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6 de abril de 2011

Bastará dizer “Senhor, Senhor!” para se salvar?


"Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:


21 ‘Nem todo aquele que Me diz: ‘Senhor! Senhor!', entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos Céus.
22 Naquele dia, muitos vão Me dizer: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? 
E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?'
23 Então Eu lhes direi publicamente: ‘Jamais vos conheci.
 Afastai-vos de Mim, vós que praticais o mal'.
24 Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como o homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha.
25 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu porque estava construída sobre a rocha.
26 Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como o homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia.
27 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!'" (Mt 7, 21-27).




Fazer a vontade do "Pai que está nos Céus" não consiste principalmente em realizar estupendas obras pronunciando o nome de Jesus só com os lábios, mas sim em ter o coração em amorosa conformidade com as leis do Senhor.


Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP


I - Pertencemos a Cristo por natureza e por conquista


Se alguém de nós obtivesse poder para tirar do nada um esquilo, consideraria, com toda justiça, esse ser vivo inteiramente seu, pois, se não fosse pela sua ação criadora, o animal jamais teria começado a existir. Julgar-se-ia, portanto, com toda liberdade para mandá-lo subir no seu ombro, levá-lo para brincar no jardim, ou até trancá-lo numa gaiola, caso quisesse fugir. E se, em lugar de possuir uma mera natureza irracional, o animalzinho tivesse a capacidade de pensar, deveria tributar uma gratidão sem limites a quem lhe deu a vida.
Algo semelhante acontece conosco, homens e mulheres. Tendo sido tirados do nada pelo Criador, Ele Se tornou credor de nosso reconhecimento como Senhor pleno e absoluto. "Se Deus é todo-poderoso ‘no Céu e na Terra' (Sl 135, 6), é porque os fez. Por isso, nada lhe é impossível, e Ele dispõe à vontade de sua obra; Ele é o Senhor do universo", ensina o Catecismo da Igreja Católica.1 E São Luís Maria Grignion de Montfort, o célebre santo da devoção mariana, afirma: "Por natureza, todas as criaturas são escravas de Deus".2


Ora, não somos esquilos, nem plantas, nem minerais, mas criaturas racionais que, pelo pecado original, haviam perdido a possibilidade de herdar o Reino Celeste e de gozar eternamente do convívio com as Três Pessoas da Santíssima Trindade.


Para reparar tal perda, o Verbo Se fez carne, morreu crucificado e ressuscitou. Esse incomensurável ato de amor abriu-nos as portas do Céu e restabeleceu, através do Batismo e da graça, o gênero de relacionamento havido no Paraíso com o Criador. Em consequência, Cristo passou a ser Senhor do universo também por direito de conquista. "Pertencemos Àquele que nos redimiu, Àquele que por nós venceu o mundo, não com armas de guerra, mas com a irrisão da Cruz",3 afirma Santo Agostinho. E São Luís Grignion acrescenta: "Não nos pertencemos, como diz o Apóstolo (I Cor 6, 19), e sim a Ele, inteiramente, como seus membros e seus escravos, comprados que fomos por um preço infinitamente caro, o preço de seu sangue. Antes do Batismo o demônio nos possuía como escravos, e o Batismo nos transformou em escravos de Jesus Cristo e só devemos viver, trabalhar e morrer para produzir frutos para o Homem-Deus (Rm 7, 4), glorificá-lo em nosso corpo e fazê-lo reinar em nossa alma, pois somos sua conquista, seu povo adquirido, sua herança".4


Assim, por sua Morte e Ressurreição, tornou-Se o Verbo encarnado Senhor por excelência de todos os homens, tanto no tocante à sua natureza divina quanto à humana. Enquanto Deus, Cristo tem direito sobre todos os seres criados, não apenas por tê-los tirado do nada, mas também por sustentá-los na existência a cada instante, conforme canta o salmista: "Se apartares o teu rosto, turbar-se-ão; tirar-lhes-ás o espírito, e deixarão de ser, e voltarão ao seu pó de que saíram" (Sl 103, 29). Ao nos redimir, essa relação de servidão entre a criatura e o Criador estendeu-se também à sua humanidade divina, pois "a Ascensão de Cristo ao Céu significa sua participação, em sua humanidade, no poder e na autoridade do próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor: possui todo poder nos Céus e na Terra".5


Fonte: Mons. João Scognamiglio Clá Dias, 

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