.

.

1 de março de 2013

Pe. Lombardi: confirmado para 4 de março início das congregações gerais dos cardeais


- "O Santo Padre está sereno": foi o que disse nesta sexta-feira aos jornalistas, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, acrescentando que Bento XVI viu à noite, em Castel Gandolfo, como as emissoras de televisão mostraram a tarde de ontem, as últimas horas de seu Pontificado.

O sacerdote jesuíta confirmou que a primeira Congregação Geral dos cardeais foi convocada para segunda-feira, dia 4 de março, 9h30 locais. Excluiu que no mesmo dia se possa estabelecer a data de início do Conclave.

Bento XVI está bem e muito sereno: confirmou Pe. Lombardi, explicando ter falado por telefone com o secretário do Papa emérito, Dom Georg Gaenswein.
De fato, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé afirmou que à noite Bento XVI "acompanhou como as emissoras de televisão contaram as muitas emoções da tarde desta quinta-feira", e que "apreciou o bom trabalho e a boa informação". Mais tarde, após o jantar, fez um breve passeio pela residência apostólica. Em seguida, retirou-se para rezar antes de se recolher-se para o repouso:

"Nestes dias que se passaram o Papa tocava piano à noite, após o jantar – e assim o fez também semanas atrás. Creio poder dizer que este é um sinal de distensão e da serenidade de seu ânimo. Na noite desta quinta-feira seu secretário Dom Georg não o ouviu tocar piano, mas acredita que nos próximos dias volte a tocar", frisou Pe. Lombardi.

O religioso jesuíta destacou que o Papa emérito transcorrerá esta sexta-feira rezando, lendo as muitas mensagens que chegaram para ele e fará o habitual passeio pelos jardins, acrescentando que Bento XVI levou consigo alguns livros, entre os quais "A estética teológica" de Hans Urs von Balthasar.
Efetivamente, depois confirmou a convocação para segunda-feira, 4 de março, na Sala nova do Sínodo, da primeira e segunda Congregação Geral dos cardeais. Os purpurados deverão estabelecer a data do Conclave:

"Não foi decidido e nem se deve esperar para segunda-feira a decisão sobre o dia de início do Conclave, porque os cardeais devem dar início a seus trabalhos, digamos, começar a fazer as suas reflexões, reuniões. Portanto, uma decisão do Colégio dos cardeais sobre o início do Conclave não é previsível para a primeira Congregação - pela manhã - e nem mesmo para a segunda – pela tarde."

"Neste período não haverá missas solenes, a não ser a missa pro eligendo Pontifice", evidenciou Pe. Lombardi. Em seguida foi mostrado, através de um vídeo realizado pelo Cento Televisivo Vaticano (CTV), o ocorrido às 20h locais no Vaticano: enquanto o fechamento do porta da residência apostólica de Castel Gandolfo, visivelmente, encerrava o Pontificado de Bento XVI, a Câmara Apostólica, conduzida pelo Camerlengo, o Cardeal Tarcisio Bertone, junto a seus colaboradores, fazia o fechamento, com lacres, do apartamento do Papa emérito.

"No início da sé vacante encontramo-nos como Câmara Apostólica. Cordialmente vos saúdo e, desde já, vos agradeço pela vossa presença e pela vossa colaboração", disse o Cardeal Bertone.
Foi sigilado também o elevador interno da residência apostólica vaticana, que o Papa usa para as audiências. E nesta sexta-feira, às 12h30 locais, foi também sigilado o apartamento pontifício da Residência de Latrão.

Por fim, foi também confirmado que já foram emitidos os selos da sé vacante e um carimbo concernente à renúncia de Bento XVI. Em relação às moedas será necessário esperar os tempos técnicos de cunhagem, previstos para daqui a "algumas semanas". (RL)


news.va

Sé Vacante: Cardeais recebem convocação para as congregações gerais


– A partir das 20h desta quinta-feira, teve início o período de Sé Vacante, em que o Colégio cardinalício assume a gestão de assuntos ordinários da Igreja, porém, sem qualquer poder ou jurisdição sobre questões que cabem ao Papa.

Neste primeiro dia de Sé Vacante, o Decano do Colégio Cardinalício, Card. Angelo Sodano, enviará a carta de convocação para as Congregações Gerais, que terão início na manhã de segunda-feira, 4 de março, às 9h30.

A segunda Congregação Geral se realizará na tarde desse mesmo dia, às 17h. Os cardeais brasileiros que já estão em Roma receberão a carta no Colégio Pio Brasileiro, onde estão hospedados – com exceção de Dom João Braz de Aviz, que reside no Vaticano.

Participarão das reuniões inclusive os purpurados com mais de 80 anos, e os encontros representam também uma ocasião para que os cardeais se conheçam pessoalmente. Nas congregações gerais será definida a data para o início do Conclave.

O órgão de governo da Igreja para esta fase é a Câmara Apostólica (o camerlengo, o seu vice e os auditores), que tem a função de “custodiar” os bens (espirituais e materiais) da Igreja.
Durante a Sé Vacante, deixam seus cargos o Secretário de Estado, os prefeitos das Congregações, os Presidentes dos Pontifícios Conselho e os membros de todos os dicastérios curiais.

Os únicos que permanecem em seu cargo são o Penitenciário-mor (o Cardeal português Manuel Monteiro de Castro), o Vigário para a Diocese de Roma (Card. Agostino Vallini), O Arcipreste da Basílica de S. Pedro (Card. Angelo Comastri) e o Esmoleiro (Mons. Guido Pozzo).

Permanecem ainda no cargo o Camerlengo (atualmente é o Card.Tarcisio Bertone), o Substituto da Secretaria de Estado (Mons. Angelo Giovanni Becciu), o Secretário das Relações com os Estados (Dom Dominique Mamberti) e os secretários dos Dicastérios vaticanos.

Também ficam confirmados no cargo os Núncios e os delegados apostólicos.
Com a renúncia de Bento XVI, a Igreja pela décima vez inicia o período de sé vacante por causas diversas que não a morte de um Pontífice.

Além disso, a tradição será respeitada: além dos selos, haverá moedas para a Sé Vacante: a emissão de uma moeda de dois euros e uma moeda de prata de cinco euros.
A cunhagem é feita com o símbolo do Cardeal camerlengo.

Fonte: news.va

Hoje, dia 1, temos "Sede Vacante".


 Bento XVI saudou ontem os cidadãos de Castel Gandolfo e os muitos peregrinos presentes


Hoje dia 1 de Março temos "Sede Vacante". O Cardeal Angelo Sodano, Decano dos Cardeais deverá convocar em breve as Congregações Gerais dos Cardeais. Provavelmente, tais reuniões serão convocadas para se iniciarem a partir de segunda-feira dia 4. No âmbito destas reuniões os Cardeais estabelecerão a data de início do Conclave.
Ontem ao final da tarde todas as atenções voltaram-se para o Vaticano e para Bento XVI. Foi pouco depois das 17 horas que partiu do heliporto vaticano para Castelgandolfo.

O helicóptero transportando Bento XVI aterrou em Castelgandolgo às 17.24h, tendo sido acolhido pelo Cardeal Joseph Bertello, Presidente do Governatorato do Vaticano, por Dom Marcello Semeraro, bispo de Albano e ainda pela Presidente da Câmara e pelo Pároco de Castel Gandolfo. Pelas 17.50, o Papa assomou à varanda central do Palácio de Castelgandolfo para "o último acto público", saudando a população local, que o aplaudiu entusiasticamente. Bento XVI improvisou algumas palavras de agradecimento, declarando ter vindo agora na qualidade de "peregrino" que empreende a última fase da sua peregrinação terrena. Estas as suas palavras:
"Obrigado! Obrigado de coração.

Caros amigos, estou feliz por estar convosco, circundado pela beleza do criado e pela vossa simpatia que me faz muito bem, obrigado pela vossa amizade, pelo vosso afecto.
Sabeis que este meu dia é diferente dos precedentes, já não sou Sumo Pontífice da Igreja Católica, até às 8 horas da noite sou ainda, depois não. Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra. Mas gostaria ainda, de trabalhar, com o meu coração, com o meu amor, com a minha oração, com a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, para o bem comum e o bem da Igreja, da humanidade. E sinto-me muito apoiado pela vossa simpatia. Vamos para a frente juntos com o Senhor para o bem da Igreja e do mundo.
Obrigado.

Abençoo-vos de todo o coração.
Seja bendito Deus omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo.
Obrigado, boa noite

Obrigado a todos vós.

Às 20 horas, ao iniciar a Sede Vacante, a Guarda Suíça cessou o serviço em Castel Gandolfo. Concluiu-se, assim, oficialmente, o ministério de Bento XVI como Papa.

Carta Apostólica dada "Motu Proprio" sobre algumas modificações relativas à eleição do Romano Pontífice (22 de fevereiro de 2013)


CARTA APOSTÓLICA
DADA MOTU PROPRIO
NORMAS NONNULLAS
DO SUMO PONTÍFICE 
PAPA BENTO XVI
SOBRE ALGUMAS MODIFICAÇÕES 
DAS NORMAS RELATIVAS À ELEIÇÃO DO ROMANO PONTÍFICE

Pela Carta Apostólica De aliquibus mutationibus in normis de electione Romani Pontificis, dada Motu Proprio em Roma no dia 11 de Junho de 2007, no terceiro ano do meu Pontificado, estabeleci algumas normas que, ab-rogando aquelas prescritas no número 75 da Constituição apostólica Universi Dominici gregis promulgada no dia 22 de Fevereiro de 1996 pelo meu Predecessor o Beato João Paulo II, restabeleceram a norma, sancionada pela tradição, segundo a qual, para a eleição válida do Romano Pontífice, é sempre exigida a maioria dos dois terços de votos dos Cardeais eleitores presentes.
Considerando a importância de assegurar a melhor realização de quanto concerne, embora com desigual relevância, à eleição do Romano Pontífice, em particular uma interpretação e actuação mais seguras de algumas disposições, estabeleço e determino que algumas normas da Constituição apostólica Universi Dominici gregis e aquilo que eu mesmo dispus na mencionada Carta apostólica sejam substituídas pelas normas seguintes:

Nº 35. «Nenhum Cardeal eleitor poderá ser excluído da eleição, quer activa quer passiva, por nenhum motivo ou pretexto, mantendo-se, porém, quanto está estabelecido nos nnos 40 e 75 desta Constituição».

Nº 37. «Determino, ainda, que, desde o momento em que a Sé Apostólica ficar legitimamente vacante, se esperem, durante quinze dias completos, pelos ausentes antes de iniciar o Conclave; deixo, ademais, ao Colégio dos Cardeais a faculdade de antecipar o início do Conclave se constar a presença de todos os Cardeais eleitores, bem como a faculdade de adiar, se houver motivos graves, o início da eleição por mais alguns dias. Transcorridos porém, no máximo, vinte dias desde o início da Sé vacante, todos os Cardeais eleitores presentes são obrigados a proceder à eleição».

Nº 43. «Desde o momento em que foi disposto o início das operações da eleição até ao anúncio público da eleição concretizada do Sumo Pontífice, ou, de qualquer modo, até quando assim tiver determinado o novo Pontífice, os espaços da Domus Sanctae Marthae, bem como, e de modo especial, a Capela Sistina e os lugares destinados às celebrações litúrgicas, deverão, sob a autoridade do Cardeal Camerlengo e com a colaboração externa do Vice-Camerlengo e do Substituto da Secretaria de Estado, ser fechados às pessoas não autorizadas, conforme se estabelece nos números seguintes.
Todo o território da Cidade do Vaticano e ainda a actividade ordinária das Repartições, que têm a sede dentro do mesmo, deverão ser regulados, durante o referido período, de modo que fiquem assegurados a reserva e o livre exercício de todas as operações conexas com a eleição do Sumo Pontífice. De forma particular, dever-se-á tomar providências, inclusive com a ajuda dos Prelados Clérigos de Câmara, para que os Cardeais eleitores não sejam abordados por ninguém durante o percurso da Domus Sanctae Marthae ao Palácio Apostólico do Vaticano».

Nº 46 (1º parágrafo). «Para acudirem às exigências pessoais e de serviço, conexas com a realização da eleição, deverão estar disponíveis, e, consequentemente, alojados em lugares convenientes dentro dos confins apontados no nº 43 da presente Constituição, o Secretário do Colégio Cardinalício, que desempenha as funções de Secretário da assembleia eleitoral; o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, com oito Cerimoniários e dois Religiosos adscritos à Sacristia Pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo Cardeal Decano ou pelo Cardeal que o substitua, para lhe servir de assistente».

Nº 47. «Todas as pessoas elencadas no nn.os 46 e 55 (2º parágrafo) da presente Constituição apostólica, que, por qualquer motivo e a qualquer momento, chegassem a ter conhecimento, por quem quer que fosse, daquilo que, directa ou indirectamente, concerne aos actos próprios da eleição e, de modo especial, de algo atinente aos próprios escrutínios havidos para a eleição, estão obrigadas a guardar estrito segredo com qualquer pessoa estranha ao Colégio dos Cardeais eleitores; com tal objectivo, antes do início das operações para a eleição, deverão prestar juramento segundo as modalidades e a fórmula indicadas no número seguinte».

Nº 48. «As pessoas apontadas nos nn.os 46 e 55 (2º parágrafo) da presente Constituição, devidamente advertidas sobre o significado e a extensão do juramento a prestar, antes do início das operações para a eleição, perante o Cardeal Camerlengo ou outro Cardeal por ele delegado, na presença de dois Protonotários Apostólicos de Número Participantes, deverão no tempo devido pronunciar e assinar o juramento segundo a fórmula seguinte:

Eu, N. N., prometo e juro observar o segredo absoluto com toda a pessoa que não fizer parte do Colégio dos Cardeais eleitores, e isto perpetuamente, a não ser que receba especial faculdade dada expressamente pelo novo Pontífice eleito ou pelos seus sucessores, acerca de tudo aquilo que concerne directa ou indirectamente às votações e aos escrutínios para a eleição do Sumo Pontífice.
De igual modo, prometo e juro de me abster de fazer uso de qualquer instrumento de gravação, de audição, ou de visão daquilo que, durante o período da eleição, se realizar dentro dos confins da Cidade do Vaticano, e particularmente de quanto, directa ou indirectamente, tiver a ver, de qualquer modo, com as operações ligadas à própria eleição.
Declaro proferir este juramento, consciente de que uma infracção ao mesmo comportará para a minha pessoa a pena da excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica.
Assim Deus me ajude e estes Santos Evangelhos, que toco com a minha mão».

Nº 49. «Celebradas, segundo os ritos prescritos, as exéquias do Pontífice falecido, e preparado tudo aquilo que é necessário para o regular exercício da eleição, no dia estabelecido, nos termos do nº 37 da presente Constituição, para o início do Conclave, todos os Cardeais reunir-se-ão na Basílica de S. Pedro no Vaticano, ou noutro sítio segundo a oportunidade e as necessidades do tempo e do lugar, para tomarem parte numa solene celebração eucarística com a Missa votiva pro eligendo Papa . Isto dever-se-á realizar, se possível, em hora conveniente da parte da manhã, de modo que, na parte da tarde, se possa realizar o que está prescrito nos números seguintes da presente Constituição».

Nº 50. «Saindo da Capela Paulina no Palácio Apostólico, onde se congregarão em hora conveniente da parte da tarde, os Cardeais eleitores com vestes corais dirigir-se-ão, em procissão solene e invocando com o cântico do Veni Creator a assistência do Espírito Santo, para a Capela Sistina do Palácio Apostólico, lugar e sede da realização da eleição. Participarão na procissão o Vice-Camerlengo, o Auditor Geral da Câmara Apostólica e dois membros de cada um dos Colégios dos Protonotários Apostólicos de Número Participantes, dos Prelados Auditores da Rota Romana e dos Prelados Clérigos de Câmara».

Nº 51 (2º parágrafo). «Por isso, será preocupação do Colégio Cardinalício, actuando sob a autoridade e responsabilidade do Camerlengo coadjuvado pela Congregação particular, como se diz no nº 7 da presente Constituição, que, no interior da referida Capela e dos lugares adjacentes, tudo seja previamente disposto, também com a ajuda do Vice-Camerlengo e do Substituto da Secretaria de Estado pelo que diz respeito ao exterior, de forma que sejam tuteladas a regular eleição e a reserva da mesma».

Nº 55 (3º parágrafo). «Se for realizada qualquer infracção contra esta norma, saibam os seus autores que incorrerão na pena da excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica».

Nº 62. «Abolidos os modos de eleição designados per acclamationem seu inspirationem e per compromissum, doravante a forma de eleição do Romano Pontífice será unicamente per scrutinium.
Estabeleço, portanto, que, para a eleição válida do Romano Pontífice, se requerem pelo menos dois terços dos sufrágios, calculados com base nos eleitores presentes e votantes».

Nº 64. «O processo do escrutínio desenrola-se em três fases, a primeira das quais – que se pode chamar pré-escrutínio – compreende:

1) a preparação e a distribuição das fichas pelos Cerimoniários, – entretanto chamados para dentro do lugar da eleição juntamente com o Secretário do Colégio dos Cardeais e com o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias – que entregarão ao menos duas ou três a cada um dos Cardeais eleitores;
2) a extracção à sorte entre todos os Cardeais eleitores de três Escrutinadores, três encarregados de ir recolher os votos dos doentes – aqui designados por razões de brevidade Infirmarii – e três Revisores; esse sorteio é feito em público pelo último Cardeal Diácono, o qual extrairá sucessivamente os nove nomes daqueles que deverão desempenhar tais funções;
3) se, na extracção dos Escrutinadores, Infirmarii e Revisores, saírem nomes de Cardeais eleitores que, por doença ou outro motivo, se achem impedidos de desempenhar tais funções, sejam extraídos para o seu lugar os nomes de outros não impedidos. Os primeiros três extraídos farão o papel de Escrutinadores, os três seguintes de Infirmarii, e os outros três de Revisores».

Nº 70 (2º parágrafo). «Os Escrutinadores fazem a soma de todos os votos que cada um obteve, e se ninguém tiver conseguido pelo menos dois terços dos votos nessa votação, o Papa não foi eleito; se, pelo contrário, resultar que alguém obteve pelo menos os dois terços, verificou-se a eleição do Romano Pontífice canonicamente válida».

Nº 75. «Se as votações de que se fala nos nn.os 72, 73 e 74 da mencionada Constituição não tiverem êxito, seja dedicado um dia à oração, à reflexão e ao diálogo; nas votações sucessivas, observada a ordem estabelecida no nº 74 da mesma Constituição, terão voz passiva apenas os dois nomes que no escrutínio anterior tiverem obtido o maior número de votos; mas não se poderá renunciar à exigência de que para a eleição válida, também nestes escrutínios, se requer a maioria qualificada de pelo menos dois terços de sufrágios dos Cardeais presentes e votantes. Nestas votações, os dois nomes que têm voz passiva não têm voz activa».

Nº 87. «Uma vez efectuada canonicamente a eleição, o último dos Cardeais Diáconos chama para dentro do local da eleição o Secretário do Colégio dos Cardeais, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e dois Cerimoniários; em seguida, o Cardeal Decano, ou o primeiro dos Cardeais segundo a ordem e os anos de cardinalato, em nome de todo o Colégio dos eleitores, pede o consenso do eleito com as seguintes palavras: Aceitas a tua eleição canónica para Sumo Pontífice? E, uma vez recebido o consenso, pergunta-lhe: Como queres ser chamado? Então o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, na função de Notário e tendo por testemunhas dois Cerimoniários, redige um documento com a aceitação do novo Pontífice e o nome por ele assumido».

Este documento entrará em vigor imediatamente depois da sua publicação no jornal L'Osservatore Romano.
Decido e estabeleço isto, não obstante qualquer disposição em contrário.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 22 do mês de Fevereiro de 2013, oitavo ano do meu Pontificado.


BENEDICTUS PP. XVI

Não é um abandono

 Devemos crer na sinceridade total do Papa, quando diz que «não é um abandono», afirmou o cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, respondendo a uma entrevista de Fabrizio Ferragni, transmitida pelo tg 1 às 20 horas de terça-feira 26 de Fevereiro. «Na entrevista a Peter Seewald — recordou o purpurado

— o Papa tinha dito:

“A Igreja pode atravessar momentos muito difíceis, momentos de grande dificuldade; o  Papa não abandona a barca de Pedro mas,  quando sente que faltam forças e num momento de ponderação diante de Deus e também perante a própria Igreja, pode decidir renunciar ao ministério petrino”; e assim fez.

E parece-me que nas motivações por ele expressas se intui que ele sente as forças diminuírem. E repetiu-me isto também nestes dias». Depois, esclareceu que o Pontífice sentiu o dever de dar este passo  «especialmente pensando nas viagens, na responsabilidade da Igreja universal». Todavia, fê-lo «sem fugir das responsabilidades e sem abandonar a Igreja».

O cardeal Walter Kasper, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, numa entrevista concedida a Raffaele Luise e transmitida durante o noticiário radiofónico da primeira rede da Rai às 8 horas da manhã de hoje, quarta-feira 27, referiu-se ao momento actual da Igreja e disse que «o desafio principal hoje é a transmissão da fé.

Devemos completar a percepção do Concílio Vaticano II; ainda não cumprimos esta tarefa.
Além disso, é muito importante realizar plenamente a colegialidade».

E ainda a propósito do futuro, afirmou que há necessidade de «uma Igreja modesta, não auto-referencial, talvez não pobre, mas modesta e também humilde».


2013-02-28 L’Osservatore Romano

A Igreja desperta nas almas


Na manhã de quinta-feira 28 de Fevereiro, último dia do seu pontificado, Bento XVI quis encontrar-se  na Sala Clementina com os cardeais presentes em Roma para  uma saudação de despedida. Eis as suas palavras.

Venerados e queridos Irmãos!

 É com  grande alegria que vos recebo e ofereço a cada um de vós a minha saudação mais cordial. Agradeço ao cardeal Angelo Sodano que, como sempre, soube fazer-se intérprete dos sentimentos do Colégio inteiro: Cor ad cor loquitur. Obrigado de coração,  Eminência. E gostaria de dizer – retomando a referência da experiência dos discípulos de Emaús – que também para mim foi uma alegria caminhar convosco ao longo destes  anos, na luz da presença do Senhor ressuscitado.

Como disse ontem diante dos milhares de fiéis que encheram a Praça de São Pedro, a vossa proximidade e o vosso conselho  foram para mim de grande ajuda no meu ministério. Nestes oito anos, vivemos com fé momentos muito agradáveis de luz radiosa no caminho da Igreja, juntamente com momentos nos quais algumas nuvens se adensaram no céu. Procurámos servir Cristo e a sua Igreja com amor profundo e total, que é a alma do nosso ministério. Demos esperança, a que vem de Cristo, que só pode iluminar o caminho. Juntos podemos dar graças ao Senhor que nos fez crescer na comunhão, e juntos pedir-lhe  para que vos ajude a crescer ainda nesta unidade profunda, de modo que o Colégio dos Cardeais seja como uma orquestra, onde as diversidades – expressão da Igreja universal  –  concorram  sempre para a harmonia superior e concorde.

Gostaria de vos deixar um pensamento simples, que me está muito a peito: um pensamento sobre a Igreja, sobre o seu mistério, que constitui para todos nós – podemos dizer – a razão e a paixão da vida. Deixo-me ajudar por uma expressão de Romano Guardini, escrita precisamente no ano em que os Padres do Concílio Vaticano II aprovavam a Constituição Lumen gentium, no seu último livro, com uma dedicatória pessoal também para mim; portanto as palavras deste livro são-me particularmente queridas. Diz Guardini: A Igreja «não é uma instituição pensada e construída sob um projecto.... mas uma realidade viva... Ela vive ao longo do tempo, no futuro, como todos os seres vivos, transformando-se... E no entanto na sua natureza permanece sempre a mesma, e o seu coração é Cristo». Foi a nossa experiência, ontem, parece-me, na Praça: ver que a Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e vive realmente pela força de Deus. Ela está no mundo, mas não é do mundo: é de Deus, de Cristo, do Espírito. Vimos isto  ontem. Por isso é verdadeira e eloquente também outra famosa expressão de Guardini: «A Igreja desperta nas almas». A Igreja vive, cresce e desperta nas almas, que – como a Virgem Maria – acolheram a Palavra de Deus e a conceberam por obra do Espírito Santo; oferecem a Deus a própria carne  e, precisamente na sua pobreza e humildade, tornam-se capazes de gerar Cristo hoje no mundo. Através da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece para sempre presente. Cristo continua a caminhar através dos tempos e em todos os lugares.

Permaneçamos unidos, queridos Irmãos, neste Mistério: na oração, especialmente na Eucaristia quotidiana, e assim servimos a Igreja e a humanidade inteira. Esta é a nossa alegria, que ninguém nos pode tirar.
Antes de vos saudar pessoalmente, desejo dizer-vos que continuarei a estar convosco com a oração, especialmente nos  próximos dias, a fim de que sejais plenamente dóceis à acção do Espírito Santo na eleição do novo Papa. Que o Senhor vos mostre o que Ele quer. E entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência  incondicionadas. Portanto, com afecto e reconhecimento, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.

2013-02-28 L’Osservatore Romano

Porta fechadas: ato simbólico dá início à Sé vacante

Papa Bento XVI emociona milhares de fiéis em Castelgandolfo em discurso ...

Multidão de fiéis acompanham Papa Bento XVI partir de helicóptero para C...

Despedida do Papa Bento XVI no Vaticano 28/02/2013 (tradução Português)

Ratings and Recommendations by outbrain