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5 de agosto de 2010

São Gaspar Bertoni

Em todos os períodos da história, existem certas pessoas que se dispõem a enfrentar os problemas do seu tempo. Estas pessoas estão sempre prontas para combater as adversidades das circunstâncias que as cercam e tudo fazer para produzir mudanças positivas. Estas pessoas são atuantes na vida, são aquelas que não têm medo de lutar por suas convicções, que acreditam tão fortemente em seus objetivos que procuram vencer todas as dificuldades para alcançá-los. São Gaspar Bertoni, fundador da Comunidade Estigmatina, foi este tipo de pessoa.


Ele nasceu em 1777 em Verona, Itália. O mundo estava em uma época de mudanças explosivas. A revolução norte-americana ganhava ímpeto em pontos diversos da costa. Na Europa, o espírito de revolta estava fermentando na França. A Itália do tempo de São Gaspar Bertoni estava sendo importunada por conflitos internos. Guerrilhas e desordens dividiam não somente o país como, da mesma forma, o Clero dentro da Igreja.


Este espírito de revolução, ardente e furioso quando começou, gradualmente foi se transformando em um saudável clima de mudança. Leis rígidas e tradições de longa data foram testadas pelo povo, que desejava liberdade e auto-respeito. O tempo estava certo para um homem como São Gaspar Bertoni para deparar-se com os desafios das condições que o cercavam. Ele foi um homem de missão, um homem sem medo de mudar, de fracassar.


Embora São Gaspar Bertoni tenha nascido há mais de dois séculos atrás, ele pensava e agia muito como uma pessoa de hoje. Basicamente desde o princípio de sua vida, ele sabia para onde estava indo e tinha certeza de chegar lá. Gaspar era tanto um homem de seu tempo como à frente de seu tempo. É dito que, quando ele entrava em uma sala ou caminhava por uma rua cheia de gente, o povo o notava imediatamente. Eles ficavam instantaneamente cientes de sua presença. No entanto, não havia nada de espetacular em sua figura ou de extraordinário em sua face. Ele foi, na verdade, um tanto frágil e de aparência mediana. Assim, não era alguma coisa a respeito de sua aparência física que atraía a atenção. Até onde podemos presumir, era uma bondade interna que alcançava e tocava o povo.


Para descobrir por que isso era assim, é necessário olhar para dentro da própria pessoa, de seus pensamentos e da maneira como ele escolheu viver a sua vida. Desde o tempo de menino, Gaspar Bertoni preocupava-se com o que acontecia à sua volta. Ele não se contentava em simplesmente aceitar o que via, ouvia e sentia. Ele procurava razões. Ele queria saber por que as situações existentes tinham vindo a ser e o que fez com que elas tomassem sua forma presente. Esta necessidade de saber o por que das coisas permaneceu forte por toda a sua vida.


Durante a sua vida, ele foi capaz de suportar uma enorme pressão, freqüentemente enfrentando terríveis expectativas. Ele esteve em precária saúde e quase constante dor desde a infância, porém nunca permitiu que seu sofrimento o impedisse de alcançar o que era importante para ele. Enfrentou de forma total a dor e a precária saúde, aceitou-as e viveu com elas.


Gaspar definiu o seu ideal ainda muito jovem. Quase tão cedo quanto estava capacitado a pensar, ele soube que iria ser padre. Sua vocação foi tal que nunca lhe suscitou dúvidas, que ele abraçou e foi determinado a levar em frente em um modo que faria o melhor para o maior número de pessoas. Para realizar isto, Pe. Bertoni desenvolveu uma rigorosa disciplina e ordem dentro de si mesmo, que perdurou e lhe valeu por toda a sua vida. Não havia espaço para auto-questionamento, indecisão ou desencorajamento em sua vida diária. Estas foram situações que tiveram que ser superadas e ele empregou todo “bit” de sua força para isso. Profunda intenção seguida por ação direta foram as ferramentas que ele empregou para alcançar os seus objetivos. Sua piedade e fé foram extremamente fortes, mas igualmente simples. Mais de uma vez ele anotou em seu diário pessoal que se comunicou com Deus como “um amigo falando com outro”. Para fortalecer sua convicção sobre o grande poder dentro de si mesmo, ele freqüentemente recordava e era confortado pela convicção de Santo Tomás de Aquino “que todo aquele que tem comida em casa não deve ir procurá-la do lado de fora. Tal homem deveria passar fome”.


Olhando quanto precisava ser feito, e dolorosamente ciente de sua inabilidade para fazer isto sozinho, Gaspar Bertoni procurou a ajuda de outros que compartilhavam seu sonho. Cedo ele descobriu que tinha um talento especial para atrair jovens com verdadeiras vocações para o sacerdócio. A responsabilidade de treinar estes homens ofereceu-lhe um enorme desafio. Por muitas e muitas vezes ele encontrou atitudes indiferentes ditadas pela tradição. Pareceu para ele como se os jovens fossem despejados dentro de algum molde impessoal, endurecido em sua finalidade como em cimento pelos séculos de convenção dogmática. Quando os jovens emergiram deste molde, eles eram estereótipos: somente desempenhando o que era exigido deles e nunca dando verdadeiramente de si próprios. Pe. Bertoni fez votos de que isto nunca aconteceria com os homens confiados à sua preparação. Eles seriam instruídos tanto em necessidades humanas como em espirituais. Eles seriam encorajados a pensar, em um tempo em que pensadores não eram populares.


Cedo em seu ministério, ele fundou uma escola em que procurou fornecer educação da mais alta qualidade, quando a educação para o povo era quase inexistente. Novamente, apesar de sua profunda preocupação pelas necessidades dos outros, ele edificou uma instrução que foi um dos primeiros modelos de excelência escolástica. Por não comprometer seus ideais, por não contentar-se em simplesmente encontrar exigências civís e por ir além do que era necessário, São Gaspar Bertoni foi capaz de dar aos jovens uma fundamentação em que ele edifica vidas cheias de sentido.


Ele reconheceu a importância vital de procurar vocações nos jovens e orientar o seu desenvolvimento para a maturidade. São Gaspar Bertoni sentiu fortemente que a esperança da Igreja estava nos jovens recrutados para assistir o seu povo. Sua própria simples fé era contagiosa. Sua eloqüente, porém muito humana pregação converteu muitos para a razão. O povo podia entender o que Pe. Bertoni dizia e eles eram capazes de relatar sua mensagem. Como tantos responderam a ele, esta é a melhor prova de seu poder singular de comunicação.


Mas o principal e determinante sonho de toda a vida de Pe. Bertoni era a formação de uma congregação seleta, tendo sua própria muito especial missão. O grupo, bem ao modo de uma moderna força-tarefa, seria destinado à fonte das necessidades diocesanas; corrigir a situação e depois ir à frente. Foi um sonho que sua incansável determinação fez tornar-se realidade. Os bispos, que estavam tendo dificuldades dentro de suas dioceses, vieram a conhecer e depender desta nova forma de ajuda. Por causa deste conceito ser muito à frente de seu tempo, havia muitos que duvidavam de seu valor. Mas oposição foi alguma coisa que Pe. Gaspar Bertoni dominou muito bem. Ele enfrentou isso com sua própria auto-confiança. Ele estava convencido de que sua congregação iria surtir efeito; e ele fez com que isso acontecesse. Possivelmente o dia mais feliz de sua vida foi o dia 4 de novembro de 1816. Neste dia, Pe. Bertoni formou o núcleo de sua congregação. Mais tarde, esses homens foram popularmente chamados de Estigmatinos. A partir deste pequeno e inicial grupo de padres e irmãos cuidadosamente escolhidos, a comunidade se desenvolveu e se espalhou por todas as partes do mundo.


Foi sempre o espírito contagioso de seu fundador que conservou a comunidade indo em frente. Bondade e cortesia foram mostradas a todos que vinham vê-lo, não importando a sua condição social. O único interesse de Pe. Bertoni era como eles pensavam, como resolviam problemas e como trabalhavam nos dias comuns de suas vidas. Conservando sua própria vida tão simples, livre de atividades sem sentido e cobiça pelas coisas materiais, Pe. Gaspar Bertoni foi capaz de dar livremente de si mesmo aos outros.


Ele era muito solicitado no confessionário, fato este que revela ainda uma outra importante sagacidade do seu caráter. Nobres, líderes da Igreja, assim como homens, mulheres e crianças comuns de Verona o procuravam como confessor. Isto era porque ele oferecia muito mais que um ouvido para pecados. Pe. Bertoni dava sábios conselhos, encorajava as pessoas a pensar e infundia auto-confiança no penitente. Certamente, este foi um homem moldado não segundo um modelo de outros, mas o seu próprio. Pelo seu exemplo, o clero de seu tempo e lugar foi revitalizado. Houve um ressurgimento da fé. Muitos duvidosos tornaram-se fiéis, e muitos fiéis encontraram uma relação mais profunda e mais significativa com Deus. O centro de gravitação espiritual de Pe. Gaspar Bertoni era seu autêntico senso de completa aceitação da vontade de Deus. Gradualmente, conforme esse senso foi sendo amadurecido, ele encontrou-se desenvolvendo um profundo senso de esperança. Uma esperança que se traduziu em ação e uma comunidade de homens que continuariam a servir a Deus, muito depois de Pe. Gaspar Bertoni ter retornado ao Criador.


Estas, portanto, são algumas das coisas que conhecemos sobre São Gaspar Bertoni. Elas poderiam ajudar a explicar por que sua presença era imediatamente sentida onde e quando fosse que ele encontrasse as pessoas. Elas são as razões pelas quais este homem estava à frente de seus contemporâneos. Quando examinadas, estas razões não são complicadas ou difíceis de entender. Elas são a realização do bom caráter em qualquer pessoa. Mas, ao contrário da maior parte das pessoas, Pe. Gaspar Bertoni esteve disposto a atingir um ideal. Ele arriscou investir nas chances oferecidas pelo seu tempo e lugar. E, através de auto-disciplina, educação, perseverança e fé, ele dispôs-se a dissipar completamente as forças de indiferença e dúvida. Por aproveitar estas chances, São Gaspar Bertoni inspirou uma comunidade fundamentada em sua própria constituição, cujo trabalho para a glória de Deus e o bem de todo o Seu povo continua nos dias de hoje.

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