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19 de março de 2013

Doutrina das Indulgencias


Uma pessoa rouba ou desvia dinheiro público para benefício próprio. A fraude é descoberta, ele passa por um processo criminal e é preso. Na prisão, porém, reflete sobre tudo o que fez de errado e se arrepende. Pede perdão a Deus, confessa-se com um sacerdote e cumpre sua pena.Numa outra situação, alguém tira a vida de uma outra pessoa durante um assalto. Esse assassino é preso e condenado. Na cadeia ele recebe a visita de seus familiares, de um religioso, da pastoral carcerária ou de um sacerdote; pessoas que lhe ajudam a refletir sobre o mal que cometeu. Ele se arrepende, confessa-se, recebe o perdão de Deus através do sacerdote e cumpre sua pena.Em outro exemplo, ainda, alguém começa a falar mal de uma outra pessoa.
A quem ouviu o caso, independentemente de ser verdade ou não, conta para outra pessoa, que conta para outra, que conta para outra… Rapidamente muitas pessoas ficam sabendo do acontecimento e fazem o seu julgamento sem conhecer a verdade, sem conhecer a versão real dos fatos, sem ouvir a pessoa que está envolvida, sendo acusada, mal falada, difamada, tendo sua imagem denegrida. Pronto! A sujeira está feita.

A fofoca prejudicou, denegriu, feriu a imagem de alguém. Talvez, nesse caso, quem começou a fofoca tem uma culpa maior porque essa pessoa poderia ter ficado quieta. Mas, os outros que levaram a fofoca adiante também são culpadas. Elas deveriam ter “cortado o mal pela raiz”.
Não importa se o que ouvimos a respeito de outra pessoa seja verdadeiro ou falso. Falar mal de alguém é pecado, imoral e desumano. Mas, digamos que uma dessas pessoas ou todas elas tenham se arrependido sinceramente. Pediram desculpas para a pessoa agredida, confessaram-se e receberam o perdão de Deus.

Nos três exemplos, as pessoas que tiveram um arrependimento sincero e se confessaram, receberam o perdão de Deus e não carregam mais o peso do pecado que cometeram. Deus realmente as perdoou e nem se lembra mais de seus pecados. Deus é infinitamente misericordioso.Porém, as conseqüências dos pecados dessas pessoas ficam.

No primeiro caso, quem desviou dinheiro publico prejudicou milhares de pessoas.
O dinheiro que era para ser usado na saúde, na educação, no transporte e na moradia foi roubado. Muitas pessoas ficaram sem remédio, sem escola, sem uma casa decente para morar… Isso é praticamente irreparável. Como recuperar o dinheiro roubado? Como dar boas condições para as famílias viverem? Melhorar a vida dessas pessoas vai levar muito tempo e pode até não acontecer. Porém, o arrependimento sincero da pessoa que roubou é válido, o perdão é completo, mas não resolve a situação das pessoas prejudicadas.

No segundo caso, a pessoa que foi assassinada poderia ser um pai de família. Ele tinha uma esposa e filhos para cuidar, mas já não pode mais fazer isso. Como essa família vai sobreviver? A viúva vai ter que sustentar a casa e, talvez, não tenha com quem deixar os filhos para poder trabalhar. Poderíamos usar milhares de exemplos nesse caso. Nesse exemplo o arrependimento da pessoa que matou também é válido, o perdão é completo, mas não devolve à vida o ente querido assassinado e não resolve a situação da família.

No último caso, o arrependimento das pessoas, o perdão recebido e o pedido de desculpas, apesar de válidos, podem, também, não resolver os problemas que a pessoa acusada está vivendo por ter sua imagem manchada, denegrida pela fofoca e pela mentira. A vítima está “suja” diante da sociedade, mesmo sendo inocente. Também aqui o arrependimento dos acusadores e o perdão recebido não podem resolver a situação da pessoa agredida.

Nos três casos a pena devida por causa dos pecados cometidos permanece. As pessoas precisam “pagar” pelos erroscometidos. Elas se arrependeram e foram sinceramente perdoadas por Deus, ainda que não tenham sido perdoadas pelas pessoas que sofreram as agressões. Porém, elas não têm como apagar as conseqüências dos pecados cometidos. Elas são as responsáveis e culpadas pelo mal que cometeram.
O pecado é apagado de suas almas pelo perdão de Deus, através do sacerdote, mas permanece a culpa, entendida como pena temporal a ser paga.

O criminoso deve pagar pelo seu crime como manda a lei. E, na vida espiritual não é diferente. A pena devida pelo pecado já perdoado deve ser remida, “compensada, aliviada, quitada” para restaurarmos nossa comunhão total com Deus. Ninguém poderá ver a Deus se tiver “um cisco” que seja, em sua alma, na hora da morte. Porém, Deus nos deixou, através da Igreja, ações e atitudes que limpam definitivamente nossa alma de qualquer mancha de pecado ou pena devida. Trata-se das Indulgências, parcial ou plenária (total).

A indulgência é a remissão (diminuição, alívio), diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa (Catecismo 1471). A indulgência se obtém de Deus, mediante a Igreja que, em virtude do poder de ligar e desligar que Cristo Jesus lhe concedeu (Mateus 16, 19), intervém em favor do Cristão (Catecismo 1478). Jesus Cristo deu á sua Igreja o poder de tirar de nossa alma qualquer impedimento que dificulte nossa entrada no céu.

Podemos obter indulgências através da Confissão, da Eucaristia, com a participação da Santa Missa, das obras de caridade, rezando pelo Papa, meditando na Palavra de Deus, participando das atividades e festividades sagradas da Igreja como, por exemplo, confessando e comungando.

A indulgência será parcial se apagar parte da pena devida. Será plenária se apagar todas as penas, livrando-nos do Purgatório.Entretanto, o Purgatório é a última das misericórdias de Deus. Alguns podem achar essa palavra feia e tentam até evitá-la. Mas, a palavra purgatório vem do latim, “Purgatoriu”, e significa “purgar, purificar, tornar puro, limpar”. Deus é perfeito, puro e nossa alma precisa estar totalmente limpa, sem nenhuma mancha de pecado ou pena a ser cumprida para estarmos definitivamente com Ele. Daí a existência do Purgatório que é um estado de vida após a morte.

É importante sabermos que a alma que está no Purgatório já está salva, mas precisa ser totalmente limpa para se encontrar com o seu Criador. Só Deus sabe o “tempo” que vai levar essa purificação, mas nós podemos e devemos rezar pelas almas do Purgatório pedindo que Deus abrevie esse tempo. Isso faz parte da “Comunhão dos Santos”.


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