Não nos deixemos levar pela vaidade que nos afasta da verdade e nos faz assemelhar a uma bola de sabão – disse o Papa na homilia da missa de quinta-feira na Casa Santa Marta.
Deixando-se inspirar pela primeira leitura do dia, tirada do Livro de Qoelet, o Papa deteve-se sobre a questão da vaidade – uma tentação não só para os pagãos, mas também para os cristãos, para pessoas de fé – afirmou, recordando que Jesus repreendia sempre aqueles que se vangloriavam, e recomendava a não exibição de vestes luxuosas e a reza só para mostrar aos outros. O mesmo frisou o Papa deve ser feito quando se ajudam os pobres: “Não mandar tocar a tromba, fazei-lo às escondidas. O Pai vê, é suficiente”:
“Mas o vaidoso: “Mas olha, eu dou este cheque para as obras da Igreja, e mostra o cheque; depois trufa a Igreja. É o vaidoso que faz isto: viver para mostrar. “Quando jejuas – dizia Jesus a esses tais, por favor não te mostres melancólico, triste para que os outros vejam que estás a jejuar; não, jejua com alegria; faz penitência com alegria, que ninguém se dê conta. A vaidade é assim: é viver para mostrar, viver para se fazer ver” .
Os cristãos que vivem assim para mostrar, por vaidade, assemelham-se a pavões. Há quem diga ”eu sou cristão, eu sou parente daquele padre, daquela irmã, daquele bispo, a minha família é uma família cristã. Se vangloriam. Mas, e a tua vida com o Senhor?, como é que rezas? A tua vida nas obras de misericórdia como é que está? Visitas os doentes? – perguntou o Papa frisando que tal como recordava Jesus - quando a nossa vida cristã não é construída sobre a verdade sólida, cedemos facilmente às tentações. E acrescentou:
“Quantos cristãos vivem só para a aparência. A vida deles parece uma bola de sabão. É bela a bola de sabão. Muitas cores, eh! Mas dura um segundo, e depois? Também quando olhamos para alguns monumentos fúnebres, achamos que é vaidade, porque a verdade é voltar para a terra nua, como dizia o Servo de Deus Paulo VI. Espera-nos a terra nua, esta é a nossa verdade final. Entretanto vanglorio-me ou faço alguma coisa? Faço o bem? Procuro o bem? Procuro Deus? Rezo? As coisas consistentes? A vaidade é mentirosa, é fantasiosa, engana a si mesma, engana o vaidoso, porque primeiro ele finge ser, mas depois acaba por pensar ser aquilo mesmo. Acredita. Pobrezinho!”
A vaidade – prossegui o Papa - semeia uma má inquietude, tira a paz. A vaidade não nos traz a paz, somente a verdade nos dá a paz. Jesus é a única rocha em que podemos edificar a nossa vida. Ele foi tentado pelo Diabo a assumir atitudes de vaidade, mas não cedeu – deixou entender o Papa, definindo a vaidade “uma doença espiritual grave” contra a qual temos de lutar sempre:
“Os Padres egípcios no deserto diziam que a vaidade é uma tentação contra a qual devemos lutar a vida inteira, porque está sempre ali pronta a afastar-nos da verdade. É por isso que diziam: é come a cebola, pegas nela tiras uma casca, tiras outra… assim também é a vaidade, evitas um pouco hoje, um pouco amanhã e acabas por ficar contente: ah, venci a vaidade!… mas é como a cebola, tiras uma casca, tiras outra, até acabar, mas no fim fica-te o cheiro nas mãos… Peçamos ao Senhor a graça de não se vaidosos, de ser verdadeiros, com a verdade da realidade e do Evangelho”
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