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8 de julho de 2011

Fé e Teologia

Não é possível falar sobre fé sem citar o texto de Hebreus 11.1
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.
Após falar sobre a revelação e sobre a inspiração, a teologia se mostra presa à fé e isto envolve o âmbito espiritual. 
Para se tratar de um assunto divino é preciso crer no divino.
A fé também é definida pela disposição de crer em algo, isto significa, acreditar sem ver, porém tendo um fundamento. 
Ela também pode ser vista como algo racional. 
Entretanto, neste prisma, coloca a teologia diante de problemas difíceis. 
Ela não pode ser puramente psicológica e nem baseada apenas na razão, pois é algo individual e ao mesmo tempo comum a todos. 
É ela quem leva as pessoas às igrejas e a uma reflexão interna.
De acordo com os ensinamentos paulinos a fé é o início do caminho que leva o homem a Deus. Porque não é o evento salvífico de Cristo que transforma o ser humano num cristão, mas a atuação do Espírito Santo de Deus e a crença de que tudo isto existe. Só através da fé que alguém pode entender tudo isso, compreender a graça de Deus e ao mesmo tempo, sentir-se sob ela.
A partir deste ponto é possível entender a teologia, porque ela utiliza a fé e é fruto da mesma. Imagine não ter fé ou não entendê-la e falar em revelação e inspiração, sem falar, em Deus e nos seus atributos divinos.
O teólogo, além de utilizar os seus pensamentos, precisa lembrar que para compreender a Palavra de Deus é necessário meditar nela, tirar conclusões e ensinamentos da mesma, a saber, os ensinamentos de Cristo.
A teologia não está desvinculada do indivíduo e muito menos do conteúdo da Escritura. 
A história da teologia mostra que os maiores pontos da fé cristã surgiram mediante a necessidade de combater idéias errôneas e heresias. Por isso o teólogo tem que viver integralmente da fé cristã, a qual é revelada pelo Espírito Santo de Deus.
Künneth diz que a vida do Espírito Santo toma conta do homem todo e também de sua capacidade de compreensão. Afirma ainda que as funções intelectuais do homem são determinadas, libertas e novamente orientadas pelo Espírito.
Só através de uma atitude humilde e reverente, que é condicionada pela fé, é que se tem uma abertura para ser ensinado pelo Espírito Santo.
É bom lembrar que sem fé não há teologia e que não se pode agradar a Deus, conforme diz o texto em Hebreus 11.6:


Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.


O teólogo precisa ter uma fé viva, através da qual é estimulado a elaborar, de forma intelectual, exata, comunicável e possível de verificação, a mensagem da verdade, a qual é Deus, que ele crê por fé. Esta condição é conhecida pela expressão fides quaerens intellectum (fé que procura entendimento).





A palavra hebraica utilizada para se referir à fé é: aman


Este vocábulo tem na sua raiz o sentido de certeza, confirmar, sustentar, principalmente ao ser utilizado no grau Qal. O versículo de Hebreus 11.1 o utiliza para definir fé. 
A idéia básica desta raiz é a de firmeza, certeza.
Este verbo ao ser utilizado no grau Qal expressa o sentido básico de sustento e é usado no sentido de braços fortes que sustentam uma criança necessitada. O particípio deste grau expressa a idéia de continuidade.
No particípio passivo do Qal o sentido é passivo de alguém que é estabelecido ou confirmado, ou melhor, o fiel. Conforme consta em:


Eu sou uma das pacíficas e das fiéis em Israel; e tu procuras destruir uma cidade que é mãe em Israel; por que, pois, devorarias a herança do Senhor? (II Sm 20.19)


Salva-nos, Senhor, pois não existe mais o piedoso; os fiéis desapareceram dentre os filhos dos homens (Sl 12.1)


Amai ao Senhor, vós todos os que sois seus santos; o Senhor guarda os fiéis, e retribui abundantemente ao que usa de soberba. Esforçai-vos, e fortaleça-se o vosso coração, vós todos os que esperais no Senhor. (Sl 31.23,24)


No grau Hifil (causativo) esta expressão tem o sentido de tornar certo, convicto e ser assegurado. Significa que é crer e mostra que a fé apresentada na Bíblia é algo seguro, uma certeza. Diferente do que se diz hoje porque a fé para o judeu é sobre algo que existe e por isso há a certeza desta existência.
No grau Nifal o seu sentido é de ser estabelecido, conforme consta em:


A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre. (II Sm 7.16)


Agora, ó Senhor, seja confirmada para sempre a palavra que falaste acerca do teu servo, e acerca da sua casa, e faze como falaste. (I Cr 17.23)


Agora pois, Senhor, Deus de Israel, confirme-se a tua palavra, que falaste ao teu servo Davi. (II Cr 6.17)


Ao ser utilizado no particípio do grau Nifal tem o sentido de ser fiel, certo, dependente, pois descreve os que crêem, conforme os textos de:


Mas não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. (Nm 12.7)


E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que fará segundo o que está no meu coração e na minha mente. Edificar-lhe-ei uma casa duradoura, e ele andará sempre diante de meu ungido. (I Sm 2.35)e achaste o seu coração fiel perante ti, e fizeste com ele o pacto de que darias à sua descendência a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos perizeus, dos jebuseus e dos girgaseus; e tu cumpriste as tuas palavras, pois és justo. (Ne 9.8)


Também é utilizado para descrever aquilo sobre o que toda a certeza descansa, o próprio Deus e sua aliança:


Saberás, pois, que o Senhor teu Deus é que é Deus, o Deus fiel, que guarda o pacto e a misericórdia, até mil gerações, aos que o amam e guardam os seus mandamentos. (Dt 7.9)


Conservar-lhe-ei para sempre a minha benignidade, e o meu pacto com ele ficará firme. 
Farei que subsista para sempre a sua descendência, e o seu trono como os dias dos céus.(Sl 89.28,29)
É possível notar uma nítida diferença, entre crer e ser estabelecido, contida em Isaías 7.9:


Entretanto a cabeça de Efraim será Samária, e o cabeça de Samária o filho de Remalias; se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer.


Afinal, sem fé não é possível ter estabilidade.


Outra expressão que vem da raiz de fé é o Amém e Jesus a utiliza para enfatizar a certeza do que estava dizendo.


que significa verdadeiramente, de fato.


O amém expressa uma afirmação certa em face de algo que foi dito. É utilizado após o pronunciamento de maldições solenes e hinos de louvor.


e esta água que traz consigo a maldição entrará nas tuas entranhas, para te fazer inchar o ventre, e te fazer consumir-se a coxa. Então a mulher dirá: Amém, amém. (Nm 5.22)


Também sacudi as minhas vestes, e disse: Assim sacuda Deus da sua casa e do seu trabalho todo homem que não cumprir esta promessa; assim mesmo seja ele sacudido e despojado. E toda a congregação disse: Amém! E louvaram ao Senhor; e o povo fez conforme a sua promessa. (Ne 5.13)


Maldito o homem que fizer imagem esculpida, ou fundida, abominação ao Senhor, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido. E todo o povo, respondendo, dirá: 
Amém. (Dt 27.15) para que eu confirme o juramento que fiz a vossos pais de dar-lhes uma terra que manasse leite e mel, como se vê neste dia. Então eu respondi, e disse: Amém, ó Senhor. (I Cr 16.36) Bendito seja o Senhor Deus de Israel, de eternidade a eternidade. Então todo o povo disse: Amém! e louvou ao Senhor. (I Cr 16.36)
Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo povo, levantando as mãos, respondeu: Amém! amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor, com os rostos em terra. (Ne 8.16) Bendito seja o Senhor Deus de Israel de eternidade a eternidade. Amém e amém. (Sl 41.13)que significa fé, sustento, certo, seguro.
O amanah é uma expressão encontrada sempre em fases interrogativas, sugerindo dúvidas da parte daquele que pergunta.
Perguntou o Senhor a Abraão:
Por que se riu Sara, dizendo: É verdade que eu, que sou velha, darei à luz um filho? (Gn 18.13) Perguntou Balaque a Balaão: 
Porventura não te enviei diligentemente mensageiros a chamar-te? por que não vieste a mim? não posso eu, na verdade, honrar-te? (Nm 22.37)


Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? 
Eis que o céu, e até o céu dos céus, não te podem conter; quanto menos esta casa que edifiquei! (I Rs 8.27)


Mas, na verdade, habitará Deus com os homens na terra? 
Eis que o céu e o céu dos céus não te podem conter; quanto menos esta casa que tenho edificado! (II Cr 6.18)


Falais deveras o que é reto, vós os poderosos? Julgais retamente, ó filhos dos homens? Não, antes no coração forjais iniqüidade; sobre a terra fazeis pesar a violência das vossas mãos. (Sl 58.1,2)


O teólogo, porém não pode esquecer que a fé, em momento algum, tem como finalidade abolir a ciência. Muito pelo contrário, a teologia também pode ser vista como ciência. 
Ter fé não significa acreditar somente naquilo que a ciência não pode explicar. 
Ela a utiliza como base de sustentação.


Fonte:  Tione

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