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8 de abril de 2012

Páscoa

No dia da Páscoa celebramos não só a ressurreição de Jesus, mas também nossa própria ressurreição. 
A liturgia da noite de Páscoa começa com a escuridão.

Ainda permanecemos conscientemente na escuridão de nosso sepulcro. Sentamos juntos na igreja, com as luzes apagadas.
Mas logo o diácono entra na igreja com o círio pascal - e a luz de uma única vela ilumina a escuridão.

Essa luz é passada adiante a cada um dos fiéis que trouxe sua vela para a celebração da Páscoa. Muitos as terão enfeitados: os ornamentos são símbolos que representam vida e luz para cada uma das pessoas.

E pouco depois, enquanto o diácono entoa o maravilhoso cântico Exsultet, todos os fiéis continuam segurando suas velas já incandescentes em meio à escuridão, para que tudo se torne mais claro em seus corações, para que o sol pascal também possa luzir em cada um deles e espantar toda escuridão.

A luz de Cristo quer irradiar-se por todos os cantos de nosso coração, trazer o calor da vida para a frieza que possa haver dentro de nós, trazer vivacidade aonde haja desalento, confiança aonde haja medo.
O Aleluia! Faz parte da festa da Páscoa.

Depois de quarenta dias de Quaresma o Aleluia! Ressoa pela primeira vez na noite de sábado para domingo. Para nos habituarmos ao som alegre dos cânticos de Páscoa, cantamos o Aleluia! Três vezes, um tom mais alto a cada vez; assim, ele chega cada vez mais fundo ao coração e afasta toda a tristeza de lá.
A ressurreição precisa ser exaltada com cantos. Precisa ganhar expressão.
Não basta apenas crer nela com a cabeça.

O corpo quer ressuscitar. E ele o faz cantando. Por meio do canto cresce em nós o amor por aquilo que exaltamos. No Aleluia! Pascal projetamo-nos com nosso canto para dentro do milagre do amor, do amor que é mais forte que a morte. Mas só poderei sentir de fato a alegria pela ressurreição de Jesus e por minha própria ressurreição quando cantar de coração. Aí, a pessoa inteira tem de se transformar no cântico que entoa. Só assim sentirá o amor que o Ressuscitado pretende despertar em cada um.
Ao cantar, surge diante de nossos olhos uma imagem do que exaltamos com nosso canto.
Com o canto temos a noção de que o Ressuscitado está no meio de nós e nos concede participar da amplitude e liberdade de sua ressurreição.

A Páscoa é a festa da vida. Celebramos a superação da morte pela vida. Cristo derrotou a morte.
A vida é mais forte que a morte. Já não se pode matar a vida. E cabe agora celebrá-la. Essa comemoração da vida acontece na refeição festiva da Eucaristia.
E no momento em que desejamos "Feliz Páscoa" uns aos outros. A nova vida também pede um novo convívio.

Ao longo de 25 anos ministrei cursos sobre a Páscoa para adolescentes e jovens adultos.
Era comum esses jovens se abraçarem na Páscoa para partilhar sua alegria pela ressurreição. Dançavam uns com os outros. Sentiam que a ressurreição também pedia uma expressão por meio do corpo. Quando dançamos caem as correntes que nos mantêm aprisionados.
A dança nos dá uma noção da liberdade e da beleza de nossa vida.
Ao dançarmos, projetamos-nos para dentro da vida que o Ressuscitado nos proporciona.
Celebramos a Páscoa durante cinqüenta dias.

Nosso dia-a-dia é o teste para ver se comemoramos a Páscoa somente com um sentimento de euforia, ou se a ressurreição acontece de fato em meio a nossa vida.
Nós tratamos de nos inserir na vida da ressurreição.

Aprendemos a levantar sempre, mesmo quando alguma coisa dá errado no trabalho, quando surgem conflitos nos relacionamentos, quando fracassamos e nos decepcionamos com nós mesmos.
Ressurreição quer dizer levantar-se sempre de novo, não ficar no chão quando levamos um tombo.
E ressurreição significa que creio estar acompanhado do Ressuscitado enquanto caminho. Cristo ressurge sempre em minha vida, apontando novos caminhos.

Ele vem até mim para mostrar-me que a ressurreição transforma em êxito o que parecia perdido, o que estava morto renasce, e a escuridão torna-se luz.
A fé na ressurreição cura as mágoas de minha vida e ensina-me a erguer-me e prosseguir em direção à verdadeira vida, à vida que Deus concebeu para mim.

A ressurreição quer me ensinar desde já, no aqui e agora, o que a vida é.
Ela me traz a promesa de que esta vida também ultrapassa o limiar da morte, renova em mim a certeza de que não se pode acabar com a vida, porque com a morte e ressurreição de Jesus o amor derrotou a morte, para todo o sempre.

Fonte:  Texto extraído do livro "Viver a Páscoa", de Anselm Grün,

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