Esta é a experiência do Convento de Carmelitas de Valladolid (Espanha), Mosteiro do Coração de Jesus e São José, que se atreveram a propor às jovens uma experiência que está longe das fortes emoções, da agitada vida social e do êxito mundano: provar durante quinze dias a vida religiosa de clausura.
A insaciável sede de Deus
A iniciativa inédita foi possível graças a uma autorização especial emitida pela Santa Sé no dia 3 de julho de 2012, já que isto não é possível sob as regras normais deste tipo de mosteiros. Isto se soma a uma segunda permissão especial, que é a de permitir aos fiéis acompanhar as religiosas na Adoração Eucarística das quintas-feiras às 21h30. A experiência tornou-se um testemunho para o mundo exterior e uma fonte comprovada de novas vocações.
“Nós sentimos que isto é o que Deus pede de nós e que isso é bom para o povo de Deus”, afirmou a Priora do Convento, Madre Olga María del Redentor. “Dizem que há descristianização, mas o que nós damos para compensar? Por que não podemos oferecer-lhes o nosso de uma forma compreensível, sobretudo estando convencidas, como estamos, do que é o melhor?”.
Para a religiosa, a maior pobreza do homem moderno é espiritual, “a perda da consciência do homem de sua vida interior”, explicou. “Em nossa sociedade tudo está montado para não despertar esse homem interior, e para anestesiá-lo, porque assim ele é manipulado melhor. Estão tentando que não seja consciente de sua dimensão transcendente, e isso leva a um vazio e a uma crise de valores”. No entanto, a Priora explicou onde reside o êxito do chamado da Igreja neste contexto: “O que não podem apagar é a sede. E o homem busca saciá-la, ainda que às vezes o faça por caminhos equivocados”.
Isto é o que as jovens encontram em sua experiência de vida religiosa, e que motivou com que o convento passasse de nove para 26 religiosas, um crescimento recorde para este tipo de comunidade religiosa. O impacto do crescimento também é notório na idade das religiosas: 80 por cento delas é menor de 45 anos. O êxito entre as jovens não é outro senão a experiência da espiritualidade, que pode ser em alguns casos o primeiro contato real com a Fé. “Muitas estão perdidas e não sabem como rezar. Você deve levá-las pela mão”, descreveu a Irmã María del Redentor. “Não há nenhum segredo. Simplesmente vivemos a nossa vocação com maior autenticidade possível”.
A experiência das jovens que provam a vida religiosa oferece uma solução para a sua necessidade mais profunda. “O homem hoje está cada vez mais desumanizado e é mais frio. As relações entre as pessoas tendem a ser mais superficiais e temos menos vínculos afetivos. Se isso acontece com os outros homens, imagine o que se passa com Deus”, explicou a Priora. “Se nós os ensinamos, o descobrem, gostam e se envolvem. E já não podem ficar sem Ele”. Mas este sucesso ao abrir as portas do convento -limitadamente- não pode levar a comunidade a perder o seu caráter de clausura, esclareceu a religiosa: “Não podemos dar o que não temos. Necessitamos salvar esse espaço de clausura, porque se não estamos cheias, não podemos dar”.
Esta é a missão do Carmelo de Valladolid – Campo Grande: mudar uma visão aos poucos negativa da vida contemplativa e oferecer à juventude saborear as riquezas espirituais que têm atraído tantas gerações ao longo da história. “O menos importante são as limitações materiais e formais. O que a clausura faz é criar um espaço de liberdade para viver serenamente, sem interferências de tudo o que contamina no exterior”, comentou a Madre Olga Maria do Redentor. “Aqui podeis expressar seus sentimentos e teus afetos sem que ninguém lhe rotule. Fora não é tão fácil.”.
Gaudium Press
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