Francisco começou a homilia com uma citação do Profeta Amós: “Ai dos que vivem comodamente em Sião e dos que vivem tranquilos, deitados em leitos de marfim, comem, bebem, cantam, divertem-se e não se preocupam com os problemas dos outros”.
“Estas duras palavras nos advertem para um perigo que todos corremos: o risco da comodidade, da mundanidade na vida e no coração, de ter como centro o nosso bem-estar”, lembrou o Papa.
Francisco repassou a experiência do rico do Evangelho, que vestia roupas de luxo e cada dia se banqueteava lautamente; o importante para ele era isto. E o pobre que jazia à sua porta e não tinha com que matar a fome não era com ele, não lhe dizia respeito.
“Se as coisas, o dinheiro, a mundanidade se tornam o centro da vida, apoderam-se de nós, dominam-nos e perdemos a nossa identidade de homens”.
Ele explicou que “isto acontece quando perdemos a memória de Deus. Se falta a memória de Deus, tudo se nivela pelo ‘eu’, pelo meu bem-estar. A vida, o mundo, os outros perdem consistência, não contam para nada, tudo se reduz a uma única dimensão: o ter. Se perdemos a memória de Deus, também nós mesmos perdemos consistência, também nós nos esvaziamos, perdemos o nosso rosto, como o rico do Evangelho! Quem corre atrás do nada, torna-se ele próprio nulidade – diz outro grande profeta, Jeremias. Somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não das coisas, nem dos ídolos”.
Continuando, respondeu à questão: “Quem é o catequista?”.
“É aquele que guarda e alimenta a memória de Deus; guarda-a em si mesmo e sabe despertá-la nos outros. Como a Virgem Maria, não pensa nas honras, no prestígio, nas riquezas, não se fecha em si mesmo. O catequista é precisamente um cristão que põe a memória ao serviço do anúncio; não para se exibir, nem para falar de si, mas para falar de Deus, do seu amor, da sua fidelidade”.
Em seguida, Francisco mencionou a segunda leitura, em que São Paulo dá algumas indicações a Timóteo que podem caracterizar também o caminho do catequista: procurar a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão:
"O catequista é pessoa da memória de Deus quando tem uma relação constante, vital com Ele e com o próximo; se é pessoa de fé, que confia verdadeiramente em Deus e põe Nele a sua segurança; se é pessoa de caridade, de amor, que vê a todos como irmãos; se é pessoa de paciência e perseverança, que sabe enfrentar as dificuldades, as provas e os insucessos com serenidade e esperança no Senhor; se é pessoa gentil, capaz de compreensão e de misericórdia”, concluiu o Pontífice.
Antes de encerrar a celebração, Francisco cumprimentou todos e agradeceu a participação dos catequistas provenientes de todas as partes do mundo.
Dentre várias saudações, um pensamento especial foi dirigido a Sua Beatitude Youhanna X, Patriarca greco-ortodoxo de Antioqua e de todo o Oriente. Durante a celebração, o Papa trocou um abraço com o Patriarca, no momento do ‘gesto de paz’. Youhanna é irmão de um dos bispos ortodoxos sequestrados na Síria há cinco meses.
“Sua presença é um convite para rezarmos mais uma vez pela paz na Síria e no Oriente Médio”, disse às quase cem mil pessoas presentes na Praça.
Com elas, o Papa rezou a oração do Angelus e concedeu a todos a sua benção apostólica.
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