O Sínodo Extraordinário sobre a Família concluiu-se ontem, domingo, após duas semanas de intensos trabalhos. A partir de agora, a palavra volta às Igrejas locais na espera da próxima Assembléia de 2015.
A este respeito, a Rádio Vaticano ouviu o Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vincenzo Paglia:
Dom Paglia: “Foi, a meu ver, uma etapa importante, diria até, muito importante, pois se coloca, de fato, na perspectiva do Pontificado do Papa Francisco, que é a de obedecer ao sopro do Espírito. O debate foi muito vivo, importante, profundo, livre e não existe dúvida de que o texto final aprovado pegue pela mão todos nós bispos, também com os equilíbrios oscilantes dos votos. Certamente, porém, é uma porta aberta, que direciona o trabalho de todas as Igrejas locais em procurar responder, por um lado, à alta vocação da família e, por outro, para ajudar todas aquelas famílias que têm necessidade de apoio, para caminhar em direção a uma vida boa, uma vida bela, que é, no final das contas, aquela que deve ter a família”.
RV: Uma Igreja que tem mostrado grande liberdade no diálogo: o Papa a chamou de “parresia”, isto é, coragem, ousadia, destemor...
Dom Paglia: “Sim, houve uma liberdade em favor de todo o mundo, porque aqueles 191 bispos que enchiam a Sala do Sínodo levavam sobre as costas, nos seus corações e nos seus pensamentos, as famílias de todo o mundo, também aquelas dos não-crentes”.
RV: O Papa, no seu discurso conclusivo, falou de duas tentações: a tentação dos tradicionalistas e a tentação dos progressistas...
Dom Paglia: “Sim, de fato, são duas tentações que, no fundo, fazem permanecer parados onde se está. Eu acredito que o espírito do Papa Francisco impulsione a ir além destas categorias muito humanas, porque no final, são categorias individualistas ou de grupos particulares. A nós é pedido para comunicar a todos o Evangelho da Família, que é entendido a fazer de todo o gênero humano uma só família, aquela de Deus. Eis porque existe a necessidade de uma profecia a mais e não de lutas dentro do mesmo círculo”.
RV: Como o senhor avalia o trabalho da mídia?
Dom Paglia: “A mídia, às vezes, obedece a linhas ideológicas, a linhas muito restritas – o Espírito não suporta camisa-de-força como estas. E algumas vezes aconteceu que a imprensa pegou o braço, que havia sido estendido e o tenha puxado, distorcendo de certo modo, também os textos. Tudo isto não nos escandaliza, Sabemos que esta é a realidade. Mas aquilo que conta, é não deixar-se sujeitar pela imprensa”.
RV: Existem alguns observadores que dizem que as várias mensagens que chegaram do Sínodo, deixaram alguns fiéis confusos. O que dizer a este respeito?
Dom Paglia: “Provavelmente é também verdade. Provavelmente é também exagerado. Existe mesmo quem tem interesse em provocar tudo isto. Na verdade, quando se tem um debate, é obvio que significa que nem tudo é claro. Mas a vida da Igreja, como a de qualquer família, é feita de esclarecimentos, de perguntas, de debates e não existe dúvida que existam zonas de sombra ou zonas escuras. Mas, justamente por isto, o Senhor nos disse que devemos falar com “parresia”, sem omitirmo-nos”.
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