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10 de julho de 2013

Como se define se um texto é ou não inspirado?


Com certeza não perguntaram a Deus quais eram os inspirados e os heréticos, portanto foram homens comuns que fizeram essa crucial distinção.
Não estaria a cristandade sendo enganada por engodos há dois mil anos?"

A Igreja é quem define claramente quais são os livros canônicos, pois a ela foi dada a missão de ter o depósito da fé.

Deus não sai por aí respondendo perguntas de curiosos. Deus nos ensina através da Igreja. E Ele, que não pode Se enganar, e nem nos enganar, a revelou.
Não é difícil de entender que Deus Nosso Senhor quis se revelar. Pela forma de suas perguntas, se vê que você parte do principio de que não há intervenção divina na revelação, o que é contraditório. É óbvio que Deus cuida para que a Revelação seja transmitida corretamente, senão para que Ele Se revelaria?

A Revelação não é produto da consciência individual ou coletiva do homem através dos tempos. Ou conjunto de estórias desenvolvidas por grupos como meio de dominação cultural. Isto tudo não é Revelação, por definição.

A revelação é sobrenatural e externa ao homem. Portanto ela não nos chega de modo direto e imediato, mas através da Igreja.

Como a verdade é una, só pode haver uma Igreja que Ele estabeleça para transmitir e guardar a revelação. E essa é a Igreja que Ele fundou: a Igreja Católica.

Cristo, Verbo de Deus, confiou Sua verdade e Sua graça à Igreja Católica, para que transmitisse aos homens de todas as gerações:

"Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois e ensinai todos os povos...Eis que Eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28. 18-20)

A garantia de que a Igreja cumprirá  fielmente esta missão não reside em si apenas, enquanto composta de homens frágeis, mas na presença eficaz de Cristo e de Seu Espírito Santo, até a consumação dos tempos (cf. Jo 14, 16-17 e 16, 13-15).

Ora, foram duas as formas de transmitir (tradere) a Revelação: a Tradição (traditio), e as Sagradas Escrituras. Sendo que estas últimas, são posteriores à primeira e necessitam dela para ser retamente interpretadas, pois as Sagradas Escrituras nasceram da Tradição.

O próprio fato da existência e o número dos livros inspirados (canon) só os conhecemos pela Tradição.

O canon bíblico é composto por 45 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento.

Antigo Testamento:

Existem dois cânones do Antigo Testamento: o Alexandrino, também chamado Versão dos Setenta (Septuaginta), que é o verdadeiro e sempre foi utilizado pela Igreja desde o início, e o Palestinense (bíblia hebraica), fixado no séc I de nossa era pela Escola de Jâmnia. Foi usado na Palestina e era o único reconhecido autêntico pelos fariseus.

A Septuaginta é uma tradução para o grego e foi feita no séc. III aC, em Alexandria (Egito), por setenta e dois sábios judeus, em virtude da diáspora. A população judaica nessa cidade já não mais compreendia a língua hebraica. Essa foi a Bíblia adotada pelos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo em suas pregações e textos: das 350 citações que o Novo Testamento faz dos livros do Antigo Testamento, 300 concordam perfeitamente com a versão dos Setenta, inclusive quanto às diferenças com o hebraico. E os fariseus não o condenavam por isto.

Por volta do ano 100 dC, os judeus da Palestina se reuniram em um sínodo na cidade de Jâmnia e estabeleceram alguns critérios para formarem o seu cânon bíblico, tais como: o livro não poderia ter sido escrito fora do território de Israel, o livro não poderia conter passagens ou textos em aramaico ou grego, mas apenas em hebraico, o livro não poderia ter sido redigido após a época de Esdras (458-428 aC), etc.

Por causa desses critérios nacionalistas, os livros escritos pela comunidade judaica do Egito não foram reconhecidos pelo sínodo de Jâmnia. Esses livros não reconhecidos e que aparecem na tradução dos Setenta são tecnicamente chamados de deuterocanônicos, por não terem sido unanimemente aceitos. São, portanto, deuterocanônicos no Antigo Testamento os seguintes livros: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, 1Macabeus e 2Macabeus, além das seções gregas de Ester e Daniel.

Durante muito tempo vingou entre os eruditos não católicos, isto é, hereges protestantes, a teoria de que o cânon alexandrino tinha ampliado o cânon hebraico, o palestinense. O chamado sínodo de Jamnia não teria reconhecido este acréscimo, e por isso não reconheceu como inspirados os deuterocanônicos. Esta tendência era comum entre os reformadores do século XVI.

Recentemente, porém, graças às descobertas de Qûmram, mais conhecidos como Manuscritos do Mar Morto, o cânon tradicional católico foi mais uma vez confirmado, porque se descobriu que aquela comunidade hebraica mais antiga dispunha de uma coleção semelhante à tradução dos Setenta. Ou seja, não foram os alexandrinos que ampliaram o catálogo dos Livros Sagrados, mas a Escola de Jamnia que o reduziu.

Portanto se vê claramente, inclusive pelas pesquisas mais recentes, que o cânon da Igreja sempre foi o correto. Qualquer historiador honesto reconheceria isto.

Novo Testamento:

Foi mais fácil se ter o controle da canonicidade dos livros do Novo Testamento, pela própria organização da Igreja nos primórdios do Cristianismo. Com a doutrina integra, e principalmente com a Tradição, os primeiros cristãos tinham a mesma doutrina que temos hoje. O primeiro critério de canonicidade é óbvio: a integridade da doutrina.

Desde os tempos remotíssimos, documentos episcopais, sinodais, e também papais, recusavam os apócrifos e davam a lista completa dos escritos canônicos. Assim por exemplo, a Carta Pascal de Santo Atanásio (367) relaciona todos os 27 livros do Novo Testamento, aí incluída a Epístola aos Hebreus, a segunda e a terceira de São João e a de São Judas Tadeu, sobre as quais havia antes algumas dúvidas. Em Santo Atanásio temos um testemunho autorizado do Oriente; no Ocidente temos a lista completa dos 45 livros do Antigo Testamento, e dos 27 do Novo no decreto do Papa São Damaso (382), lista que se repete nos Concílios de Hipona (393) e de Cartago (397) e na carta do Papa Inocêncio I a Exupério, bispo de Toulouse (405), e, bem mais tarde, no sínodo "in Trullo" de 692.

Fora esses livros tidos como canônicos desde os primórdios, é tudo apócrifo.

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