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21 de agosto de 2014

Cardeal Filoni: Papa defende a dignidade dos mais pobres


Bagdá (RV) – O Cardeal Fernando Filoni vive seus últimos momentos como enviado pessoal do Papa Francisco ao Iraque. Nesta terça-feira, 19, o purpurado teve um encontro com o Presidente iraquiano, Fuad Masum, a quem entregou uma carta do Papa Francisco. Amanhã, quarta-feira o purpurado retornará a Roma. Ele foi entrevistado pela Rádio Vaticano sobre a situação no Iraque:

Card. Filoni: “O encontro foi muito cordial. Eu estava acompanhado pelo Patriarca caldeu, o Patriarca Sako, pelo Núncio Apostólico e por Dom Warduni. Eu entreguei a carta, à qual o Presidente responderá; contei a ele sobre a experiência destes dias e sublinhei que a minha não era uma visita política, mas era uma visita humanitária por desejo do Santo Padre e por esta razão fui antes de tudo à Irbil, onde a situação no Curdistão é ainda muito séria e grave, e posteriormente à Bagdá onde, tive este encontro”.

RV: Obviamente uma carta do Papa Francisco para o Presidente iraquiano justamente neste contexto de empenho abrangente de Francisco pela paz.......

Card. Filoni: “Isto está no coração, na mente e na ação pastoral do Papa. Portanto o Santo Padre, diante de uma situação de tão grave emergência, não poupa possibilidades de interferir, justamente para sublinhar o quanto esteja no seu coração esta situação em favor destes pobres. A questão aqui no Iraque não é somente uma tragédia para o povo iraquiano, para os nossos cristãos ou para os yazidi, mas é algo que diz respeito a todos os homens que têm a peito a humanidade. Pequenas ou grandes minorias, fés diversas e religiões diferentes, não em como pensar diferente de que somos todos ligados por esta mesma dignidade humana, que deve ser salvaguardada, defendida e incrementada”.

RV: O Papa Francisco, na viagem de retorno da Coréia, no avião, na coletiva de imprensa, afirmou: “eu estou disposto, ou melhor, quis ter estado no Iraque...Mas estou disposto a ir, se isto for possível...”:

Card. Filoni: “Conhecendo o coração, a mente e também o motivo pelo qual me enviava, não tinha dúvidas que se naquele momento ele tivesse podido, certamente não teria deixado de fazê-lo também diretamente, mesmo compreendendo as tantas situações que poderiam emergir disto. Portanto, vejo a confirmação de que a minha intuição não estava errada”.


RV: O Papa também afirmou: “deter o injusto agressor é lícito”. Como foram acolhidas estas palavras no Iraque?

Card. Filoni: “Eu acredito que o Santo Padre não tenha feito outra coisa senão expressar aquele que foi o pedido de todos os cristãos, de todos os yazidis, de todas estas pessoas refugiadas, que têm o desejo de retomar a sua vida, a sua dignidade. Ora, diante de uma situação assim precária – e gostaria de dizer também assim dura -, eu acredito que aqui não se trate de guerra: nós não podemos nunca ser favoráveis às guerras, porém existem conflitos onde defender os mais pobres – pensemos que os nossos cristãos não tinham armas, os yazidis não tinham armas – foram expulsos de suas terras, violentados na sua dignidade, roubados de suas famílias... Portanto, podemos permanecer indiferentes? Assim, trata-se de direitos que devem ser defendidos por todas as pessoas de boa vontade. Cada um o deve fazer segundo a sua capacidade. O Santo Padre o faz com toda a sua capacidade espiritual e moral. Cada um, depois, a nível civil, a nível social, a nível de responsabilidade, deve fazer a sua parte. Num contexto que não se faz uma guerra, mas que o direito dos povos seja salvaguardado. Se nós não interviermos, teremos um genocídio e talvez algumas semanas após teríamos um remorso na consciência, como ocorreu no passado em algumas situações dramáticas na África, para não dizer também precedentemente e que ainda hoje se repetem em algumas situações, ainda na África. Não pensemos que, por exemplo, a situação dramática das cerca de 450 crianças roubadas de suas casas seja um fato terminado! Estes são aspectos sobre os quais eu acredito que qualquer pessoas poderia pensar: “Aquela criança, aquela jovenzinha, poderia ser minha irmã, uma de minha família.... Poderia eu ficar indiferente? Eu não faria de tudo para libertá-la?”. (JE)



Texto proveniente da página: radiovaticana.va


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