Jesus pregava o reino de Deus. Muitos exegetas concluem que esse era o verdadeiro núcleo da mensagem de Jesus à palestina do século I.
Em certo nível, talvez seja impossível estabelecer com precisão tudo o que Jesus quis designar com a expressão reino de Deus.
Em outro nível, entretanto, tal designativo pode ser facilmente compreendido por todos: Sabemos perfeitamente bem o que ele quis dizer em termos gerais: O poder soberano de Deus. Na oração ensinada por Jesus, os cristãos suplicam regularmente que seja feita a tua vontade [Deus], assim na terra como no céu (Mt 6, 10). Esse é o reino de Deus.
A expressão reino de Deus é um símbolo religioso que remete a uma esfera transcendental. Na medida em que alude ao reino de Deus, é realidade engendrada por um poder transcendente que não tem como ser circunscrito pela imaginação humana, nem definido em termos conceituais ou factuais precisos.
O reino de Deus é escatológico; em última instância, abarca o futuro, o fim dos tempos, o arremate e a realização da história. Trata-se de um reino utópico, e pensar que seu advento ocorrerá em determinado tempo e lugar é equivocar-se a respeito do símbolo.
Até onde sabemos, Jesus nunca definiu exatamente como o reino de Deus se manifestaria; não disse de que maneira seria instaurado. Contudo, o reino de Deus faz sentido contra o pano de fundo das profundas negatividades da vida humana; apela ao desejo e à esperança humanos em favor do que deve e pode ser, em virtude do poder de Deus, em face da impotência humana. Em função de sua transcendência última, o reino será concebido de inúmeras formas diferentes.
Em Jesus, contudo, o reino de Deus não está apartado nem desvinculado deste mundo. Em seu ensinamento, o reino é iminente, está em via de instaurar-se no mundo; Jesus é seu precursor, em certos aspectos, é seu agente, e o reino de Deus vem à luz em seu magistério e em sua ação.
Diversas dimensões do reinado de Deus podem ser experienciadas como concentradas em Jesus: o reino de Deus do futuro está ligado à sua pessoa e à sua ação; a práxis de Jesus torna o reinado de Deus presente, e defende-se que isso é uma causa e uma missão que atrai discípulos.
Ao fazer do reino de Deus o núcleo de sua pregação, Jesus foi teocêntrico.
Não proclama a si mesmo; sua pessoa e sua obra não aparecem como o foco do seu próprio ensinamento.
Pelo contrário, Jesus falava a respeito de Deus, a quem se referia como Pai. Deus, a vontade de Deus, os valores de Deus, as prioridades de Deus dominavam tudo quanto se lembrava haver Jesus dito e feito. Quando afirma que Jesus foi obediente ou recebeu uma missão do Pai, o novo testamento reflete a centralidade do reino de Deus na vida de Jesus como causa.
O consistente retrato de Jesus é de alguém absolutamente comprometido e fiel à missão de concretizar e objetivar a vontade e os valores de Deus na história.
O fato de o reino de Deus ter sido tão central para a vida e o ensinamento de Jesus torna-o normativo para o teólogo cristão: as cristologias que o negligenciam são inadequadas, e, positivamente, os cristãos devem descobrir algum significado para o reino de Deus em sua concepção teológica do mundo.
Fonte: Eduardo Rocha Quintella Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora Minas Gerais
Em certo nível, talvez seja impossível estabelecer com precisão tudo o que Jesus quis designar com a expressão reino de Deus.
Em outro nível, entretanto, tal designativo pode ser facilmente compreendido por todos: Sabemos perfeitamente bem o que ele quis dizer em termos gerais: O poder soberano de Deus. Na oração ensinada por Jesus, os cristãos suplicam regularmente que seja feita a tua vontade [Deus], assim na terra como no céu (Mt 6, 10). Esse é o reino de Deus.
A expressão reino de Deus é um símbolo religioso que remete a uma esfera transcendental. Na medida em que alude ao reino de Deus, é realidade engendrada por um poder transcendente que não tem como ser circunscrito pela imaginação humana, nem definido em termos conceituais ou factuais precisos.
O reino de Deus é escatológico; em última instância, abarca o futuro, o fim dos tempos, o arremate e a realização da história. Trata-se de um reino utópico, e pensar que seu advento ocorrerá em determinado tempo e lugar é equivocar-se a respeito do símbolo.
Até onde sabemos, Jesus nunca definiu exatamente como o reino de Deus se manifestaria; não disse de que maneira seria instaurado. Contudo, o reino de Deus faz sentido contra o pano de fundo das profundas negatividades da vida humana; apela ao desejo e à esperança humanos em favor do que deve e pode ser, em virtude do poder de Deus, em face da impotência humana. Em função de sua transcendência última, o reino será concebido de inúmeras formas diferentes.
Em Jesus, contudo, o reino de Deus não está apartado nem desvinculado deste mundo. Em seu ensinamento, o reino é iminente, está em via de instaurar-se no mundo; Jesus é seu precursor, em certos aspectos, é seu agente, e o reino de Deus vem à luz em seu magistério e em sua ação.
Diversas dimensões do reinado de Deus podem ser experienciadas como concentradas em Jesus: o reino de Deus do futuro está ligado à sua pessoa e à sua ação; a práxis de Jesus torna o reinado de Deus presente, e defende-se que isso é uma causa e uma missão que atrai discípulos.
Ao fazer do reino de Deus o núcleo de sua pregação, Jesus foi teocêntrico.
Não proclama a si mesmo; sua pessoa e sua obra não aparecem como o foco do seu próprio ensinamento.
Pelo contrário, Jesus falava a respeito de Deus, a quem se referia como Pai. Deus, a vontade de Deus, os valores de Deus, as prioridades de Deus dominavam tudo quanto se lembrava haver Jesus dito e feito. Quando afirma que Jesus foi obediente ou recebeu uma missão do Pai, o novo testamento reflete a centralidade do reino de Deus na vida de Jesus como causa.
O consistente retrato de Jesus é de alguém absolutamente comprometido e fiel à missão de concretizar e objetivar a vontade e os valores de Deus na história.
O fato de o reino de Deus ter sido tão central para a vida e o ensinamento de Jesus torna-o normativo para o teólogo cristão: as cristologias que o negligenciam são inadequadas, e, positivamente, os cristãos devem descobrir algum significado para o reino de Deus em sua concepção teológica do mundo.
Fonte: Eduardo Rocha Quintella Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora Minas Gerais
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