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25 de julho de 2013

Visita de Francisco à comunidade de Varginha: vocês não estão sozinhos, a Igreja e o Papa estão com vocês

O Santo Padre realizou no final da manhã desta quinta-feira um de seus compromissos mais aguardados desta sua primeira viagem apostólica internacional: a visita, em Manguinhos, à comunidade de Varginha, uma favela hoje pacificada.

A visita deu-se logo após o primeiro compromisso público do Santo Padre neste seu quarto dia em terras brasileiras, ou seja, o recebimento das "Chaves da Cidade" do Rio de Janeiro e a bênção das bandeiras dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. O ato, dividido em dois momentos, foi realizado no Palácio da Cidade, sede da prefeitura.

Ao chegar à comunidade de Varginha, Francisco recebeu mais uma calorosa demonstração de carinho e afeto do povo que, entusiasta, acolheu o ilustre visitante.

Acolhido pelo pároco da comunidade, pelo vigário episcopal e pela Superiora das Irmãs da Caridade, o Papa dirigiu-se à pequena igreja dedicada a São Jerônimo Emiliani – fruto da missão dos Padres Somascos e das Irmãs Missionárias da Caridade –, onde se encontravam alguns membros da comunidade paroquial. Após um momento de oração, Francisco abençoou um novo altar e ofereceu um cálice de presente à paróquia.

Depois deste primeiro momento, o Santo Padre seguiu a pé até o campo de futebol onde a comunidade se encontrava reunida. No caminho pôde parar algumas vezes para saudar os presentes, abençoar a todos, sobretudo, as crianças, fazer-lhes uma carícia, um gesto de carinho.

Antes de chegar ao campo teve lugar um momento particularmente significativo. O Papa entrou na residência de uma família: numa casa pequena encontravam-se presentes mais de 20 pessoas, entre crianças e anciãos. O Papa deteve-se com cada um deles, tomou uma criança nos braços, abençoou-a e posou para uma foto-recordação com cada um. No final, todos juntos, rezaram o Pai-Nosso e a Ave-Maria.

Somente depois chegou então ao campo de futebol sendo acolhido com visível comoção e entusiasmo pela multidão. Ali um casal dirigiu-lhe uma breve saudação de boas-vindas, chamando-o de Pai Francisco:

Inicialmente afirmando que muitos se perguntavam sobre o motivo da escolha da visita àquela comunidade, sendo uma comunidade igual a tantas outras, concluíram dizendo ter encontrado a resposta:

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"Talvez somente agora, Pai, é possível encontrar a resposta porque esta comunidade está recebendo a sua visita. Porque somos pequenos, pobres, esquecidos, e mesmo diante dos aplausos e holofotes, permanecemos fiéis a Deus, simples, humildes e unidos. Esta comunidade, como todas as demais comunidades do Rio de Janeiro e, ousamos dizer, do mundo, hoje se sente visitada e recordada por aquele que é o “Doce Cristo na Terra”. Todas as periferias olham e se identificam com o ministério que o senhor, Pai Francisco, continua a exercer indo ao encontro daqueles que são “invisíveis” a sociedade. Obrigado, pelo testemunho e amor!"

O Papa iniciou o seu discurso com uma exclamação:

"Que bom poder estar com vocês aqui! Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um "cafezinho", não um copo de cachaça, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós... Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês que hoje representa todos os bairros do Brasil."

Após frisar como é bom ser bem acolhido, com amor, generosidade, alegria, e por isso agradecer a todos, ressaltou a generosidade da qual os pobres são particularmente prodigiosos, lançando em seguida um apelo:

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"E povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão."

Além disso, o Santo Padre lembrou que a "medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza".

Afirmando que a Igreja, advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, deseja oferecer a sua colaboração em todas as iniciativas "que signifiquem um autêntico desenvolvimento do homem todo e de todo o homem", o Papa disse:

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"Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano."

Ademais, antes de concluir Francisco quis deixar mais uma veemente exortação:

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"Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância» (Jo 10,10)."

O Pontífice concluiu reiterando que eles não estão sozinhos, que a Igreja está com eles, o Papa está com eles, afirmando levar cada um em seu coração, confiando-os todos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com carinho concedeu-lhes a sua Bênção. (RL)

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