Fico impressionado com a imagem que algumas pessoas fazem de Deus, principalmente em relação à morte. Como é comum ouvir pessoas nos velórios tentando consolar os familiares da pessoa falecida com frases do tipo:
“Você tem que se conformar porque Deus quis assim!” ou
“Se Deus quis assim, o que é que a gente vai fazer?”.
Uma vez fui consolar uma moça que havia perdido a mãe e a irmã num acidente e lhe disse:
“Confie em Deus”, “Segure na mão de Deus e Ele vai lhe dar forças”, ao que ela me respondeu:
“Não me fale de Deus, Ele não me interessa; Ele matou as duas pessoas que eu mais amava e eu não quero saber Dele”.
Logo concluí que alguém havia dito para ela uma daquelas frases acima.
Por isso, acho que as pessoas precisam parar de ser injustas com Deus, porque a morte não é culpa Dele. Podemos dizer que a morte não é de Deus.
É mentira que Ele quer a morte. Se dependesse Dele nunca haveria morte.
Ele é o Deus da vida e o que Ele quer é a vida para todos.
Deus criou o homem e a mulher e os colocou no paraíso. E lá não havia morte.
A morte entrou no mundo como conseqüência do pecado e não por vontade de Deus.
Deus alertou Adão e Eva que morreriam se “comessem da árvore que está no centro do jardim”, mas Adão e Eva ouviram a voz de satanás, representado pela serpente, e comeram. Deus não queria nem o pecado e muito menos a morte, mas respeitou o livre-arbítrio do homem e da mulher. E foi assim que a morte entrou no mundo: como conseqüência do pecado e não por vontade de Deus. Foi o ser humano quem introduziu a morte no mundo.
Porém, Deus não abandonou os seres humanos ao poder da morte. Ele enviou o seu único Filho, Jesus Cristo, para salvar a humanidade da morte. Jesus não somente se fez humano, mas experimentou a morte.
No entanto, Ele, e somente Ele, venceu a morte. Ele ressuscitou. A morte não teve domínio sobre Ele.
Ora, se Jesus é Deus e venceu a morte, quer dizer que Ele lutou contra a morte. Se Ele é Deus e lutou contra a morte, quer dizer que a morte não é de Deus, mas inimiga de Deus. E uma inimiga derrotada.
Desse modo, entendemos que a morte é nossa maior inimiga, mas Jesus a venceu.
Por isso, Ele é o único Bom Pastor, porque só Ele nos faz atravessar o vale da morte sãos e salvos para chegarmos à morada eterna. Isso significa que qualquer outro pastor que eu seguisse, por melhor que fosse, só poderia me levar até a morte.
Além da morte só Jesus pode nos levar. Por isso, é a Ele que devemos seguir e amar.
Tem gente que não quer seguir Jesus por causa do dinheiro, mas os ricos também morrem do mesmo jeito que os pobres. Outros não querem seguir Jesus para conquistar o poder, mas os poderosos morrem do mesmo jeito que os fracos. Outros ainda não querem seguir Jesus para desfrutar de todos os prazeres e acabam morrendo até mais rapidamente.
Se seguirmos a Jesus, também morreremos, mas no momento da nossa morte Ele virá em nosso socorro para nos resgatar e nos dar a vida eterna. E vida eterna é vida sem fim, ou seja, vida sem morte, porque no paraíso a morte não nos alcançará mais.
Portanto, quando você for a algum velório, não fale besteiras. Se você não tem nada para falar, fique quieto. Mais importante que suas palavras é sua presença, sua solidariedade, sua amizade e suas orações. Se quiser dizer algo, que seja:
“Estou aqui para o que precisar”, “Conte com minha solidariedade”,
“Confie em Deus porque Ele vai lhe dar forças” ou outra coisa assim.
Não ponha a culpa em Deus, porque se não a pessoa vai se revoltar contra Ele. E Ele é quem mais pode ajudar num momento como esses.
Fonte: Pe. Sidney Fabril é coordenador da ação evangelizadora na Arquidiocese de Maringá
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