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29 de março de 2011

O que é a vida de Deus?

Comenta São Tomás de Aquino, baseando-se em Aristóteles: 
“É chamado de vivo tudo o que se move ou age por si mesmo. Os que, por natureza, não se movem nem agem por si mesmos só serão chamados vivos por semelhança”.
Dentre os seres vivos, encontram-se diferenças importantes. As plantas, por exemplo, exercem as funções próprias à sua natureza, como: nascer, nutrir-se, desenvolver-se e reproduzir-se. Um quadrúpede possuirá estas mesmas capacidades, mas acrescido de sensação, apetite e locomoção. Capacidades que seriam aberrações no gênero dos vegetais. Por fim, o ser humano contém em si a totalidade da vida criada, pois, além dos graus de vida concernentes às plantas e aos animais, possui uma inteligência racional, sendo capaz de conhecer, deliberar e escolher.
Mas a vida não significa simplesmente uma operação de funções. 
A vida do homem não é o que ele é capaz de fazer, mas o que ele é. 
Segundo Aristóteles, “para os seres vivos, viver é ser”.
O ato de ser é o ato de estar vivo, com todas as capacidades próprias à sua natureza. Quando, porém, uma criatura morre, já não está apta para praticar o que lhe é próprio.


Tanto o ato de viver, como a forma de se viver bem, são pálidos reflexos de uma vida divina. A vida que está presente na natureza não é uma geração espontânea, como pensam alguns. Tudo isto decorre de uma vida superior:
“Meu coração e minha carne exultam no Deus vivo” (Sl 83,3). Deus proporciona a capacidade para que as plantas exerçam as funções de sua natureza, elas não fazem esforço algum para decidir o que fazer. Seu grau de vida é o menor, portanto. Os animais agem por um instinto de acordo com sua natureza. Os seres humanos atuam com vista a um fim, seguindo o concurso da razão. Deus é o próprio fim do homem e é o que dá a possibilidade para que os seres operem de acordo com sua natureza.


No ser humano há órgãos que agem por si mesmos, sem que seja preciso o cérebro enviar-lhe nenhuma mensagem deliberada; por exemplo, o coração. Outros movimentos, como o das mãos, são comandados pelo cérebro e, inclusive, o próprio raciocínio abstrato tem sua fonte na parte intelectiva do homem. No entanto, todos estes movimentos têm uma única origem na unidade do ser humano, comandados pelo intelecto:
“É sinal disso o fato de que em um único e mesmo homem, o intelecto move as faculdades sensitivas, que por sua vez movem e comandam os órgãos, que executam o movimento”.
De modo semelhante ao nosso corpo, Deus é o ser que move todas as coisas e não é movido por ninguém. 
Conhece-se a Si mesmo e por inteiro, e nisto consiste sua perfeição, em não permitir um algo a mais, pois completa-se a Si mesmo: 
“Portanto, aquilo que por sua natureza, é o seu próprio conhecer e que não é determinado por outro quanto ao que lhe é natural, isto é, o que detém o sumo grau de vida. E este é Deus. Em Deus, por conseguinte, encontra-se a vida em seu mais alto grau”.


Todas as coisas foram criadas por Deus e são continuamente sustentadas por Ele. Neste sentido se pode dizer que tudo é vida em Deus. Vida porque já existiam em Seu intelecto, pois as conhecia desde toda a eternidade. Em Deus o seu viver é o seu conhecer.[5] Portanto, todos os seres criados são vida em Deus e alguns destes vivem por sua própria natureza: “tudo o que se encontra em Deus como conhecido é seu viver, sua vida. E como todas as coisas que Deus fez nele estão como conhecidas, segue-se que tudo, em Deus, é a própria vida divina”.


Em suma, Deus é a suprema vida que criou todos os seres e os sustenta em seu ser. Para algumas de suas criaturas deu a capacidade de moverem-se por si mesmas, segundo a natureza que lhes cabe, isto é o que caracteriza a vida natural. A vida é um dom que Deus concedeu às criaturas, sobretudo, ao ser humano que tem a capacidade de perceber este sinal de amor que vem do Criador.


Fonte:Thiago de Oliveira Geraldo

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