No plano simbólico, João Paulo II e Bento XVI pediram desculpas publicamente e encontraram-se com algumas vítimas em muitas das viagens que realizaram durante os seus pontificados.
A crise dos abusos sexuais na Igreja Católica tornou-se verdadeiramente pública quando, em 2002, o jornal "Boston Globe" lançou uma investigação aos casos de abusos de menores por parte de membros do clero e, também, a cultura de encobrimento desses casos por parte da hierarquia.
Ao longo da década seguinte, o escândalo chegou a outros países ocidentais, sobretudo Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Holanda, Austrália e mais recentemente Portugal (com um caso pontual, envolvendo um sacerdote do Fundão). Vários padres foram suspensos pela Igreja, muitos foram presos pelas autoridades civis e, nos Estados Unidos, até um bispo foi condenado não por abusar, mas por ter encoberto casos que se passaram na sua diocese.
A resposta do Vaticano tardou, em parte dificultada pela dimensão global e descentralizada da instituição, mas chegou. Ao longo dos últimos anos, Roma tomou medidas mais concretas e, no plano do simbólico, foram muito importantes os pedidos oficiais de desculpas por parte de João Paulo II e Bento XVI, que inclusive se encontraram pessoalmente com vítimas de abusos em muitas das viagens que realizaram durante os seus pontificados.
Logo em 2003, o Papa João Paulo II afirmou que "não há espaço no sacerdócio ou na vida religiosa para aqueles que fariam mal aos mais novos". No mesmo ano, o Vaticano organizou uma conferência sobre o assunto: na altura, um painel de oito especialistas, incluindo não-católicos, mostrou-se contra a política de "tolerância zero" que tinha sido adotada pelos Estados Unidos, refletindo o medo de, numa tentativa de se fazer justiça, poderem surgir casos de padres falsamente acusados, por exemplo.
Em 2011, o Vaticano decidiu ainda responder à comissão das Nações Unidas para os direitos da criança, enviando um relatório sobre a prestação da Santa Sé neste campo - o relatório tinha sido pedido 14 anos antes. Em Julho de 2012, as Nações Unidas enviaram uma novo questionário para Roma, estabelecendo como prazo para resposta 1 de Novembro de 2013. Questionado pela Renascença, o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, revelou que o prazo era indicativo e não rígido.
No início de Dezembro, a Santa Sé enviou as respostas para a ONU, mas recusou dar quaisquer detalhes sobre casos particulares, reservando-se o direito à confidencialidade por respeito às partes envolvidas, incluindo as vítimas. O Vaticano disse que apenas cederia esta informação a pedido de Estados e para para colaboração com casos judiciais.
Critérios mais apertados
A Santa Sé recordou que ao longo dos últimos anos apertou os critérios de admissão aos seminários, atualizado o direito canônico para lidar com estas situações. O Vaticano ordenou todas as conferências episcopais a elaborar diretrizes para seguir em caso de denúncias ou suspeitas de abusos por parte de ministros da Igreja ou em instituições católicas.
Entre as recomendações inclui-se o contacto imediato e a colaboração estreita com as autoridades civis, pelo menos nos países em que tal é possível. Os bispos portugueses aprovaram as diretrizes em Abril de 2012.
Antes, em Fevereiro de 2012, realizou-se novo simpósio internacional no Vaticano sobre proteção de crianças, que concluiu pela criação de um Centro de Proteção de Crianças.
Em países como Reino Unido e Estados Unidos, onde a questão foi devastadora para a credibilidade e até para as finanças da Igreja, as alterações e novas políticas implementadas fizeram diminuir radicalmente o número de novos casos. A opinião generalizada é que as instituições católicas nestes países são atualmente dos lugares mais seguros para crianças. Mesmo no início da crise, a esmagadora maioria dos casos dizia respeito a abusos cometidos há décadas, com muito menos nos anos mais recentes.
É de realçar que este escândalo não afetou só a Igreja Católica. Outras confissões cristãs e até outras religiões foram também marcadas pela divulgação de muitos casos de abusos sobre menores. Contudo, só na Igreja Católica, das poucas religiões com uma hierarquia centralizada e global, é que as respostas têm sido de natureza transversal.
Esta quinta-feira, foi anunciado que o Papa Francisco aceitou a proposta de criar uma comissão para combater os abusos sexuais de menores, conforme lhe tinha sido sugerido pelos oito cardeais que o aconselham na reforma da cúria.
A crise dos abusos sexuais na Igreja Católica tornou-se verdadeiramente pública quando, em 2002, o jornal "Boston Globe" lançou uma investigação aos casos de abusos de menores por parte de membros do clero e, também, a cultura de encobrimento desses casos por parte da hierarquia.
Ao longo da década seguinte, o escândalo chegou a outros países ocidentais, sobretudo Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Holanda, Austrália e mais recentemente Portugal (com um caso pontual, envolvendo um sacerdote do Fundão). Vários padres foram suspensos pela Igreja, muitos foram presos pelas autoridades civis e, nos Estados Unidos, até um bispo foi condenado não por abusar, mas por ter encoberto casos que se passaram na sua diocese.
A resposta do Vaticano tardou, em parte dificultada pela dimensão global e descentralizada da instituição, mas chegou. Ao longo dos últimos anos, Roma tomou medidas mais concretas e, no plano do simbólico, foram muito importantes os pedidos oficiais de desculpas por parte de João Paulo II e Bento XVI, que inclusive se encontraram pessoalmente com vítimas de abusos em muitas das viagens que realizaram durante os seus pontificados.
Logo em 2003, o Papa João Paulo II afirmou que "não há espaço no sacerdócio ou na vida religiosa para aqueles que fariam mal aos mais novos". No mesmo ano, o Vaticano organizou uma conferência sobre o assunto: na altura, um painel de oito especialistas, incluindo não-católicos, mostrou-se contra a política de "tolerância zero" que tinha sido adotada pelos Estados Unidos, refletindo o medo de, numa tentativa de se fazer justiça, poderem surgir casos de padres falsamente acusados, por exemplo.
Em 2011, o Vaticano decidiu ainda responder à comissão das Nações Unidas para os direitos da criança, enviando um relatório sobre a prestação da Santa Sé neste campo - o relatório tinha sido pedido 14 anos antes. Em Julho de 2012, as Nações Unidas enviaram uma novo questionário para Roma, estabelecendo como prazo para resposta 1 de Novembro de 2013. Questionado pela Renascença, o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, revelou que o prazo era indicativo e não rígido.
No início de Dezembro, a Santa Sé enviou as respostas para a ONU, mas recusou dar quaisquer detalhes sobre casos particulares, reservando-se o direito à confidencialidade por respeito às partes envolvidas, incluindo as vítimas. O Vaticano disse que apenas cederia esta informação a pedido de Estados e para para colaboração com casos judiciais.
Critérios mais apertados
A Santa Sé recordou que ao longo dos últimos anos apertou os critérios de admissão aos seminários, atualizado o direito canônico para lidar com estas situações. O Vaticano ordenou todas as conferências episcopais a elaborar diretrizes para seguir em caso de denúncias ou suspeitas de abusos por parte de ministros da Igreja ou em instituições católicas.
Entre as recomendações inclui-se o contacto imediato e a colaboração estreita com as autoridades civis, pelo menos nos países em que tal é possível. Os bispos portugueses aprovaram as diretrizes em Abril de 2012.
Antes, em Fevereiro de 2012, realizou-se novo simpósio internacional no Vaticano sobre proteção de crianças, que concluiu pela criação de um Centro de Proteção de Crianças.
Em países como Reino Unido e Estados Unidos, onde a questão foi devastadora para a credibilidade e até para as finanças da Igreja, as alterações e novas políticas implementadas fizeram diminuir radicalmente o número de novos casos. A opinião generalizada é que as instituições católicas nestes países são atualmente dos lugares mais seguros para crianças. Mesmo no início da crise, a esmagadora maioria dos casos dizia respeito a abusos cometidos há décadas, com muito menos nos anos mais recentes.
É de realçar que este escândalo não afetou só a Igreja Católica. Outras confissões cristãs e até outras religiões foram também marcadas pela divulgação de muitos casos de abusos sobre menores. Contudo, só na Igreja Católica, das poucas religiões com uma hierarquia centralizada e global, é que as respostas têm sido de natureza transversal.
Esta quinta-feira, foi anunciado que o Papa Francisco aceitou a proposta de criar uma comissão para combater os abusos sexuais de menores, conforme lhe tinha sido sugerido pelos oito cardeais que o aconselham na reforma da cúria.
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