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30 de março de 2011

A CIÊNCIA que descobriu a Morte

A morte não é algo desconhecido, porque todo ser humano passa por tal experiência.
Mas, é relativamente tarde que a ciência começou a se interessar pelo fenômeno. 
Há pouco mais de vinte anos que o mundo inteiro ficava surpreso com os resultados de uma pesquisa sobre pacientes terminais ou clinicamente mortos que, depois de sua revitalização, revelaram experiências até agora desconhecidas.
Quem, hoje, pesquisar na Internet essas experiências, chamadas de "near-death-experiences", encontra milhões de sites, que se preocupam com o assunto. 
As assim chamadas "experiências perto da morte", tornaram-se objeto de pesquisas de todo tipo e de interpretações de toda espécie.
Ficou de conhecimento geral que, perto da morte, as pessoas podem passar por experiências intrigantes; sentir-se fora de seu corpo, passar por um túnel escuro, enxergar uma luz clara e brilhante, e fazer a experiência de paz e de harmonia no momento de encontrar-se com essa luz.
As interpretações desses fenômenos, cuja existência não mais podemos negar, são das mais variadas. Uns querem ver nelas as primeiras experiências do além. 
Outros interpretam tudo a partir de mecanismos psicofisiológicos, como últimas descargas bio-elétricas do cérebro. 
A resposta definitiva até hoje não temos, mas há cada vez mais indícios que apontam na direção de uma explicação psicofisiológica.
A descoberta de tais fenômenos levou a ciência a preocupar-se mais com aquela experiência que, até hoje, ainda permanece um dos campos pouco explorados pela ciência: a morte. 
O interesse científico pelo fenômeno cresceu de tal maneira que ressurgiu com novo vigor aquele ramo da ciência que se preocupa com a morte, a assim chamada tanatalogia, cujo campo de interesse vai da medicina e da biologia, até as áreas da antropologia social, da psicologia, da antropologia e da sociologia, e finalmente termina com a filosofia e a teologia.
A preocupação científica com a morte mostrou quão pouco ainda sabemos sobre essa última experiência empírica de todos nós. 
O que acontece conosco na morte?
A famosa pesquisadora Elisabeth Kübler Ross descobriu que, no processo de nosso morrer, se podem distinguir cinco fases bem nítidas. 
A primeira delas está sendo chamada de "choque ou incredibilidade". 
Frente à informação de que a sua morte é inevitável, a pessoa, primeiro, não acredita naquilo que os médicos dizem. Quando, porém, não é mais possível negar o óbvio, entra numa segunda fase, aquela da raiva, da ira, e da inveja. 
"Por que eu? 
Existem mil razões para eu não morrer!" Pessoas que acreditam em Deus começam a culpá-lo. 
"Que Deus é este, que me deixa morrer, sabendo que a minha família ainda precisa de mim!"
O eremita Macario mostra os efeitos da morte, afresco do século 14 no Sacro Speco de Sbiano
Há de fato mil razões para não morrer, e na segunda fase, essas razões estão sendo lembradas. Mas, diante da impossibilidade de impedir o processo do morrer, a pessoa se torna agressiva. Agressiva contra si mesma, agressiva contra Deus, agressiva contra as pessoas em torno dela. 
O pessoal hospitalar que trabalha com moribundos conhece muito bem as explosões de raiva que nessa fase podem acontecer. As pesquisas da tanatologia ajudam-nos a compreender tal comportamento e a tolerá-lo, porque sabemos que, na base de toda essa agressividade, há o profundo desespero daquele que se vê confrontado com o inevitável que lhe inspira medo e do qual quer fugir.
É aqui que se abre todo um campo de ação para uma psicologia hospitalar ainda em formação. Abre-se todo um campo, também, para uma pastoral praticamente inexistente ainda: A pastoral do moribundo. Ela ficaria do lado da pessoa em todos os momentos de seu processo de morrer, ajudando-a a passar com mais facilidade pelas suas fases.
A terceira delas começa a partir do momento em que a pessoa se torna capaz de superar a sua raiva. Com isso, entra na fase da "negociação". Ela tenta negociar um prazo maior. 
"Vou morrer, sim, mas não já, mas o ano que vêm". Em geral, porém, toda negociação não adianta e, assim, a pessoa entra na quarta etapa de seu processo de morrer: a depressão. O moribundo, agora, deve despedir-se do mundo e, nessa ocasião, percebe que ama sua vida muito mais que pensou. Despedir-se dela torna-o triste. 
Mas, realizar a despedida é a condição para poder aceitar a morte. Uma vez realizada tal aceitação, a pessoa se tranqüiliza. Ela, agora, pode falar de seu morrer com serenidade e, muitas vezes, nessa fase, é o moribundo que consola a sua família e não mais a família que consola o moribundo.
São estas as cinco fases do morrer, descobertas e pesquisadas pela tanatologia.
 Mas, além de preocupar-se com esse lado psicossocial do morrer, a mesma tanatologia se interessa também por uma outra questão: quando é que podemos declarar uma pessoa realmente morta?


Nós nos acostumamos a falar de "morte cerebral" ou "morte clínica", mas, em geral, tais termos são compreendidos de maneira muito restrita, assim como se eles designassem a morte da pessoa inteira ou como se fosse um "momento" bem determinado.
Detalhe da Pietá de Giotto. Capela de Scrovegni, Padova
Na realidade, porém, era a Comissão Ética da Universidade de Harvard que propunha o termo, em 1968, como definição da morte. Tal redefinição se fez necessária, frente à nova técnica de transplante de corações.
A noção não determina um
 "momento específico", mas deve ser compreendida muito mais em termos de uma "síndrome" que inclui toda uma escala de sintomas, cuja soma conduz à declaração da morte. Na verdade, essa declaração determina nada além do que a morte de um órgão humano, o cérebro. E as evidências apontam que nem do cérebro inteiro se trata, mas só de uma parte.
Quando essa parte morreu, a medicina declara o paciente morto, e esta declaração, além de seu conteúdo médico, tem também um significado jurídico muito importante. A partir daquela declaração, a pessoa é juridicamente morta. Agora, os seus órgãos podem eventualmente ser usados para transplantes. Do ponto de vista biológico, porém, com a declaração da morte cerebral, esses órgãos ainda estão bem vivos. Eles morrerão, progressivamente, num processo que, só mais ou menos três semanas mais tarde, chegará ao seu fim.
 É este momento que a tanatologia chama de "morte real".


leitura


"Consolo para quem está de luto de Renold J. Blank Edições Paulinas, 2001
A consciência porém, assim como nós a podemos detectar, apaga-se muito antes dessa morte real. Ela se apaga, quando o cérebro, o instrumento através do qual a consciência se manifesta, pára de funcionar. É este o momento que a medicina chama de "morte cerebral".


A grande questão que se põe, frente a todo esse quadro científico, é a indagação se, com a consumação da morte cerebral, a pessoa como tal também parou de existir. A resposta a esta questão vai claramente além do quadro de qualquer ciência empírica. O nosso próximo artigo vai questionar se ainda pode haver vida consciente, depois da morte declarada pela medicina.


Fonte: Renold J. Blank, doutor em Teologia e em Filosofia, é professor titular da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo

O que é Ressuscitar?


A ressurreição é uma resposta para a morte. Mas a morte é um assunto tão desagradável que a gente prefere achar que ela só é para os outros.


Mesmo assim, chega até nós uma pergunta que nos atinge diretamente: "O que vem depois da morte?" "Depois da morte a gente..."


Alguns acham que nós desaparecemos com a morte.


Outros dizem que ninguém sabe o que vem depois. Uns dizem que somos uma energia cósmica, que ao morrer voltamos à energia do universo.


E pela reencarnação se diz que após a morte voltamos em diferentes corpos sucessivas reencarnações, até atingir a perfeição e não precisar mais voltar.


A fé cristã afirma que a ressurreição é uma transformação de nós, pelo poder amoroso de Deus. Assim, a morte física não é o fim, mas uma passagem ou etapa de nossa vida. Na missa dos mortos, rezamos: "Para quem crê, a vida não é tirada, mas transformada".


A ressurreição não quer dizer imortalidade da alma, que voltaria para um corpo que morreu. Ela é antes de tudo a transformação da pessoa integralmente. Transformação? Em que consiste?


Sobre isso uma vez uma criança deu uma resposta genial: "Quando a gente morre, a gente passa para outra dimensão; a gente nunca vai entender direito isto enquanto não passar por ela".


Esta é uma explicação interessante, mas que pode ser melhorada. A transformação final na morte física assusta, pois é desconhecida.


Então, a gente não tem pressa de "passar desta para a melhor". Mas antes dessa transformação, há muitas outras que são como ensaios da ressurreição final. Nossa vida é uma história que se desenrola: estamos sempre morrendo para isto e nascendo para aquilo. A fé cristã já coloca a ressurreição quando morremos para o egoísmo e nascemos para o amor.


Essa morte também não é fácil, mas por ser diluída, às vezes a gente percebe menos. Ou então nos descuidamos de assumir e treinar a ressurreição. De fato, a ressurreição pode ser entendida como um caminho que a gente escolhe.


Por isso São Paulo adverte: 
"Se vocês ressuscitaram com Cristo, busquem as coisas do alto". 
Uma condição indispensável para a ressurreição final e de cada dia é a confiança em Deus.


Fonte: Pe Márcio Fabri dos Anjos. C.SS.R.

Formação de grupo de perseverança e grupo jovem


A catequese é a comunicação do plano divino da salvação. Catequizar é comunicar o Deus amor que veio ao mundo fazer-se um de nós, assumindo nossas dores e resgatando-nos de todas as formas de opressão.


É muito importante que os catequistas não percam de vista a experiência de levar a vida para dentro da catequese e procurem conjugar a fé com a vida, intensificando assim a dinamicidade que o processo de formação e educação da fé de nossas crianças e adolescentes necessita ter.


Diante das tristes realidades que presenciamos em nosso mundo e que são, muitas vezes, reflexo da negação da verdade, que o Evangelho de Cristo nos revela, precisamos ser criativos e audazes para conceber a cada dia novos métodos que possibilitem a transmissão dos ensinamentos de Jesus; permitindo que nossos adolescentes não se desviem dos caminhos de Deus e cedam às falsas seduções do mundo.


Sugestão


Uma sugestão prática para vocês catequistas, neste momento que iniciamos mais uma jornada na Catequese de nossa comunidade, neste novo ano que começa, é a formação de grupos de adolescentes para, além de ser um momento de encontro e perseverança na fé, preencher o espaço existente entre a Primeira Eucaristia e a Crisma e também após a Crisma.


O melhor momento é esse, já que os adolescentes, tendo celebrado a etapa da Primeira Eucaristia em suas vidas, estão animados e empolgados.


Alguns passos


Para um bom êxito na concretização do grupo de adolescentes é preciso seguir alguns passos:


1. A sugestão precisa ser bem conversada no grupo de catequistas e deve-se escolher quem vai acompanhar os adolescentes nesse novo grupo, que difere dos encontros de preparação para a Primeira Eucaristia.


2. É necessário que esses catequistas designados pelo grupo possam ir até os adolescentes para convidá-los a participar desse grupo. É muito importante que esse convite seja feito de um modo pessoal e já se deve ter em vista a data do primeiro encontro para a criação do grupo.


Considerando que esses pré-adolescentes e adolescentes já fizeram a Primeira Comunhão, a metodologia aplicada não pode ser a mesma usada durante a catequese inicial; há de se garantir o protagonismo deles, isto é, a participação direta e total na criação do grupo e sua organização.


3. Quem for acompanhá-los necessita ter paciência para entender o universo do adolescente; não deve tratá-los e nunca se referir a eles como crianças. Eles devem se sentir responsáveis e valorizados no grupo. Portanto, não se pode fazer as coisas por eles.


4. O adolescente não tolera as coisas determinadas e impostas. 
Por isso, toda atividade deve ser dialogada e decida por eles. 
O ideal é que, na primeira reunião, se decidam o objetivo do grupo, a escolha do nome, a divisão das funções etc.


5. Nas atividades e reuniões de estudo e de partilha, é importante contemplar todas as dimensões da pessoa humana:
- discussões sobre temas ligados à fé, mas também ligados à afetividade e sexualidade,
- relacionamento entre pais e filhos,
- educação,
- a sociedade de um modo geral.


Enfim, a variedade de temas para a partilha, visando ao crescimento desses pequenos e jovens, os momentos orantes e também de lazer proporcionarão um encontro gostoso que será muito valioso no processo de educação da fé. E tudo aquilo que foi semeado durante a preparação da Primeira Comunhão e Crisma terá importância na vida deles e de suas famílias.


Fonte: Pe. Jorge Paulo da Silva Sampaio
Santuário Nacional de
Nossa Senhora Aparecida

29 de março de 2011

O encontro com a Verdade na vida de S. Agostinho


Uma das áreas mais atraentes da teologia é a patrística. Não só pelas lutas dos primeiros padres em prol da Fé e difusão da Santa Igreja, mas, sobretudo, com as obras doutrinárias surgidas em defesa da Fé frente às perseguições contra os cristãos. Os primeiros teólogos faziam com que as verdades contidas no Evangelho fossem ressaltadas para assim abater a ostensiva investida dos inimigos da Igreja.

Comentaremos um pouco a fascinadora história de um dos mais famosos padres da Igreja, Santo Agostinho, que depois de passar boa parte da vida procurando a luz da verdade onde ela não estava, converteu-se ao vislumbrar os formosos raios contidos na sólida doutrina cristã.
O bispo de Hipona, S. Agostinho, foi um dos principais padres da Igreja do ocidente. Nasceu em Tagaste na África Setentrional no dia 13 de novembro de 354. Sua mãe, Santa Mônica, sendo muito virtuosa e piedosa, transmitiu-lhe uma educação cristã. Mas infelizmente, aos dezenove anos rejeitou a religião de sua mãe dizendo ser essa uma “fábula de velhas”.
Com o passar do tempo, cresceu em sua alma o desejo pela verdade, principalmente ao ler Cícero. Graças aos sacrifícios e orações de sua mãe, converteu-se aos 32 anos de idade, em 386. Anos depois, se lamentou por tardar encontrar o que todo homem procura, a verdade, e se entristece de ter procurado em tantos lugares menos no seu interior.
Um dos trechos mais belos da sua literatura mostra essa demora que teve em encontrar a verdade única: Deus.
Tarde eu te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde eu Te amei. Mas como? Tu estavas dentro de mim, e eu estava fora de mim mesmo… Tu estavas comigo, e eu não estava contigo. Retinham-me longe de Ti as criaturas, que não existiriam se não existissem em Ti
Tu me chamaste, e teu clamor venceu a minha surdez. Tu exalaste o teu perfume, eu respirei, e eis que por Ti suspiro. Provei-Te, e tenho fome de Ti. Tu me tocaste e eu ardo de amor por causa da paz que Tu deste.
A partir de então, Deus foi a sua única sabedoria. Dedicou o resto de sua existência a Ele, combatendo muitas heresias que faziam com que as verdadeiras doutrinas da Igreja fossem desviadas.
Fonte: 
Lucas Antonio Pinatti 

O que é a vida de Deus?

Comenta São Tomás de Aquino, baseando-se em Aristóteles: 
“É chamado de vivo tudo o que se move ou age por si mesmo. Os que, por natureza, não se movem nem agem por si mesmos só serão chamados vivos por semelhança”.
Dentre os seres vivos, encontram-se diferenças importantes. As plantas, por exemplo, exercem as funções próprias à sua natureza, como: nascer, nutrir-se, desenvolver-se e reproduzir-se. Um quadrúpede possuirá estas mesmas capacidades, mas acrescido de sensação, apetite e locomoção. Capacidades que seriam aberrações no gênero dos vegetais. Por fim, o ser humano contém em si a totalidade da vida criada, pois, além dos graus de vida concernentes às plantas e aos animais, possui uma inteligência racional, sendo capaz de conhecer, deliberar e escolher.
Mas a vida não significa simplesmente uma operação de funções. 
A vida do homem não é o que ele é capaz de fazer, mas o que ele é. 
Segundo Aristóteles, “para os seres vivos, viver é ser”.
O ato de ser é o ato de estar vivo, com todas as capacidades próprias à sua natureza. Quando, porém, uma criatura morre, já não está apta para praticar o que lhe é próprio.


Tanto o ato de viver, como a forma de se viver bem, são pálidos reflexos de uma vida divina. A vida que está presente na natureza não é uma geração espontânea, como pensam alguns. Tudo isto decorre de uma vida superior:
“Meu coração e minha carne exultam no Deus vivo” (Sl 83,3). Deus proporciona a capacidade para que as plantas exerçam as funções de sua natureza, elas não fazem esforço algum para decidir o que fazer. Seu grau de vida é o menor, portanto. Os animais agem por um instinto de acordo com sua natureza. Os seres humanos atuam com vista a um fim, seguindo o concurso da razão. Deus é o próprio fim do homem e é o que dá a possibilidade para que os seres operem de acordo com sua natureza.


No ser humano há órgãos que agem por si mesmos, sem que seja preciso o cérebro enviar-lhe nenhuma mensagem deliberada; por exemplo, o coração. Outros movimentos, como o das mãos, são comandados pelo cérebro e, inclusive, o próprio raciocínio abstrato tem sua fonte na parte intelectiva do homem. No entanto, todos estes movimentos têm uma única origem na unidade do ser humano, comandados pelo intelecto:
“É sinal disso o fato de que em um único e mesmo homem, o intelecto move as faculdades sensitivas, que por sua vez movem e comandam os órgãos, que executam o movimento”.
De modo semelhante ao nosso corpo, Deus é o ser que move todas as coisas e não é movido por ninguém. 
Conhece-se a Si mesmo e por inteiro, e nisto consiste sua perfeição, em não permitir um algo a mais, pois completa-se a Si mesmo: 
“Portanto, aquilo que por sua natureza, é o seu próprio conhecer e que não é determinado por outro quanto ao que lhe é natural, isto é, o que detém o sumo grau de vida. E este é Deus. Em Deus, por conseguinte, encontra-se a vida em seu mais alto grau”.


Todas as coisas foram criadas por Deus e são continuamente sustentadas por Ele. Neste sentido se pode dizer que tudo é vida em Deus. Vida porque já existiam em Seu intelecto, pois as conhecia desde toda a eternidade. Em Deus o seu viver é o seu conhecer.[5] Portanto, todos os seres criados são vida em Deus e alguns destes vivem por sua própria natureza: “tudo o que se encontra em Deus como conhecido é seu viver, sua vida. E como todas as coisas que Deus fez nele estão como conhecidas, segue-se que tudo, em Deus, é a própria vida divina”.


Em suma, Deus é a suprema vida que criou todos os seres e os sustenta em seu ser. Para algumas de suas criaturas deu a capacidade de moverem-se por si mesmas, segundo a natureza que lhes cabe, isto é o que caracteriza a vida natural. A vida é um dom que Deus concedeu às criaturas, sobretudo, ao ser humano que tem a capacidade de perceber este sinal de amor que vem do Criador.


Fonte:Thiago de Oliveira Geraldo

Preparação para a Confissão - Catecismo da Igreja Católica


  Ato de Adoração



A fim de bem se preparar para a confissão, é aconselhável retirar-se à parte, quer na igreja, quer em casa, pôr-se na presença de Deus, e fazer o ato seguinte:
Suprema e adorável Majestade, creio que estais aqui presente, me vedes e ouvis. Adoro-Vos do mais profundo do meu coração, reconheço-Vos por meu Deus, Criador e soberano Senhor, que, sendo a única e verdadeira vida, sois o único que não pode deixar de existir; eis por que Vos dou o culto de adoração que somente a Vós é devido, e prostro-me com toda a humildade ante o trono da vossa infinita grandeza.


                                           
 Oração:


Meu Deus e Senhor, eu me preparo para receber o santo sacramento da Reconciliação. Iluminai o meu espí­rito, a fim de que eu conheça claramente o nú­mero e a gravidade dos meus pecados, deles me arrependa, e os confesse ao vosso ministro com verdadeira dor e firme propósito de nunca mais Vos tornar a ofender. Amém.
Recordar-se, em seguida, dos Mandamentos de Deus e dos da Igreja, e dos deveres do próprio estado.

Oração para antes da Comunhão




Ó Deus eterno e todo-poderoso, eis que me aproximo do sacramento do vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo.


Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna claridade; pobre e indigente, ao Senhor do céu e da terra. Imploro, pois, a abundância da vossa liberalidade, para que Vos digneis curar a minha fraqueza, lavar as minhas manchas, iluminar a minha cegueira, enriquecer a minha pobreza, vestir a minha nudez.


Que eu receba o Pão dos Anjos, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, com o respeito e a humildade, a contrição e a devoção, a pureza e a fé, o propósito e a intenção que convêm à salvação da minha alma. Dai-me que receba não só o Sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor, mas também o seu efeito e a sua força.


Ó Deus de mansidão, fazei-me acolher com tais disposições o Corpo que o vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu da Virgem Maria, que seja incorporado ao seu Corpo Místico e contado entre os seus membros. Ó Pai cheio de amor, fazei que, recebendo
agora o vosso Filho sob o véu do sacramento, possa na eternidade contemplá-lo face a face. Amém.

28 de março de 2011

Natureza de adultério

O adultério é definido como ligação carnal entre uma pessoa casada e uma solteira, ou entre uma pessoa casada e ao cônjuge do outro. Ele é visto como diferente da prostituição na medida em que supõe a união de um ou de ambos os agentes. Também não é necessário que este casamento já estar consumado, basta que os teólogos chamam ratum matrimonium. Comércio sexual com uma noiva de outro não, é mais geralmente realizada, constituía adultério. 
Novamente, o adultério, como a definição declara, está empenhada em conjunção carnal. 
Não obstante as ações indecentes desejos entre uma pessoa casada e outra não o cônjuge legítimo, embora não tenham o mesmo grau de culpa, são do mesmo caráter de malícia como adultério (Sanchez, De Mat., L. IX. Disp. XLVI, n . 17). Deve acrescentar-se, contudo, que Santo Afonso de Ligório, com a maioria dos teólogos, declara que, mesmo entre o homem legal e adultério mulher é cometida quando as suas relações sexuais assume a forma de sodomia (S. Liguori L. III, n. 446).


Entre selvagens geralmente o adultério é rigorosamente condenado e punido. Mas é condenada e punida apenas como uma violação dos direitos do marido.
 Entre esses povos a mulher é geralmente contabilizada como propriedade de seu esposo, adultério e, portanto, é identificado com o roubo. Mas é um tipo de roubo agravado, como a propriedade que seria spoliate é mais altamente apreciada do que outros bens móveis. Assim é que em algumas partes da África, o sedutor é punido com a perda de uma ou ambas as mãos, como quem tem perpetrado um assalto em cima do marido (Reade, África selvagem, p. 61). Mas não é só o sedutor que sofre. sanções Straits são visitados a ofender a mulher pelo seu cônjuge ofendido, em muitos casos ela é feita para suportar tal uma mutilação do corpo como vontade, no espírito do marido ofendido, impedi-la de ser uma tentação para depois os outros homens (Schoolcraft, histórico e Informação Estatística Respeitando a história, condições e as perspectivas das tribos indígenas dos Estados Unidos, I, 236, V, 683, 684, 686 e HH também Bancroft, as raças nativas dos Estados do Pacífico da América do Norte, I, 514). Se, no entanto, o marido ofendido poderia visitar a retribuição rápida e terrível sobre a mulher adúltera, o último foi autorizado sem causa contra o marido infiel, e esta discriminação encontrada nas práticas dos povos selvagens é, aliás, estabelecido em quase todos os antigos códigos de direito . As leis de Manu são impressionantes sobre este ponto. Na Índia antiga ", embora destituída de força ou buscar o prazer em outro lugar, ou desprovido de boas qualidades, mas o marido deve ser constantemente cultuado como um deus por uma esposa fiel"; na mão, outros, "se uma mulher, orgulhosa da grandeza de seus parentes ou [seu próprio] excelência, viola o direito que ela tem para com seu senhor, o rei deve levá-la a ser devorada por cães em um local freqüentado por muitos "(Leis de Manu, V, 154, VIII, 371 ).


No mundo greco-romano, encontramos leis severas contra o adultério, ainda que quase toda discriminação contra a mulher. A antiga idéia de que a mulher era propriedade do marido ainda está operacional. O empréstimo de esposas praticado entre alguns selvagens foi, como nos diz Plutarco, incentivado também por Licurgo, embora, seja observado, por um motivo diferente daquele que atuava os selvagens (Plutarco, Licurgo, XXIX). A carta reconhecida do marido grego pode ser visto no seguinte trecho da Oração contra Neaera, cujo autor é incerto, embora ele tenha sido atribuída a Demóstenes: "Mantemos amantes para nosso prazer, concubinas para o atendimento constante, e as mulheres a suportar-nos filhos legítimos, e ser fiel a nossa caseiros. Contudo, por causa do mal feito para o marido somente, o legislador ateniense Sólon, permitiu que qualquer homem a matar um, adúltero que tinha sido apanhada em flagrante "(Plutarco, Sólon ).


No início do Direito Romano tori jus pertencia ao marido. Houve, portanto, nenhuma coisa como o crime de adultério por parte de um marido para sua esposa. Além disso, este crime não foi cometido menos uma das partes era uma mulher casada (Dig., XLVIII, perna anúncio. Julho). Que o marido de Romana, muitas vezes se aproveitavam de sua imunidade jurídica é bem conhecida. Assim nos é dito pelo historiador Spartianus que Verus, o colega Marco Aurélio, não hesitou em declarar a sua mulher repreendendo: ". Enim Uxor Dignitatis est nomen, voluptatis não" (Verus V). Mais tarde, na história romana, como o falecido William EH Lecky mostrou a idéia de que o marido devia uma fidelidade como o que exigiu da esposa deve ter ganho terreno, pelo menos em teoria. Este reúne Lecky da máxima jurídica de Ulpiano: "Parece muito injusto para um homem a exigir da esposa a castidade que ele próprio não prática" (Cod. Just, Digest, XLVIII, 5-13; Lecky, História da Europa. Moral, II, 313).
Na Lei Mosaica, como no velho Direito Romano, o adultério significava apenas o intercurso carnal de uma mulher com um homem que não era seu marido legal. A relação de um homem casado com uma mulher solteira não era contabilizado adultério, mas a fornicação. A lei penal sobre o assunto, em Levítico 20:10, deixa isso claro: "Se um homem cometer adultério com a esposa de outro e contamina a mulher do seu próximo deixá-los ser condenado à morte tanto o adúltero ea adúltera." (Veja também Deuteronômio 22:22)
 Este era bastante coerente com a prática prevalecente da poligamia entre os israelitas. 
Na lei cristã esta discriminação contra a mulher é enfaticamente repudiada. Na lei de Jesus Cristo a respeito do casamento o marido infiel perde sua imunidade antiga (Mateus 19:3-13).
A obrigação de fidelidade mútua, compete ao marido, bem como a esposa, é, aliás, implícita na noção de sacramento cristão, que é simbolizada a união inefável e duradoura do Noivo Celestial e Sua noiva imaculada, a Igreja insiste em São Paulo com ênfase sobre o dever de fidelidade recíproca igual em ambos os parceiros conjugais (1 Coríntios 7:4), e vários dos Padres da Igreja, como Tertuliano (De monogamia, CIX), Lactâncio (Divin. Instit, LVI, c. . xxiii), São Gregório Nazianzeno (Oratio, xxxi), e Santo Agostinho (De Bono Conjugati, n. 4), deram expressão clara para a mesma idéia. Mas a noção de que as obrigações de fidelidade repousava sobre o marido o mesmo que em cima da mulher é que nem sempre tem encontrado exemplificação prática nas leis dos estados cristãos. Apesar dos protestos do Sr. Gladstone, o Parlamento Inglês aprovou, em 1857, uma lei pela qual um marido pode obter o divórcio absoluto em caso de adultério simples em sua esposa, enquanto o último pode ser liberado de seu marido adúltero somente quando sua infidelidade tem foram atendidos com tanta crueldade ", como ela teria direito a um divórcio uma mensa et toro". 
A mesma discriminação contra a mulher é encontrado em algumas das nossas primeiras colônias da Nova Inglaterra. Assim, em Massachusetts, o adultério do marido, ao contrário da mulher, não era motivo suficiente para o divórcio. 
E o mesmo provavelmente foi o caso em Plymouth Plantation (Howard, Uma História de Instituições matrimonial, II, 331-351). Atualmente, nos nossos Estados não há essa discriminação, mas o divórcio, quando concedido em razão do adultério, pode ser obtido pela mulher como pelo marido.

A Enciclopédia Católica

A Enciclopédia Católica, como o próprio nome sugere, propõe-se dar aos seus leitores uma informação completa e confiável sobre o ciclo completo de interesses católicos, a ação ea doutrina. 
O que a Igreja ensina e tem ensinado, o que ela fez e ainda está fazendo para o maior bem-estar da humanidade, seus métodos, o passado eo presente, suas lutas, seus triunfos, e as realizações de seus membros, não só para seu próprio benefício imediato , mas para o alargamento e aprofundamento de todas as verdadeiras ciências, literatura e arte - todos entram no âmbito da Enciclopédia Católica.
Ela difere da enciclopédia geral em omitir fatos e informações que não têm relação com a Igreja. Por outro lado, não é exclusivamente uma enciclopédia igreja, nem se limita às ciências eclesiásticas e os feitos dos clérigos. 
Ele registra tudo o que os católicos têm feito, não só em nome da caridade e da moral, mas também para o desenvolvimento intelectual e artístico da humanidade.
Ele relata que os artistas católicos, educadores, poetas, cientistas e homens de acção, os resultados alcançados em suas várias províncias. 
A este respeito, difere da maioria das outras enciclopédias Católica. 
Os editores estão plenamente conscientes de que não há ciência especificamente católica, que a matemática, fisiologia e outros ramos do conhecimento humano não é nem católico, judeu, nem protestante, mas quando é comumente afirmado que os princípios católicos são um obstáculo à investigação científica, parece não só adequada, mas indispensável para registrar o que e quanto os católicos têm contribuído para cada departamento do conhecimento.


Ninguém que esteja interessado na história humana, o passado eo presente, pode ignorar a Igreja Católica, seja como uma instituição que tem sido a figura central em todo o mundo civilizado há quase dois mil anos, afectam decisivamente o seu destino, religioso, literário, científico, sociais e políticos, ou como um poder existente, cuja influência e atividade extensiva a todas as partes do globo. No século passado, a Igreja cresceu tanto extensiva e intensiva entre os povos de língua Inglês. Sua demanda interesses de vida que eles deveriam ter os meios de informar-se sobre esta instituição grande, que, se são católicos ou não, afeta sua fortuna e seu destino. 
Como para os católicos, o seu dever como membros da Igreja leva-os a aprender mais e mais plenamente os seus princípios, enquanto entre os protestantes do desejo de um conhecimento mais íntimo e preciso de coisas aumenta Católica na proporção do crescimento da Igreja em números e em importância. O clero católico são naturalmente esperado para dirigir inquiridores às fontes de informação necessária, ainda se encontram com muita freqüência que as respostas adequadas para as questões propostas não são para ser cumpridas com a literatura em Inglês.
Mesmo os escritos dos melhores autores intencionadas, às vezes desfigurados por erros sérios sobre assuntos católicos, que são em grande parte devido, não a má vontade, mas a falta de conhecimento. Seria insensato esperar para pôr em existência imediata católico Inglês literatura adequada para fornecer esse conhecimento e corrigir erros.
 A Enciclopédia, portanto, é o meio mais conveniente de fazer ambos, permitindo, como acontece, os estudiosos católicos de maior destaque em todas as partes do mundo para contribuir com artigos na forma condensada, que apela para o homem de ação, e com a precisão que satisfaz o estudioso.


Projetado para apresentar aos seus leitores com o corpo cheio de doutrina católica, a Enciclopédia contém não só as indicações precisas do que a Igreja definiu, mas também um registro imparcial de diferentes visões de autoridade reconhecida em todas as questões controvertidas. Em todas as coisas do objeto da Enciclopédia é dar toda a verdade sem preconceito, nacionais, políticos ou facções. Na determinação da verdade dos métodos mais recentes e científico reconhecido estão empregadas, e os resultados das últimas pesquisas em teologia, filosofia, história, apologética, arqueologia e outras ciências são dadas uma análise cuidadosa.


O trabalho é inteiramente novo, e não apenas uma tradução ou uma compilação a partir de fontes enciclopédia outros. Os editores têm insistido que os artigos devem conter as informações mais recentes e precisas a serem obtidos com as obras-padrão sobre cada assunto. Contribuintes têm sido escolhidos por seus conhecimentos e habilidades especiais na apresentação do assunto, e eles assumem a responsabilidade por aquilo que tenho escrito. Representando como fazem bolsa Católica em qualquer parte do mundo, dão ao trabalho um caráter internacional.


A Enciclopédia traz o imprimatur do Reverendíssimo Arcebispo sob cuja jurisdição for publicado. Na composição Editores censores eclesiásticos, que lhes deu uma prova singular da sua confiança e seu desejo de facilitar a publicação da obra que ele tem promovido de forma mais eficaz por sua influência e amável cooperação.


Os editores aproveitar o momento sobre o aparecimento deste primeiro volume de expressar sua gratidão a todos que participaram com eles nessa empresa, em especial para a hierarquia para a sua aprovação cordial; aos editores católicos e para os editores da imprensa católica para a sua cortesias freqüentes; aos contribuintes para a sua pronta cooperação, para os assinantes original por seu generoso apoio, para os diretores da Empresa organizada especialmente para produzir o trabalho, e muitos não-católicos, por seu encorajamento gentil.

Origem da Legião de Maria


A Legião de Maria é uma Associação de Católicos que, com a aprovação da Igreja e sob a poderosa chefia de Maria Imaculada, Medianeira de todas as graças, (formosa como a lua, brilhante como o sol e, para Satanás e seus adeptos, terrível como um exército em ordem de batalha), se constituíram em Legião para servir na guerra perpetuamente travada pela Igreja contra o mundo e as potências do mal.


“Toda a vida humana, quer individual quer coletiva, se apresenta como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas” (GS 13).


Os legionários esperam tornar-se dignos da sua excelsa e celeste Rainha, pela sua lealdade, pelas suas virtudes e pela sua coragem. A Legião de Maria está por isso organizada à maneira de exército, principalmente do exército da antiga Roma, cuja terminologia adotou, se bem que as tropas e armas legionárias não sejam deste mundo.
Este exército, hoje tão numeroso, teve a mais humilde das origens. 
Não proveio de longas meditações: surgiu espontaneamente, sem premeditação de regras e práticas. Surgiu a idéia. Marcou-se uma tarde para a reunião de um pequeno grupo, cujos componentes dificilmente supunham que estavam a ser instrumentos da Divina e amorosa Proveniência. 
O aspecto daquela reunião foi idêntico ao das reuniões legionárias que depois viriam a se efetuar em toda a terra. No meio do grupo, sobre uma mesa, com uma toalha branca, erguia-se uma imagem da Imaculada Conceição (igual à da Medalha Milagrosa) ladeada por dois vasos de flores e duas velas acesas. Esta disposição, tão expressiva no seu conjunto, fruto da inspiração de um dos primeiros a chegar, refletia perfeitamente o ideal da Legião de Maria. A Legião é um exército. E, antes mesmo de os legionários se reunirem, ela, a Rainha, já aguardava, de pé, aqueles que certamente atenderiam ao seu chamado. Não foram eles que a adotaram, foi ela que os adotou. E desde então, com ela marcharam e combateram, certos de que haviam de vencer e perseverar, precisamente na medida em que os estivessem unidos a ela.
O primeiro ato coletivo destes legionários foi ajoelhar. Aquelas cabeças jovens e ardentes inclinaram-se. Rezou-se a Invocação e a Oração ao Espírito Santo; e depois, aqueles dedos que, durante o dia, haviam trabalhado arduamente, desfiaram as contas do terço, a mais simples das devoções. Terminadas as orações sentaram-se e, sob a proteção de Maria (representada pela sua imagem), aplicaram-se a procurar os meios de mais agradar a Deus e de O tornar mais amado neste mundo, que lhe pertence. 
Desta troca de impressões nasceu a Legião de Maria, com a fisionomia que hoje apresenta.
Que maravilha! Quem, considerando a humildade de tais pessoas e a simplicidade do seu procedimento, poderia prever, mesmo num momento de entusiasmo, o destino que em breve as esperava? Quem, dentre elas, poderia imaginar que estava sendo inaugurado um sistema que, sendo dirigido com fidelidade e vigor, possuiria o poder de comunicar, através de Maria, a doçura e a esperança às nações? Entretanto, assim havia de ser.


O primeiro alistamento dos legionários de Maria realizou-se em Myra House, Francis Street, Dublin, Irlanda, as vinte horas do dia sete de setembro de 1921, véspera da festa da Natividade de Nossa Senhora. A organização nascente ficou conhecida no início como “Associação de Nossa Senhora da Misericórdia”, em virtude de o primeiro grupo ter tomado o título de “Senhora de Misericórdia”.
Circunstâncias, aparentemente casuais, determinaram o dia sete de setembro, que parecia menos indicado que o seguinte. Só alguns anos depois – quando provas sem número de um verdadeiro amor maternal, levaram à reflexão – é que se compreendeu que, no ato do nascimento da Legião, esta recebera das mãos da sua Rainha uma enternecedora carícia. “Da tarde e da manhã se fez o primeiro dia” (GN 1,5); e com certeza os primeiros e não os últimos perfumes da festa da sua Natividade eram os mais apropriados aos momentos iniciais de uma organização, cujo principal e constante objetivo em reproduzir em sí própria, a imagem de Maria, de maneira a glorificar melhor o Senhor e a comunicá-lo aos homens.

O Código Direito Canônico

O Código de Direito Canônico constitui-se de regras e normas que tangem as atividades cotidianas da Igreja, pois o Código, traz em si mesmo um conteúdo que defende e assegura a doutrina.
Em uma cera ocasião o documento ganha uma nova reformulação entre de 1962-1965 período em que ocorre o Concílio Vaticano II, contando com o grande apoio do Papa João XXIII. 
A Constituição do Código é estruturada com base na Sagrada Escritura e o ideal da vida cristã (At 2, 42-45), que é expressado com um sincero espírito do Vaticano II, como assim falara o Papa João Paulo II. 
O Código possui um caráter jurídico que é utilizado pela igreja para orientar na verdade, a vida de todos os batizados.
 “Por sua estreita relação com Deus, Criador e Redentor, o direito da Igreja supera claramente o direito civil (→ CRIAÇÃO; → REDENÇÃO)”.
[1] A construção do Código se dá a partir da união do Colégio Episcopal, fundamentado na Palavra de Deus o AT e o NT, expressa também aquilo que podemos chamar de Depositum Fidei. 
Na introdução Código de Direito Canônico o Papa João Paulo II, exprimi o interesse do documento, afirmando: Torna-bem claro, pois, que objetivo do Código não é de forma alguma, substituir, a vida da Igreja ou dos fiéis, a fé, a graça, os carismas, nem muito menos a caridade. Pelo contrário, sua finalidade é, criar na sociedade eclesial uma ordem que, dando primazia ao amor, à graça e aos carismas, facilite ao mesmo tempo seu desenvolvimento orgânico na vida, seja da sociedade eclesial, seja de um de seus membros. (CIC[2], p.10) 
O prefácio apresenta o caminho que a eclesiologia[3] ocupa na abordagem da Constituição do Código – frente à dimensão política e social, observando os ensinamentos da mística do Bom Pastor. 
Dentro do seu processo histórico, desde os primórdios nos são apresentadas informações a partir documentos escritos e preservados, que apontam leis e normas auxiliadoras na organização da comunidade cristã, baseada em direitos eclesiásticos sem desprezar os direitos civis. Com apoio do monge Graciano no século XII, marca a Igreja latina da metade do século: o nascimento do direito canônico como ciência, evento que marcará indelevelmente os concílios seguintes (Lateranenses I-IV).
Quem primeiro o capta é Graciano, que no início dos anos quarenta completa a coleção das fontes do direito canônico para uso da escola de Bolonha: a sua concordatia discordantium canonnum ou Decretum se tornará o texto base do direito canônico com status universitário, o tronco no qual exertará o ius novum produzido pelas decretais Pontíficies e dos concílios até os meados do séc. XIV.[4] No período de 1962-1965, a análise e revisão do código foram realizadas arduamente, e no fim do Concílio vaticano II, apresentou-se a revisão do Direito Canônico iniciada por João XXIII e continuada por Paulo VI. 
O direito exercido pela Igreja é de ordem divina, logo, aquele que assume o apostolado dentro da hierarquia, desenvolve-o em nome de Cristo, pois n’Ele está contida toda autoridade. 
Por fim, o Código de Direito Canônico vem apresentar normas regulares que ajudam a Igreja a exercer o seu papel de missionária, através do conteúdo jurídico-eclesial, pois, em nossos tempos os pontos abordados no Código, se atualizam com a prática pastoral da igreja no mundo. 


Fonte: [1]HEINRICH, Fries. Dicionário de Teologia. Volume 1/ Adão – Dogma. São Paulo: Loyola,1973. Verbete Direito Canônico, p.413. [2] Código de Direito Canônico. [3] A palavra provém do grego ekklesia (assembléia).
 A igreja é aqui na terra o corpo místico de Cristo. Nesta acepção, é chamada igreja invisível, a que tem vida interior, espiritual. Cristo é a cabeça desse corpo


 < http://www.renovado.transvidia.com.br/eclesiologia.htm>. Acesso em 21 de fevereiro de 2007 às 22h14mm. [4] ALBERIGO, Giuseppe (org). História dos Concílios Ecumênicos. 2º Edição. São Paulo: Paulus, 1995, p. 196.


origem: Código de Direito Canônico http://pt.shvoong.com/law-and-politics/1672328-c%C3%B3digo-direito-can%C3%B4nico/#ixzz1HtmcUWRA

27 de março de 2011

Vida transfigurada

Na dimensão da Campanha da Fraternidade de 2011, somos provocados a construir uma “terra sem males”, uma sociedade que seja marcada pela justiça e pela paz.
Sabemos dos desafios modernos para isto, mas é aí que vamos encontrar as bênçãos divinas para o povo.
Muitas pessoas passam por situações difíceis, e até conflitantes.
Outras vivem mergulhadas no mundo ilusório e numa felicidade insustentável. O próximo passo poderá ser uma real insatisfação e desespero. Não podemos trilhar uma história sem esperança e sem fé.


A falta de uma fé comprometida faz com que a vida fique sem rumo, vazia de perspectivas e distante do Deus da vida. A vida transfigurada exige rompimento com as seguranças que impedem a caminhada na direção apontada pela vontade de Deus.


O projeto do Criador indica um mundo sem exploração e sem fome. Ele quer um caminho de liberdade, uma sociedade sem opressão e uma ação nova para o bem da vida. Isto é impossível acontecer sem uma expressão concreta de fé e de confiança num mundo novo.


Ser pessoa transfigurada não significa rejeitar a tradição passada, mas assumir nova dimensão dentro do novo contexto da sociedade. Os projetos vividos hoje se manifestam também de forma nova. Até dizemos que vivemos numa nova manifestação divina.


É importante levar em conta o relato bíblico, que diz: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24). Este é o fato real da transfiguração, de saída do alto da montanha para enfrentar a vida concreta.


A cena da transfiguração bíblica revela uma passagem do antigo para os novos tempos. É como ruptura com uma cultura arcaica, sem vigor e esperança, para uma realidade nova e regada de condições para uma cultura de vida.


Hoje somos chamados a assumir a fé e a total confiança em Deus. Ele sustenta os nossos passos na verdade, na justiça e no amor. Por isto é importante a coerência entre fé e vida, dando testemunho de doação alegre e fraterno.

Fonte: DOM PAULO MENDES PEIXOTO
BISPO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP






A Transfiguração

Deus nos deu inteligência e perspicácia, mas nós, apegados à vidinha do dia-a-dia, não conseguimos enxergar além do nosso nariz. 
O homem consegue ir à lua e não vê o que é mais profundo, que está bem ao seu alcance e que é verdadeiro e eterno, que não o faz arriscar a vida, mas renová-la. E não é porque não temos capacidade.

Um pouco é desinteresse, pois ficamos preocupados com o que é palpável, vantajoso; o que é mais cômodo, aquilo que não exige que abramos o coração, deixando a amor, a fé, a confiança entrar.


Os apóstolos conviveram com Jesus, ouviram a sua mensagem, assistiram a seus milagres, acompanharam-no cotidianamente, mas ainda não tinham compreendido a verdadeira dimensão da sua missão messiânica.


Querendo forçar o raciocínio deles, disse-lhes que, como os fariseus não O escutavam, eles também, os apóstolos, se quisessem, poderiam seguir outro mestre.
E São Pedro responde: “A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna.”


Em outra ocasião, Ele pergunta a seus discípulos:
“Quem vocês acham que eu sou?” E o mesmo São Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.”


Muito bom. Estavam reagindo. Mas, quando Ele disse que devia ir a Jerusalém para se submeter a sua Paixão, os apóstolos se revoltaram. Não concordaram, não compreenderam.


A Transfiguração de Cristo tem por finalidade justificar a fé dos apóstolos em vista da Paixão: a subida à montanha, onde Ele se transfigurou, prepara a subida ao Calvário. “Cristo, cabeça da Igreja, manifesta o que o seu corpo contém e irradia nos sacramentos: a esperança da Glória”, nas palavras de São Paulo aos colossenses.


A presença de Moisés e Elias documenta o que a Lei e os Profetas já diziam, no Antigo Testamento sobre o Redentor. Ainda assim, São Pedro queria construir uma tenda para eles, sem ter a compreensão total do que estava presenciando.


Uma nuvem cobre os apóstolos, fazendo-os enxergar melhor, sob a ação do Espírito Santo. E uma voz ressoa para eles: “Este é o meu Filho muito amado. Escutem-no.”


Como no Batismo de Cristo, a Santíssima Trindade se manifestou. Foi então que os apóstolos compreenderam e acreditaram. Eles tiveram, por um momento, um vislumbre do Céu.


Somos todos nós lerdos no pensar e no agir.
É preciso que se coloquem as verdades no nosso nariz para que possamos pensar em compreender. Somos como os apóstolos. Somos ainda piores, porque eles eram homens rudes, sem muita instrução.

E nós, mesmo quando estudamos acerca da vida e do mundo, mesmo quando somos muito “instruídos”, ainda necessitamos que o Senhor se transfigure ante nós, para crermos na sua missão salvífica.


Nesses dias estou peregrinando na cidade eterna de Roma, visitando os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo e fazendo a experiência quaresmal de peregrinação e de penitência. 

Faço esta peregrinação em agradecimento a Deus pela graça de ter servido com destemor e dedicação exclusiva às Igrejas de Luz e de Juiz de Fora.
Aqui rezo por você que me acompanha semanalmente na partilha destes modestos textos. O que me anima ainda a escrever é partilhar a existência vivida na busca do Transfigurado.

O testemunho dos evangelistas sobre a transfiguração de Cristo (e os sinóticos documentam os fatos) deve levar-nos a, não só crer, mas agir, como conseqüência desta crença, amando-nos uns aos outros, perdoando os tropeços de cada um, ajudando-nos mutuamente a se levantar, combatendo a ganância, a violência, o egoísmo, para que consigamos construir um mundo novo, transfigurado, cheio de luz, paz, igualdade, justiça, amor. 
Sem dúvida este será um vislumbre do Céu.

Fonte:DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO


ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG

23 de março de 2011

A Igreja e a Escravidão indígena e africana

Eis um importante assunto que até hoje é comentado em salas de aula, roda de professores, dentro das igrejas e ainda é muito pesquisado por historiadores e demais cientistas sociais, políticos e teólogos.
Atualmente a Igreja lamenta tais procedimentos, entendimentos, pois assim como toda a sociedade, aprendeu com seus erros, falhas, equívocos, além de olhar para frente e, melhorar e renovar suas formas de pensar.


Tendo isso em mente, vamos a uma breve explicação.
Ressalto que esse texto é uma síntese visando informar e esclarecer possíveis dúvidas sobre o tema, além de cativar o leitor a pesquisar mais profundamente todos os pontos citados ao longo do mesmo, ok?
Existem inúmeros textos que podem ajudar a entender o período, os quais estarei citando ao final.


Recortarei esse tema para a Conquista e Colonização Ibérica na América.
Portugal e Espanha, países católicos, trouxeram junto com os navios e desbravadores, os sacerdotes, os quais tinham a missão de expandir a fé para essas novas terras. Encontraram sociedades nativas com costumes totalmente diversos, ou como diria o antropólogo Lévi Strauss, os europeus encontraram “outra humanidade”. Na colonização espanhola viu-se uma verdadeira “Guerra de Imagens” e a condenação das práticas religiosas dos nativos sendo colocada como “idolatrias” ou “demoníacas”. Realmente essa colonização foi mais dura, observando essas questões, do que a portuguesa.


A sociedade européia, nesse período, teve alguns problemas na forma de lidar com o elemento nativo americano. Num primeiro momento muitos achavam que eles não teriam alma. Depois entenderam que eles eram pessoas puras e necessitavam receber o Evangelho, outros ainda pensavam que deveriam ser tratados como os “mouros” (muçulmanos africanos / árabes). E a Igreja de Roma também precisava lidar com essa situação. Muitos debates foram vistos, livros foram escritos sobre o nativo – “índio”.


A escravidão dos africanos já era uma prática pelas próprias tribos do continente e quando os portugueses passaram a avançar pelo litoral da África, muitas tribos começaram a vender esses escravos, fato que era muito bem visto pelos conquistadores. Com a chegada à América, esses escravos serão a base da mão-de-obra da América Portuguesa.


O projeto colonial português se afirmava desenvolvendo duas formas de intervenção drásticas para a sobrevivência dos povos indígenas: usurpação de suas terras e exploração da sua força de trabalho. Na realidade, os primeiros escravos do Brasil foram os índios, também chamados, na documentação oficial, de “negros da terra” ou “gentío da terra”.


De início, recorreu-se aos indígenas, com o escambo, contudo, os portugueses queriam o trabalho em tempo integral e, para isso, necessitou escravizar os nativos. Eram usados como força de trabalho em tempo de guerra e em tempo de paz: soldados contra o invasor não português e trabalhadores na construção de obras públicas, engenhos, fortalezas, nas plantações do colonizador.


A chamada Igreja Colonial foi baseada em situações controversas. Alguns historiadores afirmam que estudar esse período é algo muito complexo, pois essa sociedade era muito diferente das demais e também foi única.


Os negros foram introduzidos no Brasil a fim de atender às necessidades de mão-de-obra e às atividades mercantis (tráfico negreiro). O comércio de escravos africanos para o Brasil teve início nos primeiros tempos da colonização. Na África os negros eram trocados por aguardentes de cana, fumo, facões, tecidos, espelhos, etc. Os africanos que vieram para o Brasil pertenciam a uma grande variedade de etnias.


Desde o século XVI o Cristianismo tem sido a principal religião do Brasil, predominando a Igreja Católica Apostólica Romana. O catolicismo no Brasil foi trazido por missionários que acompanharam os exploradores e colonizadores portugueses nas terras do Brasil. O catolicismo possui grande presença social, política e na cultura do Brasil.


A Igreja e o Estado possuíam funções e posições muito próximas, como uma forte aliança do tipo “Trono e Altar”, “Cruz e Espada”, entende? Atualmente não vemos essa forte ligação, todavia, nos séculos XV ao XVIII, por exemplo, era um fato muito comum. A Igreja sempre esteve ligada a Coroa portuguesa desde a Idade Média (476-1453) e vemos essa participação também na colonização da América Portuguesa. Os reis exerciam o “Padroado”, ou seja, com a autorização papal eles nomeavam as autoridades religiosas e os religiosos passavam a ser “funcionários” do Estado.


ATENÇÃO!! Não podemos esquecer que nesse momento está o correndo paralelamente a Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero em 1517, e a Igreja de Roma estava com os olhos voltados para evitar que ela se alastrasse por toda a Europa. Assim vemos essa concessão papal visando um auxílio para a evangelização no Novo Mundo. Com isso, os estados controlavam a atividade eclesiástica da colônia por meio do padroado, assim arcava com o sustento da Igreja colonial e ganhava a obediência e o reconhecimento da Igreja de Roma. Além disso, o Estado nomeava os bispos e párocos e concedia licenças para a construção de novas igrejas, ajudando financeiramente todo este processo.


A atuação da Cia de Jesus na América se dará na catequese dos indígenas, utilizando o teatro, a difusão das imagens visando a conversão e o controle social. São contra a escravidão indígena, visam salvar suas almas, modificar seus hábitos e costumes que não condiziam com o Cristianismo.


Os nativos nunca tiveram o contato anterior com o Cristianismo, mas, como já foi mencionado, ainda existia um debate muito visto: se o nativo teria alma ou não.


Em 1549, seis jesuítas da Companhia de Jesus acompanharam o Governador-Geral Tomé de Souza, estes eram chefiados pelo Padre Manoel de Nóbrega, em 1580 os carmelitas descalços chegaram ao Brasil e em 1581 tiveram início às missões dos beneditinos. Durante o século XVI e XVII, o governo português, representado pelos governadores-gerais, buscara o equilíbrio entre o governo central e a Igreja Católica, com o intuito de diminuir e administrar os conflitos existentes entre os missionários, os colonos e os índios.


Eis a famosa pergunta: Por que a Igreja apoiou a escravidão africana??


O contato dos africanos com o Cristianismo não começa nesse período.


Vemos que, ao longo da Idade Média (476-1453), esse contato com os mouros (árabes muçulmanos) no processo re reconquista da península ibérica desde o ano de 711. Vemos também na ação portuguesa em realizar o “périplo africano” nas Grandes Navegações, aonde o Cristianismo se propagou pela costa da África. A religião nativa era contrária aos princípios cristãos, a grande maioria não aceitou o Evangelho, além da religião Islâmica já estar bem propagada e por também não aceitar tais princípios dos cristãos. Podemos entender a postura da Igreja frente a essa problemática por vários ângulos diferentes, pois são muitas as explicações que são dadas. Eis uma explicação:


Assim, a Igreja passou a ver esses que se recusaram a Fé, como descendentes de Cam, personagem bíblico, um dos filhos de Noé, que foi amaldiçoado pelo próprio pai. Tal fato é narrado no livro de Gênesis, no Antigo Testamento: “Maldito seja Canaã, disse ele; que ele seja o último dos escravos de seus irmãos!” (livro do Gênesis 9, 25).


Os mouros foram assim combatidos ao longo de toda a Idade Média. Eram chamados também de infiéis. Os africanos assumem essa conformação e são vistos como escravos, assim como Cam. Contudo, o trabalho forçado garantiria a libertação deles do pecado do paganismo, para serem merecedores da graça eterna, da salvação na outra vida.


Com a chegada à América, os nativos também passariam por esse crivo dos europeus. Por acreditarem que não tinham alma podiam ser tratados como “coisa”, logo eram inferiores e poderiam ser escravizados, explorados. Outros foram tratados da mesma forma que os africanos, pois algumas tribos eram canibais ou realizavam sacrifícios humanos, por exemplo. Surgia assim a chamada Guerra Justa. Os nativos que ficavam nas Missões (vilas administradas por jesuítas) eram evangelizados e não podiam ser escravizados. Porém, esses fatos não era algo perfeitamente concluso, pois gerava muitos debates por religiosos e autoridades na época.


Com o a chegada do Pe. Manuel da Nóbrega (1517-1570), junto com Tomé de Souza; José de Anchieta (1534-1597), em 1553; o padre Antônio Vieira (1608–1697); dentre muitos outros, temos a forte presença religiosa. Eles foram fundamentais para a ampliação da cristianização dos nativos na América Portuguesa, através de seus sermões que valorizavam a vida humana, atacavam os maus tratos dos senhores, assinalavam que os escravos precisavam trabalhar arduamente para purificar seus corpos visando a salvação... Os mesmos padres que apoiavam os senhores, em outros momentos puxavam suas orelhas devido aos maus tratos com os escravos e por privarem eles dos sacramentos da igreja. Em outros textos, os jesuítas criticam os escravos que são preguiçosos, que desafiam os senhores, pois deveriam ser “bons escravos”;


Vemos uma igreja complexa, assim como a sociedade daquele período; não há como separar a Igreja do restante da sociedade, pois ela é regida pelos homens; ela estava dentro de um pensamento típico dos séculos XIV, XV, XVI, XVII, XVIII..., logo não podemos analisar essa Igreja segundo os parâmetros do século XXI; precisamos entender aquele processo histórico, as suas tensões, sua complexidade dentro do seu próprio contexto e imaginário.


Bem, a Igreja de Roma partia do princípio de que detinha a verdade e, por isso, obrigava pela força que todos os demais estivessem de acordo com suas idéias.


Pedidos de Perdão de João Paulo II


João Paulo II, em março de 2000, lançava um documento de 90 páginas, agrupando as incorreções em blocos que abrangem praticamente toda a história da Igreja, pecados contra os direitos dos povos e o respeito à diversidade cultural e religiosa, ou seja, a evangelização forçada colocada a serviço da colonização de povos dominados, além de citar a Inquisição, as Cruzadas, ataques aos judeus, indígenas, árabes, dentre outros. Em 2004, novamente pedia perdão pelos "erros cometidos a serviço da verdade por meio do uso de métodos que não têm relação com a palavra do Senhor" (Inquisição).


Ele pediu perdão pelos pecados cometidos pela Igreja Católica durante os últimos dois mil anos, incluindo o tratamento dispensado a pessoas de outras religiões. O Pontífice citou o uso da violência "a serviço da fé" e a hostilidade contra os praticantes de outras religiões


"Estamos pedindo perdão a Deus pelas divisões entre cristãos, pelo uso da violência que, por vezes, praticamente a serviço da fé e por atitude de desconfiança e hostilidade assumidas contra os praticantes de outras religiões", disse o Santo Padre; e humildemente também pediu perdão a Deus pelas "responsabilidades dos cristãos nos males de hoje". O Sumo Pontífice pediu ainda perdão a Deus pelos "erros cometidos por outros contra cristãos. O Papa descreveu a sua ação como uma tentativa para "purificar a memória" de uma triste história de ódio e rivalidades.


Fonte: Juberto Santos











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