Tendo nascido provavelmente por volta do ano 30 ou 35, Inácio já era ancião ao morrer. Em suas cartas aparecia intitulado como o "Portador de Deus", como era conhecido pela comunidade cristã primitiva. Séculos mais tarde, baseando-se em uma mudança no texto de suas cartas, começou a se falar de Inácio como o "Levado por Deus", surgindo assim a lenda segundo a qual Inácio teria sido o menino que o Senhor tomou e colocou no meio das pessoas que o rodeavam (Mt 18:2; Mc 9:36).
Como já foi dito acima, por volta do ano de 107 DC, Inácio foi preso. Era o nono ano do reinado de Trajano, e para comemorar a vitória sobre os dácios, Trajano instituiu um decreto onde todos, inclusive cristãos, deveriam se unir em um sacrifício para os deuses. A morte aguardava quem desobedecesse o decreto imperial. Inácio fez todo o possível para não cumprir o sacrifício ordenado, até que por fim foi acusado e preso. Nada se sabe sua prisão nem quem o acusou, sabe-se apenas o que o próprio Inácio dá a entender em suas cartas. Na carta aos fiéis de Filadélfia, Inácio fala de um cisma naquela igreja.
Alguns membros da comunidade se haviam separado do bispo porque consideravam necessário que se observasse o sábado. Estes deviam ter tentado disseminar a idéia em outras igrejas, pois Inácio fala também desta situação na carta aos fiéis de Magnésia. Combateu também aqueles que negavam ter Jesus Cristo realmente nascido, morrido e ressuscitado. Um trecho ("Carta aos de Magnésia", 8,12) estabelece um laço entre estas duas controvérsias. Provavelmente sua acusação perante os tribunais deve-se a estas disputas. Ou talvez o seu grande carisma tenha motivado algum pagão a acusá-lo. Em todo caso, ele foi detido, e condenado a morrer em Roma.
A caminho de Roma, atravessou a Ásia Menor, com uma parada em Filadélfia da Frígia, chegando a Esmirna, cujo bispo era, na ocasião, Policarpo, e ali passou algum tempo. À sua passagem, vários cristãos da região vieram vê-lo. Inácio podia recebê-los e conversar com eles por algum tempo. Tinha também um amanuense, também cristão, que escrevia as cartas que ele ditava. Tudo isto se compreende se tomamos em conta que nessa época não existia uma perseguição geral contra todos os cristãos em todo o Império, mas só era condenado aqueles que fossem acusados por alguém, conforme um decreto de Trajano. Assim em Esmirna, recebeu a visita dos bispos de Éfeso, de Trales e de Magnésia, aos quais entregou uma carta para suas respectivas igrejas. Escreveu também aos romanos para anunciar-lhes sua próxima chegada.
Dali se dirigiu para o norte, para Trôade. Foi ali que ele escreveu para Filadélfia, Esmirna e a Policarpo pessoalmente. Sabe-se que dali foi conduzido para Filipos, na Macedônia, porque alguns cristãos desta cidade escreveram a Policarpo, mencionando sua passagem. Não se sabe se de fato chegou a Roma. Policarpo respondendo aos filipenses, supõe que tenha morrido mártir ("Carta aos filipenses" 9,2) sem no entanto estar certo (13,2).
Escritos
A Inácio são atribuídas sete cartas:
- Aos Efésios
- Aos de Magnésia
- Aos de Trales
- Aos Romanos
- Aos de Filadélfia
- Aos de Esmirna
- A Policarpo
Escrevendo a Policarpo, os filipenses pedem uma cópia das cartas de Inácio. Por causa de seu grande valor, este dossiê foi muito espalhado. Ireneu o conheceu (Contra Heresias, V, 28,4), também Orígenes (Hom. Lc. 6,4) e Eusébio (História Eclesiástica livro 3, capítulo 36) , que enumerou todas as partes que o compunham, citando trechos. Estas 7 cartas não são apenas citadas por Eusébio, mas também por Jerônimo (De viris illust., c. xvi).
Das compilações tardias das cartas de Inácio, a mais velha é conhecida como "compilação longa". Esta coleção cujo autor é desconhecido, data da última parte do quarto século. Ela contém sete das cartas genuínas e seis cartas espúrias. Se bem que as cartas genuínas foram interpoladas. Estas seis cartas são:
- A Maria de Cassobola
- Aos de Tarso
- Aos Filipenses
- Aos Antioquenos
- A Hero um diácono de Antioquia
- De Maria de Cassobola a Inácio
É extremamente provável que a interpolação das cartas genuínas, a adição dos seis livros e a união de tudo isto se deva ao trabalho de um apolinarista do Egito ou Síria.
Atualmente é difícil dizer que há um acordo sobre a autenticidade das 7 cartas de Inácio. No entanto, os melhores críticos da atualidade confirmam a autenticidade destas sete cartas, mencionadas por Eusébio. Talvez a maior evidêcia de sua autenticidade é a citação por parte de Policarpo, do nome de cada uma das 7 cartas. Também a citação da carta aos Romanos, por parte de Ireneu (Contra Heresias, V, 28, 4).
Além disto, Lúcio de Samosata demonstra não apenas conhecê-lo, mas usá-lo, como fica claro em seu romance, "De morte peregrini".
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