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7 de janeiro de 2014

Papa Francisco bloqueou exame desfavorável à “liturgia neocatecumenal” - Sandro Magister:

5 de setembro de 2013: Papa Francisco recebe os iniciadores do “Caminho Neocatecumenal”: Carmem Hernández, Kiko Argüello e Pe. Mario Pezzi.

A segunda decisão tomada pelo Papa Francisco no âmbito litúrgico foi a substituição em bloco de cinco consultores do departamento das celebrações papais.

Enquanto os anteriores estavam em sintonia com o estilo celebrativo de Bento XVI, entre os novos volta a aparecer, no entanto, algum dos mais fervorosos fautores das inovações introduzidas nos anos de João Paulo II sob a direção do então mestre de cerimônias pontifícias Piero Marini.

Correm vozes no Vaticano — para terror dos amantes da tradição — de que Piero Marini pode inclusive ser nomeado por Bergoglio como prefeito da Congregação para o Culto Divino. Mesmo que estas vozes sejam infundadas, fica o fato de que as atuais liturgias papais se diferenciam muito visivelmente das de Bento XVI.

O ápice desta diferença foi a missa celebrada por Francisco na praia de Copacabana, ao fim da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, com o “musical” que irrompeu no próprio coração da liturgia, com solistas, coros e ritmos de estádio de futebol.

Mas sem chegar a estes excessos, há elementos recorrentes no estilo celebrativo do Papa atual que surpreendeu esses fiéis negativamente, aos quais deu voz pesarosa — em uma carta abertura de 23 de setembro que deu volta ao mundo — a católica mexicana Lucrecia Rego de Planas, mãe de nove filhos, docente universitária e amiga de há muito tempo do próprio Bergoglio:

> “Muy querido Papa Francisco…”

Na carta, Lucrecia Rego de Planas diz, entre outras coisas, “sofrer” ao ver que Bergoglio, também como Papa, “não faz a genuflexão diante do Sacrário nem na Consagração”, como já fazia em Buenos Aires.

De fato é assim. Na missa, depois da consagração do pão e do vinho, o Papa Francisco nunca faz a genuflexão prescrita pela liturgia, mas somente se inclina. E no Rio de Janeiro, durante a vigília noturna transmitida, na Adoração do Santíssimo Sacramento, não se ajoelhou, mas permaneceu de pé ou sentando [ndr: alguns dizem que o Papa tem problemas para genuflectir, mas não para permanecer de joelhos. Desconhecemos uma nota oficial a respeito].

Todavia, também é verdade que ao finalizar a jornada de oração e jejum pela paz convocada por ele em 7 de setembro, na Adoração Eucarística na Praça de São Pedro, permaneceu muito tempo de joelhos.

E é necessário recordar que no vôo de volta do Rio de Janeiro, o Papa Francisco expressou admiração pelas liturgias orientais, cheias de sacralidade e de mistério, e muito fiéis à tradição, nestes termos:

“As Igrejas ortodoxas conservaram essa liturgia primitiva tão bela. Nós perdemos um pouco o sentido de adoração. Eles o conservaram, eles louvam a Deus, eles adoram a Deus. Necessitamos desta renovação, deste luz que vem do Oriente”.

De fato, entre os cinco novos consultores do departamento de celebrações papais, Francisco incluiu um monge de rito oriental, Manuel Nin, retiro do Pontifício Colégio Grego de Roma. A seu lado, consultores com outra visão, como o servita Silvano Maggiani e o monfortino Corrado Maggioni, ambos da equipe de Piero Marini.

Em suma, há em Bergoglio uma oscilação nas nomeações, nos gestos e nas palavras que torna difícil interpretar suas decisões e, sobretudo, prever os seus futuros movimentos.

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Papa Francisco recebe os iniciadores do "Caminho Neocatecumenal": Carmem Hernández, Kiko Argüello e Pe. Mario Pezzi.
5 de setembro de 2013: Papa Francisco recebe os iniciadores do “Caminho Neocatecumenal”: Carmem Hernández, Kiko Argüello e Pe. Mario Pezzi.
Mas além das duas decisões citadas, o Papa Francisco tomou outra reservadamente: bloqueou o exame realizado pela Congregação para a Doutrina da Fé sobre as missas das comunidades neocatecumenais.

A ordem de verificar se nestas missas havia abusos litúrgicos e quais seriam, havia sido dada pessoalmente por Bento XVI em fevereiro de 2012:

> Essa missa estranha que o Papa não quer

A execução deste exame havia terminado decididamente desfavorável ao “Caminho” fundado e dirigido por Francisco “Kiko” Argüello e Carmen Hernández, desde sempre muito à vontade para modelar as liturgias segundo os seus critérios.

Mas agora eles se sentem seguros, pois receberam a confirmação de que se salvaram do perigo pelo próprio Papa Francisco, que lhes recebeu em uma audiência em 5 de setembro passado.

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É certo que o Papa atual, na entrevista à “La Civiltà Cattolica”, que é o manifesto de seu início de pontificado, ao descrever a reforma litúrgica pós-conciliar, concebe-a em termos puramente funcionais:

“O trabalho da reforma litúrgica foi um serviço ao povo como releitura do Evangelho a partir de uma situação histórica concreta”.

Se Bergoglio tivesse sido aluno do professor Ratzinger — grande estudioso e apaixonado por essa liturgia que o Vaticano II definiu como “cume e fonte” da vida da Igreja — veria estas linhas riscadas em vermelho.


Da coluna de  Sandro Magister:, /fratresinunum.com/



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