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3 de maio de 2011

Teologia do Antigo Testamento


 1 - O Encaminhamento: Problemas e Pistas


O Antigo Testamento relata-nos um só e mesmo Deus.
A Teologia do Antigo Testamento se desenvolve, através de sua forma de literatura. Deve-se ressaltar que é um livro de história, assim a teologia que quiser estar de acorde deverá ser narrativa, e não conceitual. A separação religiosa entre o histórico e o religioso é inviável. O discurso da fé é iluminado por eventos históricos e, estes o iluminam.


Ao fazermos teologia do Antigo Testamento é importante que consideremos a situação, em que os textos testemunham de Deus, e quem fala.


Raras vezes possuímos as palavras dos personagens bíblicos, o que possuímos são as tradições por eles iniciados. Assim é importante localizar as informações do texto dentro de seu contexto e realidade social. Pode-se dizer que o Antigo Testamento, em algumas partes é texto de periferia de setores marginalizados na sociedade.


A maneira de se compreender antiga a redação do Antigo Testamento , deixa de ser satisfatória. Não só Gênesis mas todo o Antigo Testamento é, basicamente um compêndio de perícopes. Mas carecemos de modelos satisfatórios.


Esta forma de fazer hermenêutica, trata não só de uma nova caminhada que venha a acrescentar e somar ao já existente. Trata-se de uma outra caminhada.


1. A Teologia na Historiografia


1.1 Preâmbulo


Os primeiros livros da Bíblia enfocam a história de Israel e sua origem. O Pentateuco constitui-se uma porta de entrada, para a história de Israel, que tem continuidade nos demais livros.


Nos livros históricos não contém a história salvífica continuamente, pelo contrário, observamos a existência de certas fases, como humanidade, patriarcas, povo oprimido, deserto, Sinai/Horebe, e tomada da terra. Assim uma Teologia do Antigo Testamento deverá abordar estes assuntos se quiser ser relevante. Dentre todos os temas existentes no Pentateuco, o êxodo é seu ponto central.


2.1.1 (Teologia do Pentateuco a partir da teologia das fontes?)


Um dos motivos para não se fazer teologia do Pentateuco a partir das fontes (Javista -J-, eloísta -E-, deuteronomista -D-, Sacerdotal-S-) seria a falta de consenso entre os defensores dessa teoria quanto às interpretações das fontes.


2.1.2 (Teologia do Pentateuco como teologia da aliança?)


É evidente que nos textos Bíblicos desde Gênesis até Deuteronômio a aliança é de suma importância. Fica a pergunta: Não deveríamos partir do conceito da aliança na Teologia do Pentateuco?


2.1.3 (Impasses de uma teologia do Pentateuco que parte das fontes ou da aliança!)


Os dois modelos é pouco adequado, porque a teoria das fontes esta sendo seriamente questionada, mas também porque a teologia da aliança somente corresponde ao teologizar do 7º e 6º séculos.


2.1.4 (Por que o êxodo é o acesso teológico preferencial para o Pentateuco?)


Baseando-se em G. Von Rad, o autor sugere que a fé de Israel tem sua origem no êxodo, causado por Javé. A libertação do Egito, está relacionada com o Deus libertador de Israel.


O fato de Deus escolher revelar seu nome de modo especial no acontecimento do êxodo dá maior importância ao feito. O êxodo é vital no credo israelita, o êxodo introduz o nome de Javé




1.2 Javé liberta escravos da opressão! (O Deus dos hebreus – teologia do êxodo)




É característica do êxodo não haver qualquer referência a uma teologia mítica ou cíclica. Se caracteriza com uma teologia histórica. Os textos do êxodo evidenciam de modo mais consistente em que sentido Javé é Deus da história.




1.2.1 (O milagre) Os milagres de Deus para com seu povo são caracterizados pelo fato de Israel ser na maioria das vezes inferior aos outros povos e Deus agir milagrosamente em seu favor. A intervenção de Javé se dá pelo milagre no campo de batalha.


O nosso mundo atual não requer e nem suporta milagres; o trabalhador crê em milagres e o celebra.


1.2.2 (O milagre é para escravos!) O êxodo esta intimamente relacionado com os sofredores, escravos e oprimidos. A ação de Deus e o clamor dos oprimidos não são separáveis. É de caráter elementar identificar no êxodo a relação de Deus com os escravos hebreus.


2.2.2.1 (Um compêndio de teologia da libertação em Ex 3; 4; 6) Estes textos são diálogos, e reflexões sobre Deus. Supostamente os capítulos 3-4 vem de círculos proféticos, e o capítulo 6 de círculos sacerdotais.


O autor defende a tese de que “hebreu” não é raça, para partir dizendo que então Deus se mostra universal, e não somente de um povo.[2] Creio que se pode usar textos apropriados para se chegar a esta conclusão, e não forçar o termo “hebreu” para apoiar sua ideologia com caráter apropriado para a “Teologia da Libertação”.




1.3 Javé age pessoalmente! (O Deus dos Pais – teologia dos patriarcas)


Nos patriarcas vemos Deus nos fenômenos de vida o semi-nomadismo. O Deus dos patriarcas se revela como Deus pessoal. O agir de Deus não se da com um individuo, mas a partir dele com todo o grupo.


Deus se mostra presente com o povo em suas peregrinações.


Deus concede promessas aos patriarcas geralmente relacionadas as terras. Em gênesis 12 vemos que as promessas visam abençoar as famílias agrárias e trabalhadoras, em gênesis 22 essa promessa passa a ter a condição de obediência.


Em gênesis 3;4;6 incorporasse a teologia dos patriarcas na teologia do êxodo.




1.4 Javé cria e mantém tudo e todos (O Deus de Abel – teologia da proto-história)


A teologia do Antigo Testamento é influenciada pelos textos de Gn 1-11. 
E a relação entre ciência e fé é determinante para a compreensão.




1.4.1 (Hermenêutica)


Segundo o autor em Gn 1-11 os fatos ali narrados foram acrescidos de sentido ao serem narrados oralmente, então era visto o presente para dentro do passado; de maneira inversa em Gn 12ss e Ex 1ss se lê o passado para dentro do presente.


Gn 1-11 evidentemente transcende o mundo histórico. Ou seja, não é histórico, céus e terra não foram criados em seis dias, os homens antes da queda jamais existiram, o dilúvio não é um fato histórico, a existência de uma só língua jamais foi uma experiência.




1.4.2 (Teologia)


O autor faz um paralelo do dilúvio com o êxodo, enfocando que ambos tiveram caráter libertador.


Ao criar a luz em Gn1 o autor propõe que o este texto foi formado no exílio com a finalidade de mostrar que quem criou os astros, ou luzeiros foram Deus e não divindades babilônicas. E declara “a primeira página da Bíblia transpira libertação político-social e teológico-espiritual”.




1.4.3 (Tarefas)


Gn 1-11 contam a história da benção ou do pecado ou de que modo ambos se relacionam nestas passagens?


CONSIDERAÇÕES




O Dr Milton Schwantes, se utilizou como pode ser observado em seu trabalho, das “fontes”, ou seja, Teoria das Fontes para sua Teologia do Antigo Testamento – Anotações. Segue abaixo algumas considerações:




a) Trata-se de uma tese que, uma vez desnudada de suas máscaras, literária, histórica ou análise socióloga, revela a sua identidade – uma tese filosófica.


b) Nunca se deve preferir a mera ortodoxia, às custas da verdade, será uma perversão negar que pontos de vistas ortodoxos podem estar com toda a razão.


c) A teoria sempre deve ceder lugar aos fatos.


d) O pano de fundo desta teoria, como sua própria origem e contexto esclarecem é o anti-sobrenatulismo.


e) O que tem se mostrado é que a maior parte dos importantes novos resultados obtidos pelos estudos históricos pouco têm tido a ver com a análise literária.


f) Em cada época, a exegese tem se moldado às maneiras de pensar dominantes; e, na metade final do século 19, o pensamento humano era dominado pelo método científico e pela perspectiva evolucionária da história.


g) As conclusões que se chega com esta teoria, é que Deus não agiu realmente na história de Israel; os hebreus tão somente pensaram que ele o tivesse feito.


h) Não há qualquer prova objetiva da existência dos documentos J.E.D.S.


i) Este método impõe um moderno ponto de vista ocidental à antiga literatura oriental; se sente competente para descartar ou refazer frases ou mesmo versículos inteiros, sempre que são ofendidos os seus conceitos de coerência e estilo.


j) Este método é especialista em fabricar problemas que geralmente não estão presentes.


k) Comete um erro lógico, quando procura desesperadamente argumentar a aceitação de seu método como se fosse uma questão provada, e sem erros.


l) O famoso estudioso judeu, Cyrus Gordon, fala da adesão quase cega de muitos críticos à teoria documentária:


Quando falo sobre a “fidelidade” a JEDS aponto para o sentido mais profundo do termo. Tenho ouvido professores do Antigo Testamento referirem-se à integridade das fontes JEDS como a “convicção” deles. Estão dispostos a tolerar modificações quanto aos detalhes. Permitem a subdivisão de fontes (D1, D2, D3 e assim por diante), a combinação de fontes (JE), ou a adição de algum novo documento, designado por outra letra maiúscula qualquer; mas não admitem qualquer dúvida quanto á estrutura básica, os supostos documentos, JEDS.


Fonte:  Anotações – Milton Schwantes





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