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19 de setembro de 2011

Onde está a verdadeira santidade?


O que é a verdade?" (Jo 18, 38) - perguntou Pilatos quando, embaraçado ante a integridade substancial do Salvador e abalado pela força de suas palavras, via-se instado a condená-Lo.

Essa interrogação do governador pagão surge, em certo momento da vida, na mente de todos os homens. Com efeito, o ser humano, na sua condição racional, busca a verdade instintiva e constantemente, e não terá a paz autêntica enquanto não a tiver encontrado.

Mas, se se pode dizer que, em certo sentido, a santidade é a verdade, logo brotará no espírito humano uma segunda indagação: Onde está a santidade?

A santidade é ter gravado dentro de si o conceito de que Deus é a Verdade. Não basta, porém, tomar tal princípio como um mero ditame da razão, que a inteligência aceita sem o menor movimento da vontade. Pois se eu não o abraçar com amor, em breve passarei a considerá-lo segundo os meus próprios critérios e inclinações, tisnados pelo pecado original.

Nosso Senhor veio ao mundo para destruir o pecado e ensinar aos homens o caminho da virtude, mostrando-lhes, por seu adorável exemplo, no que consiste a prática da santidade. Ela impõe, primeiramente, um relacionamento com Deus, enquanto Pai bondoso e misericordioso, mas, ao mesmo tempo, Senhor que quer ser respeitado e obedecido em razão dessa mesma Bondade e exigirá contas de todas as nossas ações.

Em segundo lugar, a santidade nos obriga a um relacionamento vigilante com nossa própria consciência, pondo de lado as veleidades do orgulho e os demais caprichos, a fim de conhecer os desígnios de Deus a nosso respeito, procurando a perfeição, conforme Ele mesmo preceituou: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5, 48).

A santidade deve traduzir-se também num terceiro grau de relacionamento, que diz respeito ao próximo. Nosso trato com os demais será, então, um contínuo intercâmbio de virtudes, buscando conduzir os outros rumo à perfeição, bem como utilizá-los como instrumentos para alcançar a própria santificação. Todo convívio humano precisa, pois, visar a santidade, sob pena de transformar-se num comércio de interesses e de egoísmos.

Por fim, a via da perfeição nos abre um quarto relacionamento, sintetizado por Nosso Senhor em seu mandato aos Apóstolos: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15). Com efeito, "toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus" (Rm 8, 19), e quem deseja a santidade deve usar das criaturas com esse fim, como um meio para chegar ao Criador.

Entretanto, se tão elevada é a vocação de um batizado, qual não será o dever daqueles que Deus escolhe, não apenas para segui-Lo, mas para serem seus ministros, "operários de sua messe" (cf. Mt 9, 38), mediadores entre Ele e o grande rebanho da Igreja?

Dado que, por sua missão e condição, o sacerdote está inteiramente consagrado ao serviço de Deus e do próximo, a ele cabe a obrigação urgente de abraçar a santidade e constituí-la como supremo objetivo e sentido da vida, para ser de fato "o sal da terra" (Mt 5, 13), edificando pelas obras, iluminando pela palavra, arrastando pelo exemplo...

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