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18 de setembro de 2013

Sacerdotes devem ser servidores misericordiosos e não funcionários, diz o Papa

Retomando a "Mensagem de Aparecida aos Presbíteros",o Papa Francisco teve um cordial encontro na Basílica de São João de Latrão, com os sacerdotes da Cidade Eterna, e recordou-lhes que não devem ser funcionários, mas servidores misericordiosos, discípulos e missionários.

Conforme assinala a Rádio Vaticano, para este encontro, o Santo Padre pediu que o Vigário da diocese de Roma, Agostino Vallini, enviasse aos sacerdotes o texto de sua reflexão de 2008 para os sacerdotes de Buenos Aires, um ano depois da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e o Caribe de Aparecida.

O então Cardeal Jorge Mario Bergoglio iniciava sua reflexão -titulada "Mensagem de Aparecida aos Presbíteros"- explicando que a propunha como uma guia de exposição de diversos aspectos sobre a identidade presbiteral à luz do Documento de Aparecida".

"O presbítero, sua identidade, missão, pertença, comunhão, com a imagem do Bom Pastor, como discípulos de Jesus Cristo, apaixonados pelo Senhor, fiéis e ardorosos missionários, servidores cheios de misericórdia, pastores que cuidam e acompanham, aproximando-se e comprometendo-se com os pobres em todas as periferias da existência".

Depois de destacar o específico dos discípulos e missionários, na "espiritualidade sacerdotal em ordem à vida em Jesus Cristo para os nossos povos (vida desafiada em sua identidade, em sua cultura, em suas estruturas, em seus processos de formação e vínculos cfr. 192-195; 197)", a reflexão ressaltava que "o específico do sacerdote é estar em tensão". Em outras palavras, Aparecida renuncia a uma descrição estática da especificidade presbiteral. Esta existência tensionada exclui qualquer concepção do presbiterado como "carreira eclesiástica" com suas pautas de progresso.

O Cardeal definia a identidade do sacerdote em relação à comunidade com dois traços: um dom, em contraposição a ser delegado ou representante. Em segundo lugar, a fidelidade no convite do Mestre contrapondo-a a gestão. O então Cardeal recordava que a iniciativa vem sempre de Deus: a unção do Espírito Santo, a especial união com Cristo cabeça, convite à imitação do Mestre.

O sacerdote na dimensão de escolhido-enviado. O Arcebispo de Buenos Aires destacava que "o sacerdote pertence ao Povo de Deus, pois dele saiu, e a ele é enviado para fazer parte dele" e reiterava que a "con-vocação à comunhão na Igreja, coloca em guarda contra o isolamento do eu, de quem não entra nesta pertença de comunhão. Pois uma dimensão constitutiva do acontecimento cristão é a pertença a uma comunidade concreta, onde possamos viver uma experiência permanente de discipulado e de comunhão com os sucessores dos apóstolos e com o Papa".

Ao falar do celibato também o Documento de Aparecida se refere a esta dimensão comunitária na base mesma: "o celibato pede assumir com maturidade a própria afetividade e sexualidade, vivendo-as com serenidade e alegria em um caminho comunitário". O realizador desta comunhão e, portanto, desta pertença de comunhão do sacerdote e de toda vocação ao Povo de Deus, "é o Espírito Santo, quem impulsa e harmoniza tudo: ele não nos fecha ‘em uma intimidade cômoda, mas nos converte em pessoas generosas e criativas, felizes no anúncio e no serviço missionário’".

Com a imagem do Bom Pastor, o Documento de Aparecida destaca que "a primeira exigência é ser autêntico discípulo de Jesus Cristo, apaixonado pelo Senhor, para ser um ardoroso missionário que vive o constante desejo de procurar os afastados e não se contente com a simples administração".

Ligado ao tema do sacerdote ardoroso missionário, Aparecida convida à " conversão pastoral" a qual "exige que se passe de uma pastoral de mera conservação a uma pastoral decididamente missionária", sendo dóceis ao Espírito Santo, recordava o Cardeal Bergoglio, convidando com a Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI a recuperar o valor e a audácia apostólica "não através de evangelizadores tristes e desalentados, impacientes ou ansiosos, mas através de ministros do Evangelho cuja vida irradia o ardor daquele que receberam, acima de tudo em si mesmos, a alegria de Cristo e aceitam consagrar sua vida à tarefa de anunciar o Reino de Deus e de implantar a Igreja no mundo".

Sendo sempre servidores cheios de misericórdia, destacou logo o Arcebispo de Buenos Aires, assinalando no que respeita à opção pelos pobres, que é "preferencial" a importância da fidelidade na imitação do Mestre, sempre próximo, acessível, disponível para todos, desejoso de comunicar vida em cada canto da terra".

Junto com este aproximar-se e comprometer-se com os pobres em todas as periferias da existência, Aparecida assinala a experiência espiritual da misericórdia como necessária no presbítero, tendo a consciência de ser pecador, mas nunca corrupto assinalou o Card. Bergolio.

E evocando logo a Bento XVI em seu discurso inaugural de Aparecida, acrescentava que o sacerdote, como discípulo, encontra-se com Jesus Cristo, dá testemunho de que "não segue um personagem da história passada, mas Cristo vivo, presente no hoje e no agora de suas vidas".

O então Arcebispo de Buenos Aires refletia sobre os desafios do sacerdote e os reclamos do povo de Deus, que "quer-nos pastores de povo e não clérigos de Estado, funcionários", alertando contra a "mundanidade espiritual".

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