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6 de fevereiro de 2011

Liberdade Religiosa, Caminho para a Paz.

O início de um Novo Ano alegra os nossos corações e renova a esperança de que tempos melhores serão alcançados.
No “Filho que nos foi dado”, como celebramos no Natal, dom do amor de Deus – Deus Conosco, acolhido e amado, está a fonte da paz e da verdadeira felicidade. Os cumprimentos de Feliz Ano Novo, acompanhados de votos de paz e de prosperidade precisam passar da formalidade para o reconhecimento da dignidade do outro como irmão e companheiro de caminhada. Dom e Tarefa que para além dos desafios atuais exigem decisão corajosa, sobretudo dos discípulos de Jesus Cristo. É a cultura da vida que precisa ser acreditada e impulsionada. Cultura da vida e Paz são irmãs inseparáveis.
A reflexão do Papa Bento XVI para o XLIV DIA MUNDIAL DA PAZ do ano de 2011, trata da delicada questão da LIBERDADE RELIGIOSA, CAMINHO PARA A PAZ. Em muitas partes do mundo, os cristãos que desejam praticar livremente a sua fé, estão sendo perseguidos. Em sua mensagem o Papa é incisivo ao dizer que negar ou por obstáculo à liberdade religiosa significa compreender de modo redutivo a pessoa nas relações: consigo mesma, com outro e com Deus. Ressalta que a partir da religião a pessoa compreende sua identidade, o sentido e o fim de sua vida. Não permitir exercício público da religião é uma forma grave de injustiça que retarda a concretização da paz, para a família e para toda a sociedade. “Deus nos criou livres para amá-lo de todo coração, de toda alma e de todo entendimento” (Mt 22,37).
É constitutivo do ser humano a abertura ao transcendente, ao Espiritual. Sem essa abertura não pode responder aos desafios cotidianos e nem mesmo compreender sua dignidade e liberdade. O mistério que ultrapassa o ser humano, homem e mulher, imagem de Deus, está além do que dele tudo se possa dizer. É o que recitamos no Salmo n.o 8. Ao dizer que Deus se ocupa dele, o salmista reafirma a liberdade, a verdade e o reconhecimento de sua dignidade que se explicitam no bem. Quando se abre ao seu criador, torna-se verdadeiramente homem e pode usufruir de todos os seus direitos sem deixar-se intimidar por nada.
O Papa lembra a importância do testemunho da Família, fundada no matrimônio, expressão de união íntima e de complementariedade entre um homem e uma mulher na transmissão do patrimônio da fé aos filhos. Negar o patrimônio familiar, impedir de professar a religião ou de viver de acordo com a própria fé, “ofende a dignidade humana e, simultaneamente, acabam ameaçadas a justiça e a paz, que se apóiam sobre a reta ordem social construída à luz da Suma Verdade e do Sumo Bem”.
O Santo Padre insiste ainda na contribuição da religião para a socialização das pessoas e da sociedade. A prática religiosa está de certo modo sempre associada à dimensão ética do serviço às pessoas, grupos e instituições. A integração e a solidariedade envolvem os que partilham crenças diferentes ou não possuem nenhum vínculo religioso quando se trata, sobretudo, da defesa da vida. Quanto ao propalado discurso sobre a importância da laicidade em nossos dias, é preciso lembrar que “as leis e as instituições duma sociedade não podem ser configuradas ignorando a dimensão religiosa dos cidadãos ou de modo que prescindam completamente da mesma, mas devem ser comensuradas através da obra democrática de cidadãos conscientes da sua alta vocação – ao de ser pessoa, para o poderem favorecer na sua dimensão religiosa. Não sendo esta uma criação do Estado, não pode ser manipulada, antes deve contar com o seu reconhecimento e respeito”. Se o Estado é laico, a nação é religiosa e este é um dado antropológico, social e cultural. O que o Estado não pode tolerar é o fanatismo religioso que nega a própria essência da religião, gerando violência, ódio e divisão. Saibam os nossos governantes que devem garantir a liberdade religiosa.
Quanto à Igreja, seu papel fundamental é anunciar Jesus Cristo – Caminho, Verdade e Vida, nunca excluindo o diálogo, o respeito à identidade de cada religião e a busca do bem comum a partir da verdade. O Papa insiste que “a defesa da religião passa pela defesa dos direitos e liberdades das comunidades religiosas” e que os líderes das grandes religiões do mundo garantam a defesa das minorias religiosas com a qual será possível o mútuo enriquecimento cultural. Quanto às comunidades que sofrem perseguições, discriminações, atos de violência e intolerância, particularmente na Ásia, na África, no Oriente Médio e de modo especial na Terra Santa, não desanimem com as atuais adversidades, porque o testemunho do Evangelho é e será sempre sinal de contradição.
Se a paz é dom de Deus e ao mesmo tempo projeto humano sempre a ser alcançado, não tenhamos medo de buscar na religião ou em tantas formas de crer, o caminho para que a dignidade humana seja plenamente respeitada. Agradecemos ao Papa Bento XVI a longa e profunda reflexão que nos ajuda a começar o ano na certeza de que na liberdade religiosa podemos fazer a experiência da paz.



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