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28 de dezembro de 2011

ESSES HOMENS CHAMADOS PAIS


1. Todos os anos, o segundo domingo de agosto é consagrado à reflexão e à comemoração da figura do pai. Certamente, o comércio se serve deste evento para faturar mais e melhor. As emissoras televisivas e radiofônicas haverão de fazer comparação entre o resultado das vendas do ano que passou e aquelas que se verificam agora. A televisão mostrará filhos correndo pelos corredores dos shoppings-centers, na última hora, para comprar um presente para os pais. Desnecessário dizer que o pai é uma das figuras mais importantes de nossa vida. Psicólogos, psicanalistas e estudiosos das ciências humanas são unânimes em afirmá-lo.
 2. O domingo dos pais é marcado por um encontro familiar. Aliás, as festas familiares são realidades importantíssimas num mundo sem tempo para encontros. Haverá almoços com pais jovens, pais de meia idade e esses homens alquebrados, curvados... Os filhos sentem sempre um aperto no fundo do coração.
3. Há certos pais que serão trazidos dos “asilos” onde moram. Não discutimos aqui a questão. Há famílias que não podem ter seus pais doentes e idosos em casa. Que fazer? Há pais que não poderão sentar-se à mesa porque não levantam mais de seus leitos de idosos e doentes.
4. Neste dia, os filhos que já perderam os pais, pais que foram levados pela irmã morte, esses órfãos já com sessenta e tantos anos irão ao cemitério colocar uma rosa na lápide da sepultura daquele que chamavam de pai, meu pai, papai... Realmente, mesmo já com idade avançada, é terrivelmente duro perder o pai ou a mãe...
5. Ser pai é uma vocação. Não é fatalidade. Esse ser humano masculino encontrando-se com o ser humano feminino chamado de mulher constituem um casal, uma unidade nova aberta para a vida. Tanto ele quanto ela carregam em seu corpo e em seu espírito germes de vida, desejo de serem pai e mãe. Ficamos sempre chocados quando uma criança nasce antes do tempo, quer dizer, antes da formação do casal, da constituição desse núcleo base. Com dificuldade assimilamos o fenômeno conhecido como mãe e/ou pai solteirismo. Insistimos: uma criança só pode vir ao mundo quando um casal se estima, se ama. O espaço do nascimento e do crescimento de uma criança é o casal, que se forma a partir de uma palavra dada, de um compromisso assumido, de um bem-querer para além do frisson emotivo do encontro dos corpos.
6. Tempos houve em que se fazia uma distinção entre os papéis da mãe e do pai. O pai seria provedor, chefe da família, pessoa forte, valente, que não chora...A mulher cuidava da casa, dos filhos, era toda feminilidade, dada também mais às coisas religiosas... Afinal de contas, homem é homem se dizia... Religião e choro são coisas para mulheres.... Os pais, hoje, trocam fraldas dos filhos, preparam-lhe a comida, levam-os à escola. Os papéis de pai e de mãe são intercambiáveis.
7. Para que um pai seja pai de verdade e marque a vida dos filhos ele deverá, antes de mais nada, ser companheiro delicado e fiel de sua mulher. A solidez de um casal é conditio sine qua non para que esse homem chamado pai possa dar o testemunho de sua vida e transmitir o ensino por sua autoridade. Maridos infiéis à sua esposa não são bom pais... embora o digam.
8. Um jovem é pai pela primeira vez. Tudo pode acontecer. Quem sabe ele e a mulher, antes do tempo, permitiram o envolvimento dos corpos e uma criança nasceu sem ser querida e desejada. Há outros que sonham com a paternidade. Acompanham a gravidez da mulher com cautela e atenção e, interiormente vão se organizando. Há aquele rapaz que, saindo da maternidade com a mulher, passa na igreja e apresenta o menino ou a menino a Deus nosso Senhor.
9. A experiência atesta que alguns rapazes acordam para a vida quando estreitam o corpo frágil do filho ou da filha junto de seu próprio coração, logo depois do nascimento. Até então, o moço era mais ou menos responsável, nem tanto assim... A partir de então as coisas mudam. Pão, presença, carinho, testemunho...são coisas de todos os dias.
10. O pai é pai. Não é um coleguinha ou amigão...O pai é pai, com sua autoridade, sua força, seu modo de amar diferente de todos os outros modos. O pai da terra lembra o Pai dos céus que faz chover sobre justos e injustos, que acolhe com um abraço apertado o pródigo que volta. O pai não pode perder sua condição de pai-autoridade. Mas é bom, profundamente bom. Os filhos, mesmo sabendo que seus pais podem ser falhos, esperam que esse homem sempre mostre sua autoridade de pai. Autoridade não quer dizer autoritarismo.
11. O pai é companheiro. Vive com os filhos. Convive com eles. Interessa-se por sua vida, seus projetos, seus sonhos. Chora sua dores e canta feliz com eles o cantar da alegria. Companheiro no tempo da infância, aquele que mede a febre, que nos leva ao médico, que nos apresenta orgulhoso a seus amigos. Companheiro que nos leva à rodoviária, nos pede prudência, nos adverte a respeito de certos abismos que estão sobre nossos pés de filhos.
12. O pai saberá conversar com seus filhos a respeito do delicado tema da sexualidade. Muitos pais se omitem. Deixam que filhos e filhas “quebrem a cara”. Um casal que vive uma bela harmonia sexual poderá transmitir aos filhos idéias claras a respeito desse vulcão da sexualidade que explode antes do que se esperaria.
13. Importante a figura do pai cristão. Normalmente, as mães insistem nas coisas da religião. O bonito mesmo é ter um pai amigo de Deus. Os filhos são profundamente tocados ao verem seu pai, todos os domingos, participando da missa, comungando respeitosa e dignamente. Belíssimo ver um pai ajoelhado diante do Santíssimo ou recitando salmos na penumbra da sala ao cair da tarde. Belíssimo o testemunho de um pai que, desempregado, não desanima; pai que sofrendo doença, não desespera; pai que tem as cores de Cristo Jesus em seu modo de ser.
14. Pensamos aqui nos pais que apreciam Francisco de Assis, que são membros da Ordem Franciscana Secular, que, franciscanamente, exercem seu ministério da paternidade: vivem dignamente sem ostentação; usam das coisas com modéstia; recusam-se a serem escravos da sociedade de consumo; gostam de freqüentar as igrejas e dizer ao Senhor Jesus que o adoram; pais que criam laços de perdão entre todos, em particular, entre seus familiares; pais que despertam nos filhos o encantamento diante da flor, do ar, da água, de nossos irmãos todos.
15. Cena das mais belas é essa de um pai cercado de seus filhos, seus muitos filhos, seus netos e bisnetos...Seu sangue corre longe... sua história se faz presente na história de tantos, sua vida foi vida para esses todos tão numerosos... Deus seja louvado por todos os pais da face da terra que são imagens e lembranças do Pai nosso que está nos céu!

 Fonte: Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

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