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20 de março de 2012

O Verdadeiro Conceito de Milagre


. Deixando de lado as definições espúrias (vistas no artigo anterior), passemos a analisar as definições válidas. Encontram-se, não só entre os melhores parapsicólogos, senão inclusive entre alguns teólogos e filósofos modernos, definições perfeitas de milagre ou fenômeno SN. Comecemos por analisar a definição tradicional: “Superior, diferente ou contrário à natureza” (“Contra a ordem estabelecido da natureza”) = “Supra, praeter vel contra naturam” (“Contra ordinem consuetum naturae”).
 Desenho representando SantoTomás de Aquino, o "Mestre dos Filósofos e Teólogos", simbolizando que com seus escritos foi um grande sustentáculo da Igreja.
Esta fórmula de definição deve-se a Santo Tomás de Aquino (1225-1274), na sua época áurea o maior conhecedor de todo o saber teológico, filosófico e das ciências de observação acumulados até o século XIII, e um dos que mais fez avançar e mais influiu no saber de todos os tempos após ele. Tal definição de milagre, após Santo Tomás, foi á clássica ao longo dos séculos.
Destaquemos especialmente que assim foi sob o comando do insuperado e insuperável parapsicólogo (quando nem o nome Parapsicologia existia) Próspero Lambertini, papa Bento XIV, estabelecendo com claridade os conceitos no século XVIII em vista ao discernimento dos milagres nos processos pontifícios para as beatificações e canonizações, quando começava a gatinhar o que logo seria a grande polêmica trissecular sobre os milagres.
 Na fórmula da definição clássica estão incluídos os três tipos do que tradicionalmente se entende por milagre:
 1) pelo fato em si mesmo (ou “quoad substantiam”) superior à natureza: “supra naturam”;
 2) pelo modo (ou “quoad modum vel ordinem”) diferente da natureza: “praeter naturam”; e 3) pelo intermédio de quem ou de quê se fez (ou “quoad subjectum”) contra a natureza: “contra naturam” (contra ordinem consuetum naturae). Lapidarmente os descrevia já no século XV o Sumo Pontífice Inocêncio VIII (1432-1492), recolhendo e firmando o conceito, geral antes das deturpações surgidas muito mais tarde durante a trissecular e apaixonada polêmica:
“Deus Onipotente comprovou (nós diríamos “assinou”) a santidade de São Leopoldo (de Áustria) com inumeráveis milagres realizados pela sua invocação.
Milagres que pela substancia do fato, ou pelo modo ou ordem de realizá-lo, ou por meio de quem se realizou, certamente excedem a força e potência da natureza”.
Em ordem aos debates convêm acrescentar, para completar esta classificação, um quarto tipo de milagre impropriamente dito: Divina Providência (ou “providência demoníaca”, “providência espirita”, etc.) Refere-se a um poder sobrenatural utilizando as forças da natureza. ATENÇÃO!: No estudo dos fenômenos a classificar como SN, milagres, não se trata de doutrina, sobrenatural, inobservável e que se afirma revelada: isto pertence à religião ou seitas, Teologia...
Trata-se unicamente de fatos, do nosso mundo, incomuns, relacionados com os homens: isto pertence às ciências de observação englobadas sob o conceito de Parapsicologia. “SUPERIOR À NATUREZA”. Em todos os estudos e discussões sobre o milagre, no campo teológico, no filosófico, das ciências de observação em geral e concretamente na moderna Parapsicologia; na discussão que se expandiu no fim do século XVIII, que se exacerbou no século XIX e que perdura até hoje; na discussão, aparentemente “perdida” precisamente pelos que estão com a razão, quase desaparecendo entre a multidão e quase esmagados pelos preconceitos dos opositores; nesses multisseculares estudos e nessa já trissecular polêmica entre os poucos que com conhecimento dos fatos aceitam e os muitos que sem prévio estudo dos fatos aprioristicamente rejeitam o milagre, tudo, mais ou menos reflexamente, gira precisamente ao redor dessa característica essencial do conceito de milagre: algum fato que a natureza não pode fazer.
É claro que os melhores teólogos modernos não são modernistas, embora em honrosa minoria.
Daqui em diante elogiosamente chamá-los-ei tradicionalistas no que respeita ao estudo do milagre, fenômeno SN.
Assim, por exemplo, o Pe. Attwatter descreve e explica o conceito de milagre no “Dicionário de Teologia Católica”: Milagre é “um efeito realizado diretamente por Deus na natureza. Não se trata de uma violação das leis da natureza, nem de uma derrogação nem sequer de uma suspensão dessas leis, (como exigem as diversas definições espúrias que vimos no artigo anterior).
Trata-se de um fato, efeito realizado independentemente de poderes e leis naturais.
Por tal caráter o homem conclui racionalmente que o próprio Deus, único acima e fora da natureza, é a causa imediata e direta do efeito, sem intervenção, como normalmente, de causas segundas que chamamos natureza”.
- Frisemos novamente que em teoria, isto é, antes das pesquisas e conclusões da Parapsicologia sobre os fatos, o milagre não é com relação unicamente a Deus, há os que os atribuem, só ou também, à intervenção de qualquer outro ser sobrenatural. -- Igualmente há que frisar que quando o Pe. Attwater afirma que Deus é o “único acima e fora da natureza” refere-se a ”toda a natureza criada” seguindo a desorientação inicial de Santo Tomas de Aquino. A Parapsicologia, porém, entende por natureza o nosso mundo, o mundo em que habitamos.
Neste sentido, em teoria, também haveria que considerar milagres, fenômenos SN, os efeitos no nosso mundo atribuídos à ação de demônios, anjos, mortos, exús, etc., por tratar-se de seres acima e fora da natureza nossa. Como outro exemplo entre centenas, podemos incluir Galbiati e Piazza. Dizem no primeiro volume da
“Coleção Bíblica”: “Milagre é um fato experimental (no sentido de observável, não no sentido de repetível à vontade), que não decorre do jogo usual (Habitual? Essencial?) das forças da natureza, porém de uma intervenção direta do poder de Deus... O resultado de tal intervenção não pode ser atribuível apenas (“Apenas”: fala do milagre? Ou da Divina Providencia?) às forças naturais, por se tratar de um efeito que, na natureza, não tem causa proporcional” (“proporcional”: fala do milagre ou só da Divina Providência?).
– Há que precisar bem os termos ambíguos experimental, usual, apenas e proporcional; aliás, tomados literalmente, nenhum desses termos estaria de acordo com todo o contexto. Essa relativa ambigüidade é decorrente da influência das disquisições dos modernistas... PLENA CONFUSÃO.
Refletindo o parecer “quase unânime” da Teologia atual, deu-se “grande prestígio” a “um inquérito renovado” que tem por título: “Palavra de Deus”.
Trata-se de exposições pretendidamente magistrais de grandes teólogos, que se apresentam como sob a direção do famoso teólogo jesuíta Leon-Dufourt.
“Em razão desta identificação do milagre com o prodígio, os espíritos contemporâneos”... -- Respondo: Leigos no tema, no estudo dos fatos, na realidade arrastados pelo preconceito dos líderes racionalistas, liberais, modernistas etc.  “foram conduzidos”... --
Respondo:
Exato, “conduzidos”, sem conhecimentos de Parapsicologia, sem prévio estudo dos fatos, sem provas, sem reflexão... “a rejeitar em bloco a existência mesma dos milagres”.
Respondo:
Não duvido de que sejam grandes teólogos, no seu campo específico de teólogos: doutrina sobrenatural, a partir da Revelação.
Mas também não duvido de que não são nem grandes nem sequer medíocres especialistas no milagre. Nisto são péssimos cientistas: falam de fatos sem preparação específica e que por apriorismo se negam a estudá-los!
O estudo dos fatos, inclusive do próprio fato da Revelação e provar com fatos que é divina essa Revelação e não de qualquer outra entidade ou mera invenção humana, quase totalmente não pertence à Teologia, senão à Parapsicologia. Estes fatos, porém, e a Parapsicologia deveriam interessar fundamentalmente a todos os teólogos... Será que os ateus, positivistas, agnósticos, racionalistas..., até os teólogos (!) liberais e “modernizados” pensam suprimir a possibilidade ou realidade dos SN só porque não querem estudá-los?
 “É assim que o teólogo diagnostica a situação atual:
‘O prodígio, ou o milagre, não pode passar de um luxo metafísico, do que não temos nenhuma necessidade de nos embaraçar para viver cristãmente. Os dados prodigiosos do Novo Testamento mostram mentalidades que nos são estranhas; nossa tarefa é reafirmar isso que sem cessar é negado subtilmente: a verdadeira humanidade de Jesus até a morte’”.
 – Respondo:
Na realidade, são imenso “luxo metafísico” essas afirmações de bons teólogos em temas de Teologia, mas péssimos cientistas ao falar do milagre sem conhecimentos de Parapsicologia nem estudo dos fatos!
Na realidade, “do que não temos nenhuma necessidade de nos embaraçar para viver cristãmente” é das aéreas disquisições e sutilezas apriorísticas dos teólogos de tendências liberais e modernistas. Sem milagres, a Revelação não teria credenciais para ser aceita racionalmente. Não haveria fundamento racional “para viver cristãmente” em vez de viver epicureamente, ou espiritamente, ou budistamente, ou maometanamente..., 56.000 religiões e seitas!
E são esses teólogos preconceituosos causa de que hoje para divulgar qualquer religião ou seita só se insista na emotividade, na lavagem cerebral, no fanatismo...
Na realidade, “negar sutilmente” os fatos é próprio dos racionalistas e teólogos liberais (protestantes) e modernistas (católicos), não dos verdadeiros cientistas que se debruçam na análise dos fatos. E negando os milagres, o que os racionalistas pretendem negar com maquiavélica sutileza (repetida no cúmulo de ingênua “irreflexão teológica” pelos liberais e modernistas), é que junto à “verdadeira humanidade” existisse a verdadeira divindade em Jesus Cristo. Seria infantil, irracional, inumano aceitar sem credenciais, sem milagres, a divindade de Jesus Cristo.
Continuam os teólogos liberais e modernistas:
“Não é só entre os cristãos que homens de ciência (!?) estimam que devem renunciar ao conceito que eles têm de milagre, como mostra o Pe. R. Gros... Ou ainda, tal é o ponto de vista de H. van der Loos... a respeito do que realmente aconteceu”. --
Respondo:
“Devem renunciar”? Por quê? Puro preconceito sem estudar os fatos.
Nas series de artigos sobre os fenômenos SN, milagres, o leitor isento de preconceitos terá freqüentemente ocasião de ver que nos racionalistas e teólogos liberais e modernistas, entre detalhes de valor, sobressai um acúmulo de erros, preconceitos e disquisições sem fundamentar-se nos fatos. Fatos ao longo da história (“Efeito bumerangue”).
“Tal é exatamente o pressuposto de Rudolf Bultmann que já em 1933 teve cuidado de dissociar Wunder (maravilhoso) do Mirakel (milagre), que deve ser desmitologizado radicalmente, enquanto que ao Wunder corresponderia o puro perdão de Deus. A seus olhos o Mirakel é impossível, enquanto que o Wunder vem a ser uma abstração”. -- Respondo: Exato, “pressuposto” = preconceito, como amplamente veremos nesta coleção de artigos sobre os milagres. Como se vê, é precisamente essa característica de fato sobrenatural (Supranormal, SN, na nomenclatura da Parapsicologia), presente no conceito de milagre autêntico; precisamente essa característica é que incomoda aos racionalistas, ingenuamente seguidos pelos protestantes liberais e católicos modernistas. E querem exclui-lá do conceito e definição de milagre.
Assim negam que existam e mesmo que possam existir milagres nesse sentido de prodígio sobrenatural.
SÓ PARA OS MODERNISTAS (CATÓLICOS).
E é precisamente porque na definição que dão fica abertamente excluído o caráter sobrenatural (Supra Normal, SN) do milagre, ou porque com discutível habilidade evitam ser claros, que a "Delegação Romana” reclama contra os autores do “Catecismo Holandês”. Esse Catecismo “tenderia a excluir que um milagre possa superar as causas, ‘talvez desconhecidas’ que agiriam na ordem natural”. SUPRANORMAL.
Para falar em milagre, para poder de início admitir a possibilidade, por mais remota que possa parecer, de que o fenômeno se deve a força de fora do nosso mundo (= sobrenatural, supranormal), tem que ser claramente superior à natureza.
O termo supranormal foi introduzido na Parapsicologia por Frederico Myers, um dos seus fundadores: “Permiti-me compor a palavra supranormal para aplicá-la aos fenômenos que se encontram além do que acontece naturalmente... Esta palavra (supranormal) está formada em analogia com anormal... não fenômenos contrários às leis da natureza, senão (não só) sob uma forma inusitada, senão inexplicável”. – Comento: Por “forma inusitada” entendemos os fenômenos parapsicológicos humanos, os extra-normais, EN, e os para-normais, PN.
E por “forma inexplicável” entendemos os fenômenos parapsicológicos propriamente supranormais, SN, ou milagres. Se fosse “inexplicada”, poderíamos discutir..., mas se é “inexplicável”, como é que não seria supranormal no verdadeiro sentido de milagre? Em todos os estudos e discussões sobre o milagre, no campo teológico, no filosófico, das ciências de observação em geral e concretamente na moderna Parapsicologia; na discussão que se expandiu no fim do século XVIII, que se exacerbou no século XIX e que invadiu a primeira metade do século XX; na discussão, aparentemente “perdida” até hoje precisamente pelos que estão com a razão, quase desaparecendo entre a multidão e quase esmagados pelos preconceitos dos opositores; nesses multisseculares estudos e nessa trissecular polêmica entre os poucos que com conhecimento dos fatos falam dos milagres, e os muitos que sem prévio estudo dos fatos aprioristicamente rejeitam qualquer possibilidade do milagre, tudo, mais ou menos reflexamente, gira precisamente ao redor desta característica essencial do conceito de milagre:
Fatos observáveis superiores à natureza.
O ataque aos milagres foi acirrado neste “front”. E ridiculamente preconcebido. “NÃO SE SABE O QUE A NATUREZA PODE...” Assim atacava o famoso filósofo holandês e sefardita (judeus expulsos da Espanha), Baruch de Spinoza (1632-1677):
 “Que me seja permitido perguntar se nós pobres humanos temos um tal conhecimento da natureza que permita determinar aonde chega sua força ou seu poder, e o que possa superá-la.
E porque ninguém, sem arrogância, poderia avançar semelhante pretensão, não fica senão tentar explicar, deposto todo orgulho, os acontecimentos prodigiosos por meio de causas naturais, enquanto possível. E para aqueles que não possamos explicar ou demonstrar absurdos, bastará suspender nosso juízo e edificar a religião sobre a doutrina da sabedoria somente”.
 “Fotografia” de Rousseau, que após um período confuso quando protestante, converteu-se ao catolicismo e chegou a ser brilhante e até genial filósofo. Pintura por De La Tour, exposta no Museu Lécuyer, em Saint Quentin, França. Igualmente o ex-protestante filósofo suíço-francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), agitado sempre sem deixar de ser profundo muitas vezes, escrevia uma vez bem simploriamente, antes de converter-se ao catolicismo:
“Mas quem é o mortal que conhece todas as leis da natureza?...
Os milagres são as provas dos simples. ‘Isto não se pode’, é uma expressão que sai raramente da boca dos doutos; eles dizem mais freqüentemente ‘não sei’”.
E na mesma época, outros muitíssimos.
Como exemplo, ao acaso, Félix Dantec: “Para constatar um milagre (...) precisar-se-iam conhecer todas as leis (da natureza), como também todas as condições do fenômeno observado. Quem ousaria ter uma tal pretensão?“.
– Respondo:
“Edificar a religião sobre a doutrina da sabedoria somente”: sem os milagres, sobre quê “sabedoria” poderia aceitar-se uma Revelação Divina, ou seja lá de quem for? Toda religião gira ao redor de uma “doutrina” inobservável, que se diz revelada.
Acreditar numa suposta revelação sem assinatura, sem milagres, e assim uma entre 36 mil meramente inventadas pelos homens, seria irracional, inumano, infantil. Assim com seus preconceitos (ou má intenção?) os racionalistas e seus seguidores caem numa pretensão realmente estúpida: Com tal relativismo absurdo, eles próprios teriam chegado a alguma conclusão científica? Por exemplo o próprio Dantec se tivesse exigido a si mesmo o “conhecimento de todas as leis e de todas as condições”, poderia lecionar qualquer coisa nas suas aulas de Biologia no Instituto Pasteur de Paris? Generalizando o desconhecimento humano, com quê conhecimento atrevem-se a negar o sobrenatural? E os fatos “maravilhosos” como tais, sem nem sequer estudá-los? Quem é que não vê, se não fosse pela absurda cegueira do preconceito, a contradição em que terminam por cair Spinoza, Saintyves, Bultmann etc., etc.? Por um lado pressupõem aprioristicamente que a natureza é “pouco menos que onipotente”, e não obstante por outro lado negam a historicidade e possibilidade de ação ao realmente Onipotente e Autor da natureza. A natureza pode qualquer prodígio, Deus nenhum! Na expressão de Spinoza, se pudesse acreditar na revitalização de Lázaro por Deus, teria de renunciar a toda sua filosofia... “SOMENTE O SINAL”.  Seguido pela maioria, disparata o muito famoso teólogo católico Pe. Xavier Léon-Dufour S.J.:
“Felizmente (?!) não todos os pensadores vinculam o milagre ao prodígio. Perante o impasse a que conduzia uma apologética intemperante (?!), os teólogos recentes souberam (?!) mostrar ... que o milagre não pode consistir somente no prodígio, senão que toma sentido a partir do sinal que Deus dá (Nisto insistem todos os teólogos protestantes) ao ser humano através do prodígio.
Assim encontra-se restaurada (?!) a dimensão do sinal, que ela somente (?!) dá sentido ao fenômeno visível... Tiremos as conseqüências desta compreensão (?!) do milagre. Se o prodígio é inseparável da mensagem da qual é sinal, não pode de nenhuma maneira ser dissociado dos seus beneficiários, para os quais tem significação. Portanto, não há milagre em si, isto é, arrancado do contexto vital onde é transmitido”. “Sendo assim (?!), se o acontecimento é um prodígio para os espectadores, ele não o é necessariamente para aqueles que o ouvem recitado vinte séculos mais tarde” (?!), ou para os seguidores de outra religião (?!). Escreve, por exemplo, Etianne Charpentier (conceituado teólogo exegeta; porque como observador dos fatos, como parapsicólogo..., péssimo): “Sendo o milagre um sinal, uma questão que põe em caminho, não tem tanta importância que algum dia possa ser explicado, dado que não se crê por causa dele, mas por causa da verdade da mensagem”. -- Respondo:
Há que responder? Quantos disparates em tão poucas alíneas... Assim
1º) caem num “intemperante” subjetivismo;
2º) assim, para eles, não pode haver apologética (= defesa da Revelação);
3º) nem fé racional (o contrário de racionalista)...
Tudo dependeria do “contexto vital” dos “seus beneficiários”. Paradoxalmente, na realidade todos esses teólogos estão igualando qualquer tolice ao milagre.
O que eqüivale a fazer do milagre uma tolice. Esses teólogos inspiram pena quando, saindo do seu campo propriamente teológico –a partir da Revelação–, entram no campo fenomenológico –da ciência de observação, a partir dos fatos, Parapsicologia–, campo a que pertence por essência o tema dos milagres: fatos extraordinários do nosso mundo observável... Admirável capacidade de acumular tantos disparates em tão poucas palavras.
Não acerta uma, nem por equivocação. É admirável que a maioria dos teólogos modernos, influenciados pelo racionalismo, achem que tais disquisições são de grande valor. “Irreflexão teológica” a respeito de fatos, completamente divorciada dos fatos!! Segundo eles só “sinal”! Só “põe em caminho!”
“Não tem tanta importância que algum dia possa ser explicado!” Ora, se o milagre pudesse explicar-se naturalmente algum dia, nunca haveria sido verdadeiro milagre!
Dizem: “Não se crê por causa dele, mas por causa da verdade da mensagem”.
Formidável contradição.
Acreditar em verdades inobserváveis, sobrenaturais pela própria verdade da mensagem! Sem milagre, a aceitação de determinada mensagem, entre milhões de pretendidas mensagens ou pretendidas revelações em milhares de religiões, seria completamente subjetiva, infantil, irracional, inumana.
Na realidade a característica sinal (“aspeto relativo” no sentido de em relação alude à importantíssima finalidade do milagre, não alude à constituição do milagre como tal. É que esses famosos teólogos “modernizados”, no seu preconceito, esqueceram até o conceito clássico de sinal? Ou como sublinhava até ironicamente nada menos que o insuperável Bento XIV: “É sumamente difícil neste tema encontrar separação, entre milagre e sinal.
Dado que se prova a fundo ante tudo que nenhum sinal de coisa alguma sobrenatural se pode deduzir a partir de muitas circunstâncias das quais nenhuma, nem em conjunto nem por separado, superaria as forças da natureza”.
Basta um mínimo de reflexão para dar ganho de causa aos teólogos “tradicionalistas”, contra os malabarismos dos “modernizados”. Santo Tomás já insistia em que os milagres tem valor de sinal precisamente porque são efeitos sobre todo poder da natureza.
Os mesmos teólogos protestantes liberais e católicos “modernizados” que negam aos santos a possibilidade de alcançar milagres de Deus, esses mesmos teólogos acreditam em possessões e milagres dos demônios!
 “Tentações de Santo Anton”, pintura em 1520, por Manuel Niklaus.
O santo doutor mostra que são inseparáveis esses dois aspectos, “o primeiro, a ação ela mesma que ultrapassa, isso pelo qual os milagres são chamados ‘atos de poder’;
o segundo é a finalidade pela qual são feitos os milagres, isto é, a manifestação de algo sobrenatural, isso pelo qual comumente são chamados ‘sinais’”.
 Lógico: entre os teólogos de hoje, alguns de maiores quilates e com conhecimentos de Parapsicologia, e por isso mesmo não seduzidos pelo racionalismo e modernismo, também frisam a inseparabilidade de ambas características.
Os jesuítas Padre Karl Rahner e Padre Vorgrimler, por exemplo:
O milagre deve ser “algo, no horizonte da experiência humana, não explicável pelas leis da natureza. Só assim pode ser sinal da vontade salvífica de Deus”.
A situação dos teólogos e filósofos “modernizados” fica ainda mais ridícula. Porque, por um lado, negam que sejam milagres os fatos maravilhosos da Bíblia (que não podem desconhecê-los; fatos posteriores nem os conhecem), convertendo-os unicamente em sinais tão subjetivos ou tão emocionais; e, por outro lado, esses mesmos teólogos “modernizados” aceitam a intervenção e possessão dos demônios! Milagres de Deus, não; dos demônios, sim! O cúmulo! UM EXEMPLO “DIABÓLICO”.
De acordo com aquele espantoso e ridículo subjetivismo de tantíssimos teólogos de hoje, influenciados pelo racionalismo, seria milagre qualquer especial fenômeno parapsicológico, mal interpretado no “contexto vital” de alguém entre as testemunhas “seus beneficiários”. Entre milhares de exemplos, escolho um acontecido com os irmãos Burner, os famosos chamados “endemoninhados” (?!) de Ilfurt: “O policial Schini..., protestante anglicano, burlava constantemente dos acontecimentos ocorridos na família Burner, e divertia-se um mundo pelos inumeráveis estrangeiros que vinham de tão longe para ver aquela que ele chamava ‘a idiotice’ dos dois irmãos... Fez-se emprestar uma roupa civil, e ao entardecer se dirigiu à casa da família Burner”. “Uma multidão de pessoas lhe prevenira que deveria esperar seu turno no térreo. Mas a espera não foi longa.
Os dois endemoninhados (?!) jaziam no seu leito no primeiro andar e pareciam adormecidos, quando um deles chamou a mãe e lhe sussurrou: ‘Mamãe, desce ao térreo e encontrarás o policial Schini ao pé da escada. Faze-lo passar entre as pessoas e encaminha-o logo acima, porque há muito que não o vemos’.
A mãe pegou uma vela e desceu; mas como o policial estava em roupa civil não o reconheceu”. “Ela subiu junto aos seus filhos, e lhes assegurou que estavam enganados. ‘Que?, que?’, exclamaram eles dois, ‘o policial Schini está aqui embaixo, certamente! Só que está vestido à paisana’.
O pai Burner quis então descer a certificar-se ele mesmo, e encontrando-o imediatamente, pediu-lhe subir porque seus filhos assim o desejavam”.
“A estas palavras o policial Schini pareceu alcançado por um raio... Apenas retornado a casa, quando seus superiores o interrogaram..., ‘não vi nada, mas ouvi’, respondeu Schini, ‘isto me basta!’. E lhes contou como os rapazes o tinham reconhecido sem que lhes fosse possível vê-lo. ‘Sem dúvida nossa religião (anglicana) proíbe (naquela época, com notável pioneirismo, lamentavelmente hoje quase plenamente perdido) a superstição (de possessões demoníacas).
Mas como posso eu explicar semelhante mistério?’”
 – Respondo: Já expliquei várias vezes, em outra serie de artigos e especialmente em “A Face Oculta da Mente”, este singelíssimo fenômeno de Sugestão Telepática (ST). Os chamados “endemoninhados” (?!) captaram por telepatia o pensamento do policial a respeito deles. O vulgar fato parapsicológico é o que os “modernizados”, por seus preconceitos, entendem ou explicam (?!) como milagre!! Foi tão sinal para o policial, que nele fundamentou sua súbita rejeição do anglicanismo em favor do catolicismo.
“Os demônios convertidos em apóstolos”!, teriam que deduzir na sua preconceituosa total falta de lógica. Para os anglicanos, porém, seria milagre do Diabo, porque foi sinal para afastá-lo do anglicanismo ou da Reforma em geral, arrastando-o para o “papismo”.
E EM CONTRASTE e por exemplo, quando Jesus revitalizou a Lázaro após tantos outros prodígios magníficos, tão superiores aos fenômenos de todos os povos e de todas as religiões..., também tudo seria sinal da intervenção do Diabo, de acordo com a reação das testemunhas: “Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: ‘Que faremos?
Este homem realiza muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele e os romanos virão, destruindo o nosso lugar santo e a nação’” (Jo 11,46-48). Esses teólogos “modernizados” acostumaram-se a disquisições no ar. Nem suspeitam o ridículo que fazem. Em fatos do nosso mundo deveriam deduzir a partir das ciências de observação. A “interpretação subjetiva”, isso que eles erradamente chamam “sinal”, de maneira nenhuma pode ser a característica essencial para diferenciar o falso milagre do verdadeiro.
Como o subjetivismo não serve para diferenciar as moedas falsas das verdadeiras, ou as perucas das verdadeiras cabeleiras...

Fonte: Padre Oscar Quevedo - CLAP

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