público está acima do direito natural, está lhe conferindo uma autoridade soberana. Nem o poder judiciário está acima da ordem natural. Só Deus é soberano. “Nem o príncipe, nem o imperador são realmente soberanos” (Maritain). Nem tão pouco é soberana a vontade do povo, quando quer seguir caprichos. A lei injusta, ou contrária à reta ordem, mesmo que exprima a vontade da maioria, não tem valor de lei. Assim se evitam os males à comunidade. A Igreja está relacionada com a sociedade. O filósofo agnóstico Habermas advertiu o mundo, diante do cardeal Ratzinger, que todos deveriam ouvir mais a Igreja, porque ela é movida por reta intenção, e tem experiência em assuntos humanos. A atual secularização da sociedade leva a catástrofes. Sabemos que o ser humano tem inteligência ordenadora, para tornar o convívio humano voltado para o bem comum. Por isso os legisladores podem produzir leis para um melhor convívio. Mas falece-lhes autoridade para minar a família tradicional, concedendo privilégios descabidos a outros grupos. Os legisladores não tem o poder de “criar”. Não tem o poder de classificar o cachorro e o gato como se fossem da mesma espécie. “E Deus viu que tudo o que fizera era muito bom” (Gn 1, 31). Não queiramos fazer coro com a ONU, nem com certos juízes desorientados, quando procuram relativizar a união conjugal entre um homem e uma mulher. Os legisladores tem poder subsidiário, diante das leis eternas. Estas, sim, são soberanas, porque vem do Criador. DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN

Os Sacramentos agem no inconsciente?

Em conversa com distinta psicóloga de Brasília, levantamos a questão sobre a eventual ação dos sacramentos da Igreja no âmbito profundo da alma, influência que está fora do comando direto da consciência. Eu dizia que muitos pais estão certos quando desejam o batismo de seus filhos, em tenra idade.
Mesmo que pensem menos na graça santificante, e na inserção no corpo da Igreja - que é o apanágio dos filhos de Deus - e mais num efeito psicológico no inconsciente.
Essa não é uma preocupação primordial da prática sacramental. 
Mas pode ser um mimo do Pai Eterno para com seus filhos, que não pode ser desprezado.
A criança que é batizada, está junto à sua família e junto com outros membros da comunidade.
Assim ela “descobre” que é muito importante. “Sabe” que é amada por todos. 
Não é amada só pela sua família, mas também pelos outros: padrinhos, Padre, equipe celebrativa. 
Sabe que o Poderoso gosta dela. Conclusão da criança: “todos gostam de mim”.
Podemos desejar melhor consciência de autoestima do que esta? 
Poderíamos aprofundar o imenso benefício psicológico da santa Confissão, no espírito dos Fiéis. 
Ela pode nos levar a termos confiança em nós, porque o Pai nos dá uma nova chance, perdoando tudo. 
É como se nos disséssemos a nós mesmos: “com a graça de Deus, eu vou conseguir vencer o mal, e vou ser um bom cristão”. 
A psicóloga, no entanto, se fixou ainda em outro sacramento da Igreja, que traz imensos benefícios aos Fiéis: é o matrimônio. Primeiro, olhando o vácuo espiritual de quem “não se casa na Igreja”, sobretudo podendo fazê-lo. 
A tais pessoas se repete o pensamento de frustração. Convencem-se de que falta alguma coisa.
Que a família que tem é muito boa, e a alegria dos filhos lhes causa prazer legítimo. 
Mas ainda não é tudo. Por outro lado, o casal que se recebe pelo sacramento do matrimônio, tem um sentimento de plenitude. Sabe que sua união é desejada pela sociedade. 
Todos depositam suas esperanças nesse casal. 
A Igreja lhes dá, em nome de Cristo, as bênçãos, para superar com mais galhardia, os problemas que a vida de família sempre pode trazer. 
E que grande autoestima para o casal saber que são participantes da obra de Deus Criador, quando geram e educam os seus filhos. 

Fonte: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN

22 de outubro de 2011

Faça você também a sua doação para o TELETON

AJUDE AS CRIANÇAS ESPECIAIS QUE PRECISAM DA AJUDA DA AACD!


FAÇA A DIFERENÇA NA VIDA DESSAS CRIANÇAS!


VOCÊ PODE DOAR PELO SITE:


WWW.TELETON.ORG.BR

14 de outubro de 2011

O Purgatório na Bíblia


 

Muitos me perguntam onde está na Bíblia o Purgatório? 
Ele é uma exigência da razão e mesmo da caridade de Deus por nós. 
A palavra “Purgatório” não existe na Bíblia, foi criada pela Igreja, mas a realidade, o “conceito doutrinário” deste estado de purificação existe amplamente na Sagrada Escritura como vamos ver. 
A Igreja não tem dúvida desta realidade por isso, desde o primeiro século reza pelo sufrágio das almas do Purgatório.

1 - São Gregório Magno (†604), Papa e doutor da Igreja, explicava o Purgatório a partir de uma palavra de Jesus:
 “No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,31).
 Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro” (Dial. 41,3). O pecado contra o Espírito Santo, ou seja a pessoa que recusa de todas as maneiras os caminhos da salvação, não será perdoado nem neste mundo, nem no mundo futuro. Mostra o Senhor Jesus, então, neste trecho, implicitamente, que há pecados que serão perdoados no mundo futuro, após a morte.

2 - O ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus do Antigo Testamento; cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. 
Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. 
“Então encontraram debaixo da túnica de cada um dos mortos objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia, coisas proibidas pela Lei dos judeus. Ficou assim evidente a todos que haviam tombado por aquele motivos… puseram-me em oração, implorando que o pecado cometido encontrasse completo perdão… Depois [Judas] ajuntou, numa coleta individual, cerca de duas mil dracmas de prata, que enviou a Jerusalém para que se oferecesse um sacrifício propiciatório. Com ação tão bela e nobre ele tinha em consideração a ressurreição, porque, se não cresse na ressurreição dos mortos, teria sido coisa supérflua e vã orar pelos defuntos.
 Além disso, considerava a magnífica recompensa que está reservada àqueles que adormecem com sentimentos de piedade. Santo e pio pensamento! Por isso, mandou oferecer o sacrifício expiatório, para que os mortos fossem absolvidos do pecado” (2Mc 12,39-45).

O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: “Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado”. (2 Mac 12,44s) .
Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé. Cometeram uma falta que não foi mortal.

Fica claro no texto de Macabeus que os judeus oravam pelos seus mortos e por eles ofereciam sacrifícios, e que os sacerdotes hebreus já naquele tempo aceitavam e ofereciam sacrifícios em expiação dos pecados dos falecidos e que esta prática estava apoiada sobre a crença na ressurreição dos mortos. E como o livro dos Macabeus pertence ao cânon dos livros inspirados, aqui também está uma base bíblica para a crença no Purgatório e para a oração em favor dos mortos.

3 - Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. 
Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E S. Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. 
Se a obra resistir, o seu autor “receberá uma recompensa”; mas, se não resistir, o seu autor “sofrerá detrimento”, isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador “se salvará, mas como que através do fogo”, isto é, com sofrimentos.

4 - Na passagem de Mc 3,29, também há uma imagem nítida do Purgatório:”Mas, se o tal administrador imaginar consigo: ‘Meu senhor tardará a vir’. E começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar (…) e o mandará ao destino dos infiéis. 
O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes.” (Lc 12,45-48). É uma referência clara ao que a Igreja chama de Purgatório. Após a morte, portanto, há um “estado” onde os “pouco fiéis” haverão de ser purificados.

5 - Outra passagem bíblica que dá margem a pensar no Purgatório é a de (Lc 12,58-59): “Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo.”

O Senhor Jesus ensina que devemos sempre entrar “em acordo” com o próximo, pois caso contrário, ao fim da vida seremos entregues ao juiz (Deus), nos colocará na “prisão” (Purgatório); dali não sairemos até termos pago à justiça divina toda nossa dívida, “até o último centavo”. Mas um dia haveremos de sair. 
A condenação neste caso não é eterna. A mesma parábola está´ em Mt 5, 22-26: “Assume logo uma atitude reconciliadora com o teu adversário, enquanto estás a caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. 
Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo” . A chave deste ensinamento se encontra na conclusão deste discurso de Jesus: “serás lançado na prisão”, e dali não se sai “enquanto não pagar o último centavo”.

6 - A Passagem de São Pedro 1Pe 3,18-19; 4,6, indica-nos também a realidade do Purgatório:
”Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados (…) padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos na prisão, aqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes (…).” 
Nesta “prisão” ou “limbo” dos antepassados, onde os espíritos dos antigos estavam presos, e onde Jesus Cristo foi pregar durante o Sábado Santo, a Igreja viu uma figura do Purgatório. O texto indica que Cristo foi pregar “àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes”. Temos, portanto, um “estado” onde as almas dos antepassados aguardavam a salvação. 
Não é um lugar de tormento eterno, mas também não é um lugar de alegria eterna na presença de Deus, não é o céu. È um “lugar” onde os espíritos aguardavam a salvação e purificação comunicada pelo próprio Cristo.

Fonte: Prof. Felipe Aquino

Vocação: Chave existencial para a vida feliz



Vocação é um tema que polariza a reflexão e a prática pastoral da Igre­ja Católica no Brasil durante o mês de agosto: "mês vocacional". As comunidades cristãs se envolvem de algum modo na Pastoral Vocacional com orações e reflexões. Principalmente os jovens. Ilu­mina-se ainda mais o sentido humanitário das profissões exercidas pêlos cristãos na sociedade. Isso já é uma inestimável contribuição à consciência social sobre o valor da vida como serviço aos irmãos.

Acredito que Vocação é outra palavra para se dizer: felicidade. Toda pessoa é vocacionada a ver assim a sua vida: descobrir como ser feliz nela. Na Bíblia vocacionar é chamar. Uma chamada à espera de respos­ta. Uma chamada nominal. O nome indivi­dualiza e distingue.

O nome torna alguém insubstituível como tal perante os outros. Fomos chamados e temos um nome. A primeira vocação é a existencial ou o chama­do a viver. É pessoal e é comum. Eis aí o primeiro direito inalienável e irrevogável, a começar da concepção do feto no seio da mãe. Implica os demais direitos inerentes ao pleno desenvolvimento e à plena dignidade humana de qualquer pessoa: saúde, edu­cação, comunhão em todos os bens da cul­tura.

Toda pessoa é propensa a estar ciente do dom que é a sua vida. Percebe que precisa dar a ela um sentido único e pessoal. Descortina inúmeras possibilidades. Torna-se infinito o horizonte da existência terrena. A vida não é só a realidade física, bioló­gica e orgânica. Ë vida acolhida, pensada e. produzida numa experiência pessoal irre­nunciável e irrepetível. É a descoberta de si no crescimento, nas tendências e habilida­des em servir. Ser útil. Por isso é triste ver alguém alienado, alheio, fechado em si e omisso quanto à responsabilidade em viver.

E em construir de modo racional o seu "ser vivente com os outros". Alienar-se é cair num estado vegetativo ou ilusório. Tantas serão as frustrações e ilusões quantas as fugas e omissões! Um poeta brasileiro definiu num só versinho o que é viver em ilusões:

"Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu/ Quem não sen­tiu o frio da desgraça/ Quem passou pela vida e não sofreu/ Foi espectro de homem não foi homem/ Só passou pela vida, não viveu" (Francisco Otaviano).

Outra fuga absurda é a revolta de quem diz "eu não pedi para nascer". A afirmação não é só ignorân­cia. Revela uma personalidade alienada, inconsciente do seu valor maior: a vida!

No íntimo do ser humano a vocação é resposta ao impulso interior, que faz alguém sair de si para se encontrar nos outros. Aí está, digamos assim, o DNA da sua felici­dade. Este é o caminho e é a aventura que nos realizam como pessoas. Não é coisa fácil nem "branca nuvem" nem a ilusão de: "a gente vai levando essa vida". Curtir pode ser moda. Mas é o gatilho que dispara o consumismo inconseqüente, além da preguiça institucionalizada.

A despreocupação com o amanhã ou com as dificuldades, apenas mascara a incompetência de lutar, de ser bom, de ser responsável. Enfim, de querer vencer! A propaganda seduz, mas não cria o sucesso. Ela tem um vício insanável: o di­nheiro antes de tudo! Este jamais será garan­tia de felicidade vocacional.

Em si mesma a vida é uma questão da fé!

Fonte: Pe. Antônio Clayton Sant´anna, C.SS.

8 de outubro de 2011

Pecado e Restauração

O projeto de Deus é um projeto de vida.

A vida se traduz, entre outras coisas, na justiça que gera a paz.
Nesse caso, a serpente representa a tentação humana de se desviar do que é reto e bom e se deixar levar por interesses fugazes, que são agradáveis somente na aparência.

Jesus realiza a justiça do Reino vencendo a tentação da abundância, prestígio e poder.
Podemos nós também vencer a tentação do acúmulo e do poder. Podemos realizar a justiça do Reino.

Deus nos deu discernimento, sabedoria e fortaleza, só que, às vezes nos deixamos levar por nosso lado fraco.
O Apóstolo Paulo afirma que o Batismo é o nascimento para uma vida nova, pois é participação na morte e ressurreição de Jesus. Com isso, desaparece o “Adão”, marcado pela ganância e autossuficiência, para dar lugar à nova maneira de ver e sentir a vida humana, baseada na fraternidade e na justiça, que geram a paz.
O tempo da graça é infinitamente superior ao regime da escravidão e da morte, pois “não acontece com a graça o mesmo que acontece com a falta. Portanto, se pela falta de um só, todos morreram, com maior razão se espalhou sobre todos com abundância, a graça de Deus e o dom concedido em um só homem, Jesus Cristo”.
Cada um de nós traz Adão na sua carne.
Ele é nosso pai, irmão e filho ao mesmo tempo, pois também nos deixamos submeter pela autossuficiência e ganância.
Contudo, o Batismo, que é participação na morte e ressurreição de Jesus, fez de nós gente nova.
Isso não é mérito nosso, é fruto da solidariedade de Jesus, que, com sua morte, justificou-nos, fazendo-nos passar da morte à vida.
A solidariedade de Jesus para conosco e a nossa para com Ele abriu o caminho para a fraternidade universal. Fraternidade sem justiça é mentira e paz sem justiça é impossível. Podemos restaurar as nossas faltas, abandonando o velho homem, o “Adão” que existe em nós e seguindo o exemplo de Cristo, Nosso Redentor.


 Fonte: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA.

Família, lugar, fé, esperança e caridade

 Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial.

O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o Concílio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de “Igreja doméstica”.

É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo, os primeiros mestres da fé.

Sabemos que o lar é a primeira escola do mundo e da vida cristã. É uma escola de enriquecimento humano.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica: “a família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (cf. n. 2205).

Deus quis que a atividade educadora e criadora da família fosse o reflexo de da obra.
O casal que constitui uma família está participando com o Pai na criação do mundo.
A família é a célula originária da vida social.

É a sociedade natural na qual o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida.
Podemos perceber, ao refletir sobre tudo isto, que a vivência do amor, da justiça, da solidariedade nasce na família para, depois, se expandir para toda uma sociedade.

Para seguir o projeto de Deus e, consequentemente, para vivermos a felicidade em plenitude, é preciso, aqui na terra, aqui neste mundo que tanto tenta destruir a família, é preciso que saibamos defendê-la, porque ela é o esteio da sociedade e é nela que podemos cultivar, desde a mais tenra infância, a fé, a esperança e a caridade, virtudes que farão deste mundo um mundo melhor e que, com toda a certeza, nos levarão à glória do Pai.

 Fonte: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.

6 de outubro de 2011

O pecado da ganância

Não podeis servi a Deus e a riqueza

A Igreja classifica este pecado [ganância] como "capital". São Paulo chama a avareza de idolatria: "Mortificai, pois, os vossos membros terrenos: fornicação, impureza, paixões, desejos maus, cupidez e a avareza, que é idolatria” (Cl 3,5).
A razão do apóstolo ver como idolatria o apego aos bens materiais, sobretudo ao dinheiro, é que isto faz a pessoa amá-lo como a um deus. Torna-se escrava da riqueza.
Desde o princípio, Jesus alertou os discípulos para este perigo já no Sermão da Montanha:
"Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedica-se a um e desprezará o outro. Não podeis servi a Deus e a riqueza” (Mt 6,24).
O que importa é que a pessoa não seja escrava do dinheiro e dos bens.
É claro que todos nós precisamos de dinheiro; o próprio Jesus tinha um “tesoureiro” no grupo dos apóstolos. São Paulo diz a Timóteo que “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6,10).
Veja, portanto, que o mal não é o dinheiro em si, mas o “amor” a ele; isto é, o apego desordenado que faz a pessoa buscá-lo como um fim, não como um meio.

É importante notar que não são apenas os ricos que podem se tornar avarentos, embora sejam mais levados a isto. Não é raro encontrar também pobre avarento. Por isso, no mesmo Sermão da Montanha, Jesus alerta:

"Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furam nem roubam" (Mt 6,19-20).

Se Jesus recomenda "não ajuntar tesouros na terra", é porque esta riqueza e segurança são ilusórias e não podem nos satisfazer por mais que o mundo nos diga que sim.

É justo e necessário ter o dinheiro que precisamos para nossas despesas.
O próprio Jesus manda pedir ao Pai, todos os dias, "o pão nosso de cada dia"; o que se condena é a obsessão pelo dinheiro, que faz com que a pessoa sacrifique no altar desse "deus" os verdadeiros valores.
Por causa do dinheiro muitos aceitam praticar a mentira, a falsidade e a fraude.
Quantos produtos falsificados!
Quantos quilos que só possuem 900 gramas!
Quanta enganação e trapaças nos negócios!

Não é verdade que mesmo entre os cristãos, tantas vezes um engana o outro, o "passa para trás" em algum negócio, compra e venda?

Poderemos constatar que toda a corrupção, tráfico de drogas, armas, crimes, prostituição, comércio de mulheres, poluição da terra, do ar e da água tem, por detrás, a sede pelo dinheiro. O próprio domingo, dia do Senhor, está se transformando, para muitos, num dia de ganhar dinheiro.

Por amor ao dinheiro muitos pais perdem os próprios filhos e muitos casamentos acabam. Por causa da ganância vemos o mundo numa situação de grande injustiça e miséria para muitos. Como disse o papa Paulo VI, os ricos estão cada vez mais ricos às custas dos pobres cada vez mais pobres. O nosso Catecismo diz:

"Uma teoria que faz do lucro a regra exclusiva e o fim último da atividade econômica é moralmente inaceitável. O apetite desordenado pelo dinheiro não deixa de produzir seus efeitos perversos. Ele é uma das causas dos numerosos conflitos que perturbam a ordem social (GS. 63,3). Toda prática que reduz as pessoas a não serem mais do que meros meios que têm em vista o lucro, escraviza o homem, o conduz à idolatria do dinheiro e contribui para difundir o ateísmo" (CIC § 2424).

"Guardai-vos escrupulosamente de toda avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas" (Lc 12,15).

A Igreja nos ensina que somos apenas administradores de todos os bens e riquezas que Deus põe em nossas mãos, para que com eles façamos o bem aos outros. Deveremos prestar contar a Deus de tudo, como Jesus mostrou na parábola dos talentos (Mt 25,14s).

O apego aos bens desse mundo é algo muito forte em nós, quase que uma "segunda natureza" e, portanto, só com o auxílio da graça de Deus poderemos vencer esta tentação forte. Desde pequenos fomos educados para “ganhar a vida”. Será preciso a força do Espírito Santo em nossa alma para nos “convencer” da necessidade de uma vida de desprendimento e pobreza.

Para dominar este forte impulso que age dentro de cada um de nós é preciso oração, meditação e grande esforço de nossa parte; sobretudo, no sentido de convencermos a nós mesmos da grandeza do desprendimento. Mais do que nunca o Espírito Santo terá que vir em auxílio da nossa fraqueza.

A liturgia nos ensina a “caminhar por entre as coisas que passam, abraçando somente as que não passam”.
Seja senhor de suas posses, não seu escravo.
Santo Agostinho dizia:
“não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és”.
E ainda:
“A verdadeira felicidade não consiste em ter muito, mas em contentar-se com pouco”.


Fonte: Felipe Aquino

É pecado um Cristão ser empresário?


Querer melhorar de vida não é atitude que briga com o ser cristão!

É conhecida a determinação das comunidades católicas do século III em não aceitar como cristãos os comerciantes.
É que, naquela época, não havia leis claras sobre medidas e pesos – o metro, o braço, o palmo e o pé variavam de acordo com a vontade do comerciante - e não havia legislação suficiente por parte do poder público para coibir os abusos que se cometiam (hoje temos até o Código de Defesa do Consumidor). Depois, a praxe mudou por causa das parábolas de Cristo que colocavam a atividade econômica como uma ação não pecaminosa.
E as ameaças de Jesus contra os ricos devem ser entendidas, referindo-se a roubos, juros extorsivos, lucros exorbitantes; não ao simples procedimento financeiro.
Na sociedade precisamos de todas as categorias profissionais: do guarda noturno, do lavrador, da empregada doméstica, do engenheiro e também do empresário.
Este organiza a produção, responde às necessidades da sociedade e abre possibilidades de empregos. Nunca se pode afirmar que um soldado raso é menos feliz do que um produtor de máquinas agrícolas. Mas também precisamos de líderes empresariais, pois sem eles a sociedade estagna, as famílias empobrecem, a nação começa a comprar de países mais empreendedores.
Vamos tirar da cabeça a ideia de que um cristão perfeito é aquele que reza, faz retiros, mas não deve “sujar” as mãos nas atividades mundanas da economia. Também vamos compreender para sempre de que o convite de Jesus “para vender tudo e dar aos pobres” (Lc 12,33) se refere a um pequeno grupo que busca desenvolver-se, sem preocupações de dinheiro, como Ele próprio fez.
 Mas Jesus não se refere a maioria da humanidade que tem família para sustentar, precisa casa condigna para viver, precisa dar educação aos filhos. Tratar com dinheiro, com bancos, com cartões de crédito é quase um imperativo.
Querer melhorar de vida não é atitude que briga com o ser cristão.
Vai contra a mentalidade de Jesus enriquecer com dolo, enganar o semelhante ou não querer trabalhar e exigir tudo dos outros. "Saibam que a fadiga de vocês não é inútil no Senhor" (1Cor 15,58). Respeitada a justiça e o direito, devemos trabalhar com afinco.


Fonte: D. Aloísio Roque Oppermann scj

Ratings and Recommendations by outbrain