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20 de outubro de 2010

Teologia da Prosperidade

Carta Pastoral  – conceituação:

 A chamada “teologia da prosperidade” parte do princípio de que todos são filhos do Rei (Deus, Jesus) e que, portanto, recebem os benefícios desta filiação em forma de riqueza, livramento de acidentes e catástrofes, ausência de doenças, ausência de problemas, posições de destaque, etc. Esta “teologia” oferece fórmulas para fazer o dinheiro render mais, evitar-se acidentes, livrar-se de doenças e problemas, aumentar as propriedades, além de viver uma vida sem dificuldades.

A teologia da prosperidade sustenta que nenhum filho de Deus pode adoecer ou sofrer, pois isso seria uma clara demonstração de ausência de fé e, por outro lado, da presença do diabo. Ao mesmo tempo, eles chegam ao exagero de declarar que quem morre antes de 70 anos é uma prova de incredulidade, imaturidade espiritual ou pecado.


II – Identificação do Problema
 Nas décadas de 60 e 70, espalhou-se pelas igrejas dos Estados Unidos, especialmente aquelas de tendência pentecostal, um movimento cuja afirmação principal é garantir saúde integral, sucesso total nos empreendimentos, enfim, prosperidade a todas as pessoas que cumprem a vontade de Deus, através de suas vidas.

Embora não conheçamos a maioria dos líderes desse movimento, os evangélicos brasileiros conheceram Jimmy Swegart, um evangelista que freqüentou os nossos televisores à custa de milhões de dólares. Não fossem os muitos de seus escândalos descobertos, juntamente com outro evangelista, Jim Bakker, hoje ainda teríamos suas pregações nas emissoras de televisão brasileiras. No final da década de 70, se pode assistir, através da televisão, o auge desse movimento, quando multidões enchiam imensos templos, estádios, parques públicos, em busca da orientação e proteção de Deus para alcançar fama, sucesso e dinheiro. Foi no impulso desse movimento que vieram por exemplo, o contraditório dente de ouro e outras manifestações igualmente estranhas.
Como uma bomba de efeito retardado, a teologia da prosperidade chegou ao Brasil, através de uma perfeita divulgação. Assim, de repente, as livrarias evangélicas começaram a vender enorme quantidade de livros e fitas divulgando esta novidade. Foi assim que um dos mentores dessa doutrina, Kenneth Hagin, tornou-se um sucesso de vendas nas livrarias evangélicas, no Brasil. Daí suas idéias espalharam-se pelas igrejas.


III – A visão bíblica teológica

Encontramos no Antigo Testamento pelo menos dez diferentes palavras da língua hebraica que pertencem ao mesmo campo de significado, a saber: prosperar, ter êxito e sucesso, sair-se bem, fazer crescer, fortalecer, pacificar, ser frutífero, fartar-se e riqueza. Portanto, a Bíblia tem seu próprio conceito de prosperidade. Como este conceito é tão diferente da maioria dos atuais, é necessário que estejamos atentos e abertos à antiga, porém sempre correta, proposta bíblica.

O que é prosperar? Como a prosperidade, prioritariamente, não é obter vantagens pessoais ou ganhar dinheiro, como a Bíblia trata este assunto? Vejamos alguns exemplos:


1. O profeta Ezequiel relaciona prosperidade para a casa de Israel com a videira que dá frutos (Ez. 17.1-10; cf.Sl. 1.3);


2. Quando Josué assumiu a liderança do povo, em lugar de Moisés, Deus lhe fez algumas instruções decisivas que definem a prosperidade: ser forte e corajoso, não temer e andar nos seus caminhos (Js. 1.1-9);


3. Na oração de Neemias encontramos uma outra definição de prosperidade: praticar a misericórdia, isto é, ser bondoso e leal para com Deus e os seus semelhantes (Ne. 1.11);


4. Muitos textos bíblicos definem o êxito e sucesso na vida com a conduta sábia, o discernimento e a perspicácia no trato com a instrução de Deus (Dt. 29.9; 1 Rs. 2.3; Ec. 10.10; 11.6);5. Trazer paz ao mundo também pode ser considerada uma atitude de sucesso (Sl. 122.6-7);6. O povo de Deus entendia que fazer o bem e agir corretamente na vida era ser próspero (Jó 21.13; Sl. 106.5);


7. Uma definição bíblica que resume todas as demais é a seguinte: o próspero é uma pessoa que imita o agir de Deus. O Salmo 1 encontra esta pessoa. É o justo.

Evidentemente, toda a Bíblia proclama que Deus é a causa direta da prosperidade dos justos (Gn.39.3,23; Is. 48.15; Ez. 17.9-10; Ne. 2.20). Entretanto, Deus usa uma pedagogia, isto é, um jeito correto e instrutivo para nos dar a sua ajuda e sua graça. Assim, a Bíblia mostra que a prosperidade do povo de Deus vem:

• Pelo sofrimento e pela graça de Deus (Is. 53.10), que ensina que o começo de todo bem sucedido


empreendimento humano reside na capacidade da pessoa para sofrer;


• Pela fidelidade e lealdade a Deus e ao povo de Deus (Jr. 13.7-10; Dn. 6.9);


• Pela busca do temor do Senhor (I Cr. 26.5);


• Pela prática da justiça (Sl. 1.3);


• Pela posse (descida) do Espírito de Deus (Jz. 14.6; 19; 15.14).


É possível que estejamos repetindo conceitos e definições, porém a Bíblia é uma testemunha instrutiva. Ela, através de suas reportagens, nos oferece pistas para obtermos sucesso na vida. Nela aprendemos que, em primeiro lugar, a obtenção de prosperidade é precedida de pedido, apelo, por parte da pessoa interessada (Sl.118.25); segundo, através de uma vida de piedade e fidelidade à instrução de Deus (Js. 1.7-8; Dt. 29.9; I Cr.31.21); terceiro, através da insistente busca de sabedoria (Ec. 2.21; 11.6).


Também encontramos na Bíblia alguns textos que tratam a prosperidade de forma bastante negativa. Para os autores bíblicos, a prosperidade como ganho, sucesso e êxito nos empreendimentos da vida conflita com os princípios básicos da fé. Dois textos ilustram estes princípios:


1. Porque prosperam os malvados? (Jr. 12.1-6) Ao lermos este texto, percebemos que ele é um corpo constituído de duas partes: na primeira, o profeta faz. Em tom de queixa, uma tremenda acusação contra Deus (vv. 1-4); na Segunda parte, temos uma dura resposta de Deus (vv. 5-6). Este tipo de diálogo apimentado, entre o profeta e Deus, nós o encontramos em Habacuque (1.2; 2.4) e constitui a preocupação central do livro de Jó.
 A questão geradora da queixa de Jeremias é: Porque os ímpios prosperam? Diante disso, o profeta abre um processo jurídico contra Deus: Eu vou abrir um processo contra Ti (v. 1 a). O surpreendente, aqui é que ele acusa Deus de ter permitido, com seu silêncio, o Domínio dos malfeitores sobre os justos (comparar Ha. 1.2-4;12-17).

Sua justificativa tem dois tipos de argumento: O primeiro é direto:

- Apesar de serem desleais (v. 1b),


usarem dos feitos de Deus para encobrirem suas más ações, (v.2), provocarem a destruição dos animais e aves (v.4 a) e propagarem mentiras sobre Deus (v. 4b), esses malvados (como lobos vestidos de cordeiros) prosperam e gozam de tranqüilidade (v. 1b) e o segundo é indireto: O profeta justifica sua acusação, mencionando algumas conseqüências danosas e provocadas pelos prósperos ímpios: primeiro, a gula de prosperidade alimenta e multiplica a deslealdade (v. 1b); segundo, a ansiedade pelo lucro fácil não tem limites, agredindo e destruindo a natureza a flora e a fauna (v. 4 a) a ponto de justificar seus atos com uma mentira, Deus não vê o nosso futuro (v. 4b).


O pequeno diálogo se encerra de modo surpreendente para o profeta: o pior estava por vir. Aqui, o profeta não recebe uma resposta satisfatória e tranqüilizadora para o problema do mal e do sofrimento, provocado pelas pessoas prósperas, que ele experimentava na própria carne.


2. A prosperidade dos ímpios incomoda os crentes (Sl. 37.1-40). Este Salmo mostra outro exemplo da crise de fé causada pela prosperidade das pessoas más, egoístas, violentas, opressoras e descrentes. A maior parte do Salmo é admoestação (vv. 1-11 e 22-40). O restante trata das descrições do inimigo (vv.12-15), do justo e do ímpio (vv.16-26).

O salmista busca orientar, animar e sustentar a esperança do crente fiel para que este se mantenha firme diante de toda provocação causada pela prosperidade dos ímpios (vv. 10.39-40). Diante do sucesso dos malvados, o salmista recomenda:


• Não te exasperes, não invejes (v.1);


• Confia no Senhor e faze o bem, habita a terra e cultiva a fidelidade, põe tuas delícias no Senhor, confia teu caminho ao Senhor e nele espera, descansa no Senhor e espera nele, não te exasperes, acalma a ira, reprime o furor (vv. 2-8);


• Evita o mal e faze o bem (v.27); espera no Senhor e segue o caminho (v.34);


• Observa o homem íntegro e atenta no que é reto (v. 37)


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