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21 de julho de 2013

O Prefácio e as Orações Eucarísticas

Antes de tudo, precisamos esclarecer o que é um prefácio próprio. Os conceitos são dois. Em primeiro lugar, a oração eucarística tem um prefácio próprio (a II e a IV, bem como as orações eucarísticas especiais para as missas por diversas necessidades e pela reconciliação). Em segundo lugar, a missa do dia tem um prefácio próprio.

No segundo caso, em meados dos anos 1970 a Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos esclareceu em resposta oficial à Conferência Episcopal Italiana que um prefácio próprio significa o prefácio do dia, não o prefácio do tempo litúrgico. Portanto, as missas com prefácio próprio são aquelas com prefácio que é obrigatório recitar em um dia específico.

Na prática, trata-se das missas de maior solenidade com prefácios prescritos, como Natal, Páscoa e Sagrado Coração de Jesus, ou aquelas que têm uma série específica de prefácios, como os domingos do advento e da quaresma.

Uma oração eucarística que tem prefácio próprio não pode ser usada se outro prefácio for obrigatório em um dia específico.

Ou seja, a Oração Eucarística IV pode ser usada nos domingos do Tempo Comum. Ela também pode ser usada para as missas da semana durante o mesmo período. E pode ser usada até mesmo para as missas da semana em períodos como o advento e a quaresma, exceto no final desta, quando é obrigatório o prefácio da Paixão do Senhor. No entanto, do ponto de vista pastoral, é provavelmente mais apropriado respeitar o prefácio do tempo em questão, a menos que haja uma boa razão para se usar a Oração Eucarística IV.

Da mesma forma, esta oração eucarística pode ser usada para qualquer missa votiva, mesmo que as rubricas indiquem outro prefácio. Dado que a celebração de uma missa votiva é uma escolha em si mesma, as partes variáveis ​​da missa não são estritamente obrigatórias.

Um exemplo: o prefácio de São José é obrigatório em 19 de março, e, consequentemente, a Oração Eucarística IV não pode ser usada nesse dia. Já no caso de ser celebrada uma missa votiva de São José em qualquer data em que essas missas sejam permitidas, tem-se a liberdade de usar o prefácio de São José ou outro prefácio válido. Assim, pode ser usado nestas ocasiões também o quarto cânone.

E a Oração Eucarística II? É verdade que esta oração eucarística tem um prefácio próprio, mas as rubricas indicam explicitamente que ele pode - e muitas vezes deve - ser substituído por qualquer outro dos prefácios ordinários ou do tempo em questão. Ela pode ser usada, portanto, exatamente da mesma forma que as orações I e III, que não têm prefácios próprios.

O motivo pelo qual esta oração eucarística tem o seu próprio prefácio está nas suas origens. Ela é uma adaptação da anáfora atribuída ao presbítero romano Hipólito, martirizado no ano de 235 d.C. Embora estudos recentes tenham questionado a sua associação com Santo Hipólito, ela continua sendo o mais antigo texto existente de uma oração eucarística desenvolvida, tão antigo que precede até mesmo a introdução do Sanctus na liturgia.

Como o Sanctus é agora considerado essencial na estrutura literária da oração eucarística, foi decidido adaptar a primeira - e teologicamente mais rica - parte desta antiga oração e transformá-la num prefácio.

Outras mudanças mexeram na linguagem, conforme os desenvolvimentos dogmáticos posteriores. Por exemplo, a versão original usava a frase “o vosso servo Jesus Cristo”, uma terminologia perfeitamente ortodoxa um século antes da heresia de Ário (256-336), mas difícil de entender nos séculos sucessivos.

É uma pena, talvez, que tenham sido removidas algumas expressões muito vivas, como no relato da instituição, em que se explica que Cristo "se entregou voluntariamente à sua paixão para [...] romper os grilhões da morte e esmagar o inferno".

Por causa da sua brevidade, é muito indicado para as missas durante a semana. Embora não seja proibido aos domingos nem nas solenidades, é preferível não usá-lo para não criar um desequilíbrio entre a maior duração da Liturgia da Palavra e a duração mais curta da Liturgia da Eucaristia.

Em relação ao uso das orações eucarísticas da reconciliação, o missal explica que estas orações podem ser usadas nas missas em que o mistério da reconciliação é particularmente enfatizado. Elas incluem as fórmulas da missa por necessidades particulares, como a promoção da harmonia social, a reconciliação, a justiça e a paz, em tempos de guerra e de instabilidade social, para a remissão dos pecados, para a promoção da caridade, o mistério da Santa Cruz, da Eucaristia e do Preciosíssimo Sangue e as missas durante a quaresma.

Estas orações eucarísticas têm um prefácio próprio, mas é permitido usá-las com outro prefácio que de alguma forma se relacione com os temas da penitência e da conversão; por exemplo, com os prefácios de quaresma. Naturalmente, essas orações eucarísticas podem ser usadas no período da quaresma.

As rubricas não fazem distinção entre dias de semana e domingos e, portanto, podem ser usadas no dia do Senhor desde que se respeitem os prefácios próprios que devem ser usados em alguns domingos da quaresma.

Assim como no caso das missas sugeridas nas rubricas, estas orações eucarísticas costumam ser úteis durante os retiros e exercícios espirituais, para promover a reconciliação com Deus e a descoberta da sua misericórdia.

Quanto à "Oração Eucarística para uso nas missas por várias necessidades", não é feita nas rubricas latinas nenhuma menção a substituições do prefácio, e, por isso, estas quatro orações não podem ser separadas dos seus prefácios.

Assim, o uso destas orações fica restrito às ocasiões em que uma missa por várias necessidades pode ser celebrada. Seu uso ocorre principalmente durante o tempo comum, porque a celebração dessas missas é muito limitada durante os principais tempos litúrgicos.

Na realidade, não se trata de quatro diferentes orações eucarísticas, mas sim de quatro versões de uma única oração, que enfatizam temas diferentes. Esta ênfase acontece em especial durante o prefácio de cada versão e numa parte das intercessões após a consagração.

Ou seja, separando-se estas orações dos seus prefácios, tira-se ênfase do tema particular que a oração procura destacar.

A primeira versão, "A Igreja rumo à unidade", é particularmente adequada para as missas pelo papa, pelo bispo, pela eleição do sumo pontífice, por um concílio ou sínodo, pelos sacerdotes, pelo sacerdote celebrante, pelos ministros da Igreja e por ocasião de uma assembleia espiritual e eclesial.

A segunda, "Deus orienta a sua Igreja pelo caminho da salvação", é recomendada para as missas pela Igreja, pelas vocações, pelos leigos, pela família, pelos religiosos, para postular a caridade, pelos parentes e amigos, e nas missas de ação de graças.

A terceira adaptação, "Jesus, nosso caminho para o Pai", é especialmente indicada nas missas pela evangelização dos povos, pelos cristãos perseguidos, pela nação ou cidade, pelo chefe de Estado ou de governo, pelo parlamento, no início do ano civil e pelo progresso dos povos.

Finalmente, a quarta versão desta oração eucarística, "Jesus, modelo de amor", é particularmente pertinente nas missas pelos refugiados e exilados, em tempo de carestia ou por quem sofre de fome, pelos aflitos ou por quem nos persegue, pelos prisioneiros e pelos presos, pelos doentes, pelos moribundos, para implorar a graça de uma boa morte e por qualquer necessidade.

Esta análise parcial das missas por várias necessidades também nos oferece a oportunidade de redescobrir o tesouro da oração de intercessão da Igreja, que muitas vezes permanece escondido no missal.

Padre. Edward McNamara

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